Blockchain: potencialidades econômicas para além das criptomoedas

Saiba como essa tecnologia vem encontrando espaço em outros setores econômicos, alcançando áreas estratégicas como sustentabilidade e finanças públicas e sendo considerada uma das principais tendências da atualidade.
Blockchain: potencialidades econômicas para além das criptomoedas
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Equipe Propague
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Desde que as criptomoedas ganharam popularidade, a tecnologia blockchain, ambiente em que elas são ancoradas, também passou a se destacar no setor financeiro. A saber, logo uma série de aplicações baseadas nessa tecnologia começaram a ser desenvolvidas, sendo capazes de gerar impactos substanciais traduzidos em produtos e serviços inovadores. Tanto que ela ultrapassou fronteiras e, hoje, além de cripto, a blockchain vem ocupando espaço em outros setores da economia como uma das principais apostas para os próximos anos.

Na Ásia, por exemplo, onde vêm emergindo importantes hubs financeiros com foco em ativos criptográficos, infraestrutura e tecnologia financeira, a blockchain, ao permitir o registro, rastreamento e verificação de interações e operações de forma descentralizada, vem sendo pesquisada para aplicação em setores além do financeiro, como identidade digital, garantia de propriedade de dados e até mesmo na saúde.

Adicionalmente, do lado de cá do globo, outros estudos também apontam sua aplicabilidade em áreas constantemente debatidas na atualidade. Um deles enxerga a blockchain como solução a fim de conferir mais transparência e eficácia às práticas ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança). Dessa forma, contribuindo para diminuir os efeitos das mudanças climáticas.

Há também um relatório assinado pela EY, publicado pelo OMFIF, afirmando que a tecnologia digital pode melhorar a gestão das finanças públicas e fundos, desbloqueando um volume significativo de recursos para governos, cidadãos e comunidades de forma mais produtiva.

Blockchain aplicada às práticas ESG

Com relação às práticas ESG, um artigo assinado por Arie Halpern, economista e empreendedor voltado para inovações, destaca um levantamento da plataforma Future Thinkers, apontando algumas áreas de negócios onde a blockchain pode ser usada para impactar positivamente a sustentabilidade.

Uma dessas áreas é a gestão da cadeia de suprimentos. Conforme disse, através da blockchain daria para rastrear os produtos desde a fabricação até a prateleira. Desse modo, a tecnologia poderia contribuir para evitar desperdícios, ineficiências, fraudes e até práticas antiéticas, dando mais transparência ao processo. Além disso, ao viabilizar mais informações sobre cada mercadoria, poderia ajudar os consumidores a fazerem escolhas mais sustentáveis.

Outra aplicação promissora seria na promoção da reciclagem de resíduos sólidos. Nesse aspecto, com a blockchain seria possível gerar uma recompensa financeira, na forma de tokens criptográficos, em troca da reciclagem de embalagens plásticas, latas e garrafas. Ademais, esse método forneceria dados mais confiáveis sobre volume, custos e geração de receita possibilitando avaliar o impacto.

Mais uma alternativa envolveria, por exemplo, as redes elétricas, onde a blockchain poderia descentralizar os sistemas, diminuindo a distância entre a transmissão e distribuição. Como resultado, reduziria perdas ao longo desse trajeto.

Há ainda sua aplicação no acompanhamento de tratados ambientais, dando transparência às informações relativas às práticas ESG ao prevenir fraudes.

Igualmente, a blockchain se aplicaria ao rastreamento de contribuições para organizações sem fins lucrativos, de modo a assegurar que os recursos sejam dedicados aos propósitos para os quais foram arrecadados.

Além disso, completa Halpern, a blockchain poderia ser utilizada para rastrear a pegada de carbono dos produtos. Desse modo, serviria para calcular tributos pela geração de gases de efeito estufa. Por conseguinte, as mercadorias que geram muitos gases na fabricação arcariam com um custo extra, tornando-se mais caras e incentivando o consumo de produtos mais sustentáveis.

Eficiência nas finanças públicas

Ainda dentro do que a blockchain pode oferecer à economia além de cripto, um relatório publicado pelo OMFIF, encomendado pela EY e conduzido pelo Prysm Group, avaliou as economias potenciais que poderiam ser alcançadas com a implementação de um sistema aprimorado de gestão de finanças públicas valendo-se do registro, rastreamento e verificação de transações de forma descentralizada.

Para os autores, a pesquisa fornece evidências convincentes de que investir em melhorias digitais nos sistemas de gestão das finanças públicas não só será recuperado rapidamente, mas também gerará retornos impressionantes, tanto no aumento do produto interno bruto quanto nos resultados sociais.

Isso porque, explicam, existem ineficiências no sistema atual e benefícios em eliminá-las. Na avaliação desses especialistas, um sistema bem concebido contribuiria para evitar pagamentos errados e reduzir os custos administrativos. E mesmo além desses benefícios substanciais, emendam, uma supervisão aprimorada sobre o uso dos fundos pode revelar oportunidades de economia que não são óbvias na ausência de transparência. “A supervisão eficaz fornecerá novos insights para a formulação de políticas e estratégias de gastos”, concluem.

Nesse sentido, esclarece Mark MacDonald, líder global de gestão de finanças da EY, a blockchain ainda pode dar como resposta a redução do esforço administrativo associado a reconciliações financeiras, rastreamento e relatórios. Ao mesmo tempo, termos comerciais ou regras de elegibilidade e conformidade poderiam ser incorporados ao sistema para automatizar os controles de transações através de contratos inteligentes.  Consequentemente, o rastreamento e a geração de relatórios automatizados poderiam reduzir significativamente o custo de interação dos parceiros com o governo.

Ademais, o executivo reforça o fato dessa abordagem usar a tecnologia de registro distribuída, tornando cada registro de transação imutável, compartilhado e verificável, reduzindo assim o escopo de fraude e abuso e melhorando a confiança entre os parceiros no ecossistema.

 

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