Blockchain na África com foco em pagamentos internacionais

A inovação em pagamentos digitais na África está evoluindo rapidamente, potencializando novos investimentos e parcerias. A expectativa é diminuir as fronteiras quando se trata de pagamentos domésticos e dentro do continente.
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Equipe Propague
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Não é novidade que a tecnologia blockchain está mudando a dinâmica do sistema financeiro. Na África, em especial, ela desponta para um futuro promissor. Desde realizar anualmente uma conferência com foco em criptografia, a Blockchain Africa Conference – em sua 9ª edição em 2023 -, ao desenvolvimento de uma moeda digital conjunta, o continente revela interesse crescente nessa nova indústria, visando impulsionar, dentre outros fins, os pagamentos internacionais em tempo real.

Números divulgados no início de 2022 apontam que existem mais de 50 empresas desenvolvendo projetos de blockchain na África, a maioria localizada na Nigéria e em Gana. A saber, isso é resultado de um aumento significativo nos investimentos em empresas e startups africanas realizados entre 2018 e 2021.

A expectativa, agora, é de que a quantidade de projetos cresça ainda mais, principalmente depois que a gigante de criptomoedas norte-americana, Ripple, anunciou no início de novembro de 2022, que forneceria sua solução de liquidez baseada em blockchain para a fintech panafricana MFS Africa. A iniciativa faz parte dos esforços de trazer os benefícios dos pagamentos habilitados em cripto para o continente.

Vale destacar que a solução On-Demand Liquidity (Liquidez sob demanda na tradução direta) da Ripple, que foi implantada por bancos e fintechs na Europa e no Oriente Médio para viabilizar pagamentos transfronteiriços, tem potencial significativo para as economias emergentes da África, onde a baixa liquidez da moeda pode criar desafios para transações internacionais eficientes.

Além disso, considerando a ampla presença da MFS Africa, a aplicação dessa arquitetura de pagamento é um marco no crescente fortalecimento da tecnologia blockchain na infraestrutura financeira global. Principalmente porque a MSF Africa criou uma rede única de transferência interoperável que conecta mais de 400 milhões de carteiras móveis em todo o território africano, envolvendo 35 países.

Dinheiro móvel, pagamentos digitais e investimentos em blockchain

De fato, a inovação em pagamentos digitais na África está evoluindo rapidamente, potencializando novos investimentos e parcerias. Hoje, a região possui uma população em rápido crescimento – que deve atingir 1,7 bilhão até 2030 – e a adoção de pagamentos digitais no continente está entre as mais rápidas do mundo.

Segundo a GSMA, entidade global que representa as operadoras móveis, a África é responsável por 70% do valor mundial de dinheiro móvel, estimado em US$ 1 trilhão. Em 2021, o montante das transações atingiu US$ 701,4 bilhões no continente, um aumento de 39% em relação ao ano anterior.

O que justifica, pontua Dare Okoudjou, CEO da MFS Africa, os planos da empresa de aumentar o uso da tecnologia blockchain na África para pagamentos digitais. “A parceria Ripple-MFS Africa representa um primeiro passo confiante, importante e ousado para nossa estratégia cripto de alavancar tecnologias blockchain para ampliar nosso impacto sobre consumidores e empresas no continente”, disse em comunicado à imprensa.

Ainda de acordo com ele, a proposta é tornar as fronteiras menos importantes quando se trata de pagamentos dentro da África ou que tenham como origem/destino a região.

Além disso, Okoudjou destaca que o atual momento também representa uma oportunidade para todos os provedores de serviços de dinheiro móvel no continente começarem a implementar sistemas de pagamento baseados em blockchain.

Ecossistema diversificado

Em meio às formas pensadas de como a blockchain pode contribuir para o ecossistema de dinheiro móvel, soluções baseadas em diferentes cadeias já foram propostas tanto na África como fora do continente.

Por exemplo, os pesquisadores da Universidade da Zâmbia (UNZA) projetaram um protótipo de compensação e liquidação que permite a interoperabilidade entre redes de pagamento de dinheiro móvel com base em um sistema de registro distribuído. Para isso usaram o HyperLedger Fabric, uma estrutura agnóstica de token que sustenta a plataforma blockchain da IBM e é apoiada por vários bancos importantes internacionalmente.

Enquanto isso, pesquisadores no Reino Unido e na França levantaram hipóteses de soluções baseadas na rede Ethereum.

E mais: assim como vários bancos globais agora interagem com Ripple, HyperLedger e Ethereum, um paradigma de cadeia cruzada sobreposto também pode surgir à medida que várias partes interessadas no espaço de dinheiro móvel da África adotem a blockchain.

Mas, independentemente das redes e protocolos específicos usados, as vantagens da tecnologia blockchain para o ecossistema de dinheiro móvel são as mesmas que ajudaram a colocar a tecnologia na vanguarda da inovação no setor bancário.

Tanto que, apontam alguns especialistas, com tantas partes interessadas interagindo com sistemas de pagamento interligados complexos, livros contábeis imutáveis e mutuamente verificáveis, é possível criar o tipo de transparência e confiança necessária para construir uma interoperabilidade de dinheiro móvel transfronteiriça mais forte na região.

 

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