Futuro das CBDCs: foco em consumidores e empresas

Além dos usuários no centro das discussões, quesitos como funcionalidade, confiança e colaboração entre os setores público e privado serão essenciais para uma adoção bem-sucedida para as moedas digitais de banco central.
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Equipe Propague
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À medida que as discussões e os esforços para a emissão de moedas digitais de banco central – mais conhecidas como CBDCs, na sigla em inglês -, avançam em todo o mundo, as autoridades monetárias têm como dever garantir uma adoção pública bem-sucedida. “Nesse sentido, consumidores e empresas precisam estar à frente e no centro das discussões”. É o que defende Wolfram Seidemann, CEO da G+D Currency Technology, desenvolvedora global de soluções para pagamento e comunicação, ao abordar o futuro das CBDCs.

Em artigo publicado pelo OMFIF (sigla em inglês para Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras, em português), o executivo argumenta que, “como a própria moeda digital, as medidas e a estratégia de adoção precisam ser adaptadas para atender os requisitos de um país individual, bem como as expectativas e preocupações dos consumidores e empresas locais”. “Isto é ainda mais importante, pois a economia digital traz novos casos de uso e ganhos de eficiência com a adoção da CBDC”, afirma.

Ainda de acordo com ele, da mesma forma que os bancos centrais são guiados pelo interesse público, não pelo lucro, as CBDCs têm o poder de permitir que os usuários participem da economia digital independentemente dos emissores. “Uma CBDC só pode garantir isso se seu design seguir princípios rígidos de privacidade e uma abordagem de compartilhamento de poder entre governo, empresas e consumidores”, expõe Seidemann, seguindo sua linha de raciocínio sobre o futuro das CBDCs.

“Enquanto a infraestrutura e a confiança na moeda são guardadas pelo banco central, inovação, novos produtos e serviços, bem como interfaces de consumo, são desenvolvidos pelo mercado”, complementa o especialista.

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Funcionalidade e confiança serão essenciais

Em seu artigo, Seidemann defende também que para ser amplamente aceita, uma moeda precisa ser universal. Além disso, “ela precisa de um propósito geral, ao mesmo tempo em que é totalmente funcional em infraestruturas e modelos de negócios existentes e futuros”.

Argumenta que as pessoas e empresas precisam de diversas funcionalidades para usar moedas digitais em cenários variados, desde pagamentos P2P offline até transações automatizadas de máquina a máquina. A opção digital inovadora precisa ser inclusiva para todos os casos de uso, ao mesmo tempo em que evoca a confiança no valor do dinheiro entre as pessoas.

Com esse propósito, ele afirma ser responsabilidade dos bancos centrais garantir essa confiança e o fornecimento de uma infraestrutura segura para os recursos, além de funções e mecanismos do programa dos provedores de serviços financeiros externos à moeda, permitindo novos processos e promovendo a inovação e inclusão digital e financeira completa.

Colaboração garantirá futuro das CBDCs

Na avaliação do especialista, uma maior colaboração entre os setores público e privado, com o intuito de oferecer a melhor experiências possível aos usuários e garantir a interoperabilidade, é outra necessidade que deverá moldar o futuro das CBDCs.

Conforme disse, “embora os bancos centrais tenham que garantir que a infraestrutura certa esteja instalada para emitir CBDCs, bancos comerciais e fintechs assumirão um papel mais operacional e voltado para o consumidor”. Desse modo, são suas percepções sobre as demandas e comportamentos do usuário que serão os fatores de sucesso para adoção, sendo cruciais para adaptar CBDCs às necessidades de países individuais.

Seidemann argumenta ainda que as CBDCs podem oferecer uma série de benefícios para empresas e consumidores e revolucionar a relação das pessoas com a economia digital. Além disso, ele acredita que o ano de 2022 será definido por um maior progresso na formação das condições e regras para o futuro das CBDC, impulsionando a inovação digital e ampliando a inclusão financeira em escala global.

Até porque, lembra, mais de 100 bancos centrais realizam estudos ou projetos-piloto de moedas digitais a fim de promover a inclusão financeira e aumentar as economias digitais no momento.

“Em 2022, as iniciativas de dinheiro digital continuarão em ritmo acelerado, tornando-o o ano mais importante para o desenvolvimento e progresso das CBDCs em todo o mundo. Muitos países procurarão cruzar a ponte do estágio de pesquisa para anunciar projetos-piloto. Alguns países, como Gana, onde estamos envolvidos, começarão a usar insights e feedback de seu primeiro estágio de teste para ajustar planos de implantação mais amplos”, conclui.

Comportamento dos consumidores em relação às CBDCs

O CEO da G+D Currency Technology também aborda o comportamento dos consumidores em diferentes mercados em relação às CBDCs. De acordo com uma pesquisa recente da empresa em conjunto com o OMFIF, há um contraste significativo nas atitudes em relação às CBDCs entre consumidores em mercados emergentes e países com infraestrutura digital mais sólida.

“Na Nigéria, onde um projeto-piloto foi lançado em outubro de 2021, 91% dos entrevistados disseram que provavelmente usariam moedas digitais, com 60% dos consumidores da Indonésia dizendo isso também. No entanto, esses números caem para apenas 24% nos Estados Unidos (EUA) e 14% na Alemanha, sugerindo que as CBDCs podem oferecer um momento de salto nos pagamentos em mercados emergentes, em vez de países desenvolvidos com opções de pagamento bem estabelecidas”, explica.

Seidemann aponta ainda para a variação que existe sobre o entendimento das moedas digitais em diferentes países, de modo que haveria uma correlação entre as atitudes em relação às CBDCs e a familiaridade com o conceito. “A pesquisa mostrou que 40% dos consumidores na Nigéria e na Indonésia estão cientes das CBDCs, em comparação com apenas 15% nos EUA. Portanto, um foco maior deve ser colocado em esforços de informação e educação dos cidadãos dos países desenvolvidos, com comunicação clara dos bancos centrais e empresas do setor privado sobre a conveniência, segurança e benefícios de custo que as CBDCs podem trazer. A adesão dessas moedas digitais depende desse tipo de movimentação.

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