As 5 tendências globais em microcrédito no pós-pandemia

Fortalecer a resiliência das micro e pequenas empresas, especialmente as lideradas por mulheres, é a tendência nº 1 do microcrédito em 2021, de acordo com pesquisa internacional.
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Instituto Propague
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O microcrédito – empréstimo de pequenos valores para micro e pequenas empresas, formais ou informais – é uma alternativa para viabilizar o avanço produtivo da população de baixa renda.

Em um relatório lançado pelo think tank European Microfinance Platform (e-MFP), 125 organizações e consultores que atendem o setor de microcrédito em 39 países ranquearam as tendências mais importantes no mercado de microfinanças.

Além do impacto da pandemia, os resultados mostram uma variedade de desafios interconectados: digitalização, igualdade de gênero e a mudança climática.

“As áreas de foco ligadas ao digital, gênero e clima estão quase virando uma santíssima trindade.” brincou Antonique Koning, especialista do setor financeiro para a organização internacional CGAP. “Eu não acho que seja uma moda, é um reflexo do que é o mundo hoje”, completou.

Confira abaixo o resultado com as cinco principais tendências no mundo do microcrédito atualmente.

1 ) Fortalecer a resiliência econômica dos clientes

A sobrevivência dos pequenos negócios atendidos pelo microcrédito foi a principal tendência a ser perseguida pelo setor, segundo os agentes entrevistados pela e-MFP.

A esse respeito, a 10ª edição da pesquisa “O impacto da pandemia de Coronavírus nos Pequenos Negócios”, do Sebrae em parceria com a FGV, mostrou que 57% dos empresários brasileiros estão aflitos com o futuro das suas empresas, e 65% tiveram queda no faturamento anual em 2020.

A preocupação das instituições do microcrédito não vem apenas do reconhecimento da fragilidade dos clientes frente aos efeitos de meses de isolamento social e redução nos níveis de atividade econômica, mas também de outros processos ocorrendo em paralelo à pandemia: o impacto da digitalização sobre os microempreendedores e ameaças climáticas.

Para fortalecer a resiliência dos seus clientes, os agentes do microcrédito destacaram a necessidade de colocar as necessidades dos microempreendedores no centro do negócio, oferecendo outros serviços financeiros que formam uma rede de segurança para momentos de crise, como contas de poupança e seguros.

“O setor financeiro está se diversificando e se tornando mais complexo. Nesse cenário, nós precisamos manter o foco nas necessidades dos clientes, e mais precisamente as necessidades que esses clientes têm na economia real, para gerar renda e garantir o acesso a serviços essenciais”, afirmou Antonique Koning.

2) Apoiar o empoderamento feminino e a igualdade de gênero

Segundo Noémie Renier, da investidora Incofin Investment Management, a pandemia ameaça o progresso obtido em empoderamento feminino, potencialmente aumentando as desigualdades e colocando milhões de mulheres em risco de pobreza. “Há muito por fazer, em termos de prover o acesso adequado a serviços financeiros e não financeiros (como treinamentos, mentorias e networking)”, afirmou.

Na América Latina, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) estima que a pandemia tenha gerado um retrocesso de mais de uma década na participação das mulheres no mercado de trabalho, o que contribuiu para o novo total de 118 milhões de latino-americanas em situação de pobreza – 23 milhões a mais do que em 2019.

3) Expansão de inovações digitais em interfaces com clientes

A criação de inovações digitais para o lado dos clientes manteve a terceira posição no ranking das prioridades dos atores do microcrédito. Se os canais digitais já eram importantes em 2019, durante a pandemia eles se tornaram indispensáveis em vários setores e países.

Assim, o foco hoje é na digitalização para garantir a continuidade da oferta de serviços que, antes, eram ofertados no ambiente físico. Para acompanhar essa tendência, agentes destacam a importância da inclusão digital, para garantir que os clientes do microcrédito possam extrair os maiores benefícios da transformação digital.

4) Expandir o alcance do microcrédito às pessoas em situação de extrema pobreza

Segundo uma estimativa da Organização Internacional do Trabalho, mais de 100 milhões de trabalhadores entraram para as categorias de pobre ou muito pobre desde 2019, pelo efeito da crise associada à pandemia do coronavírus. São famílias que vivem com menos de 3,20 dólares por dia.

Dessa forma, os atores do setor de microcrédito passaram a atribuir maior relevância para a oferta de soluções para clientes muito pobres, que passou do oitavo para o quarto lugar no ranking.

5) Digitalização dos processos nas organizações de microcrédito

Além da digitalização dos canais de comunicação com os clientes, a digitalização das próprias instituições foi a quinta maior tendência identificada no microcrédito. Essa dimensão tinha ocupado o primeiro lugar em 2019.

A queda na lista de propriedades pode refletir o rápido processo de digitalização que as organizações voltadas para a oferta de microcrédito atravessaram nos últimos anos, de forma que, hoje, a transição para o digital não seja vista de forma tão urgente, embora permaneça relevante.

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