O papel das fintechs no desenvolvimento sustentável

O Instituto ProPague participou de seminário internacional sobre o papel das fintechs na busca pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Soluções destinadas à capacitação e inclusão financeira de populações vulneráveis ganharam destaque, assim como a necessidade da cooperação entre agentes públicos e privados.
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Por Equipe ProPague
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As fintechs são empresas que empregam novas tecnologias para oferecer produtos e serviços financeiros utilizando principalmente os canais digitais. Com foco em solucionar problemas e melhorar a experiência do usuário, não é novidade que as fintechs têm um impacto positivo em melhorar o acesso a serviços financeiros, reduzir custos, gerar eficiência e competitividade no setor financeiro.

Conforme o tema dos critérios de sustentabilidade ambiental, social e governança (ESG) nas finanças ganha relevo, vale questionar como as fintechs especificamente podem contribuir para o desenvolvimento sustentável.

Esse foi o tema do seminário realizado pelo think tank suíço Foraus e o Think Tank Hub Geneva na terça, 26 de janeiro, e que contou com a participação de Carlos Ragazzo, professor da FGV e Presidente do Conselho Consultivo do Instituto ProPague.

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU

Os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU

Fintechs e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

As Nações Unidas definiram 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) para atingir até 2030. Com a introdução de tecnologias no setor financeiro, as fintechs contribuem diretamente para o Objetivo 9, “Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação”.

A criação de soluções digitais de fácil acesso e baixo custo é um caminho para incluir populações vulneráveis que, no momento, não têm acesso a serviços financeiros como contas, empréstimos e pagamentos digitais. Isto só é possível graças ao crescimento do uso de smartphones e a ampliação e barateamento das redes de dados móveis em países emergentes, como Brasil, Colômbia e Paquistão.

Capacitação e educação financeira para todos

Um exemplo de iniciativa de capacitação inclusiva é o LISTA, aplicativo voltado à educação financeira de pessoas de baixa renda. O app oferece conteúdos acessíveis e interativos e funciona tanto online quanto offline. O LISTA é uma iniciativa da Fundación Capital e já foi implementado em 12 países e capacitou mais de 400 mil usuários na América Latina.

Nelly Ramirez, vice-presidente da Fundación Capital, destacou que essa iniciativa contribui diretamente para a redução de desigualdades (Objetivo 10), ao promover a inclusão econômica e social de todas as pessoas, independente do seu gênero e classe social.

Contas digitais levam recursos para populações vulneráveis

Outro exemplo de fintech para a inclusão é a conta digital Roshan, criada pelo banco central paquistanês em parceria com bancos comerciais do país. A conta digital é utilizada por trabalhadores migrantes para enviar remessas do exterior para suas famílias de forma rápida e barata. As remessas internacionais representam quase 8% do PIB e são fonte de renda para muitas famílias em áreas rurais do Paquistão. 

Também foram mencionados dois casos de uso da tecnologia com a participação de fintechs para distribuição de auxílio emergencial em meio à crise do COVID-19. Usando tecnologia blockchain e mobile Money, o governo paquistanês conseguiu atingir 15 milhões de famílias, conforme reportou Abid Qaiyum Suleri, Diretor Executivo do Sustainable Development Policy Institute

Já no Brasil, o lançamento da conta digital Caixa Tem levou o auxílio emergencial a 68 milhões de pessoas, sendo que destas, 35 milhões nunca haviam tido uma conta bancária. Dessa forma, soluções financeiras digitais foram ferramentas essenciais para a redução da pobreza (Objetivo 1) e combate à fome (Objetivo 2).

| Não deixe de conferir nosso podcast: Cidadania Financeira: Capacidade e Educação Digital

Fintechs ajudam, mas não atingirão os objetivos sustentáveis sozinhas

Os painelistas destacaram que há uma série de desafios para garantir que a revolução fintech traga benefícios para o desenvolvimento socioeconômico sustentável.

Anna Stunzi, presidente do Foraus, destacou que nem sempre os objetivos das fintechs correspondem aos objetivos de desenvolvimento. “Atingir os ODSs é muito diferente de realizar a transformação digital, o que também é muito diferente de ganhar dinheiro fundando uma startup”, afirmou.

Segundo Ramirez, da Fundación Capital, é preciso fazer com que a tecnologia de fato alcance a população-alvo e não se restrinja àqueles que já estão inseridos no mundo digital. A experiência da Fundación Capital também mostrou que convencer o público do valor que as soluções oferecidas aportam pode ser uma tarefa difícil.

Além dos problemas práticos associados à implementação de soluções inclusivas, os países também precisam adaptar os regimes regulatórios para fomentar inovações tecnológicas que promovam os objetivos de desenvolvimento sustentável.

Fintechs podem ser catalisadoras, mas não irão atingir os objetivos de desenvolvimento sozinhas. A colaboração entre atores privados e o poder público e a cooperação internacional são importantes para compartilhar informações, transferir tecnologias e aprender a partir das experiências bem-sucedidas.

| Leia também: Open Banking e Demanda: Programas de Capacitação Financeira

| Como a tecnologia contribui na inclusão financeira? Confira aqui a entrevista com Guilherme Lichand

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