Hong Kong e China avançam em suas CBDCs, com planos para pagamentos internacionais

A adoção de moedas digitais dos bancos centrais (CBDCs) está em discussão em todo o mundo e com China e Hong Kong não é diferente. Seguindo arquiteturas diferentes, os dois países estão trilhando caminhos distintos, o que não impede que, no futuro, suas CBDCs sejam usadas em pagamentos internacionais.
Hong Kong e China avançam em suas CBDCs, com planos para pagamentos internacionais
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Equipe Propague
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A adoção de moedas digitais dos bancos centrais (CBDCs) tem sido cada vez mais discutida em todo o mundo, com muitos países considerando a sua implementação. Na Ásia, Hong Kong e China estão na vanguarda desse movimento, cada um seguindo um caminho diferente para implementar suas respectivas CBDCs.

Embora possam ter seguido caminhos diferentes, há a possibilidade de que, no futuro, esses sistemas possam ser conectados para pagamentos internacionais. A diferença entre as duas moedas reside, principalmente, na questão da arquitetura do sistema.

Como a CBDC de Hong Kong deve se diferenciar do Yuan digital?

Em Hong Kong, a autoridade monetária da região deixou em aberto a natureza do registro em si. Ou seja, fica a cargo dos bancos se a CBDC será totalmente centralizada ou descentralizada.

De acordo com a Yahoo Finance, esse movimento foi confirmado por um funcionário importante de um grande banco que falou em condição de anonimato ao CoinDesk. Com isso, ao contrário do e-CNY do Banco Popular da China (PBOC), a arquitetura da CBDC de Hong Kong não foi ditada pelo governo central.

O movimento da Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA) sugere que o regulador deve deixar a implementação para os bancos. Vale destacar que essa tem sido uma abordagem em um primeiro momento e nada garante que, em fases futuras de implementação, a HKMA não a mude.

Trata-se de uma questão importante, pois o e-HKD ser emitido em uma cadeia autorizada ou não autorizada tem enormes implicações de segurança e privacidade, por exemplo no caso de retenção de ativos ou contas.

Em uma cadeia não centralizada, enquanto as autoridades podem exigir que os bancos congelem as contas, as autoridades não podem apreender os ativos. Já em uma cadeia centralizada, as autoridades poderiam apreender os ativos de um indivíduo envolvido em fraudes, por exemplo.

Apesar dessa possível diferença, a HKMA e o PBOC estão trabalhando de forma conjunta em iniciativas envolvendo as CBDCs e, a julgar pela tendência regional, no futuro será possível fazer pagamentos transfronteiriços com as moedas digitais desses dois países.

Pagamentos internacionais entre China e Hong Kong com CBDCs no futuro?

Durante o 5º Fórum de Desenvolvimento Financeiro da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macao, a HKMA e o PBOC revelaram que estão trabalhando em conjunto para testar o uso do yuan digital como instrumento de pagamento transfronteiriço na região.

O anúncio foi feito pelo vice-chefe da HKMA, Darryl Chan, e tem como objetivo aumentar a eficiência e a experiência do usuário de serviços de pagamento transfronteiriços, além de apoiar o fluxo de recursos entre Hong Kong e a China continental.

Conforme afirmou Chan, a expectativa é de que o uso do yuan digital forneça uma opção segura, conveniente e inovadora para pagamentos relacionados ao turismo e consumo de varejo em toda a Grande Baía no futuro.

Além disso, é importante lembrar que tanto a HKMA quanto o PBOC estão envolvidos no projeto mBridge para o uso de CBDCs em pagamentos transfronteiriços. Esse projeto envolve ainda os bancos centrais da Tailândia e dos Emirados Árabes Unidos.

Com relação ao Yuan digital, a expansão dessa CBDC para pagamentos internacionais é parte de uma agenda ampla das autoridades chinesas que, além da Área da Grande Baía, estão explorando, também, a Nova Rota da Seda.

China explora CBDCs na Nova Rota da Seda

Nesse sentido, autoridades chinesas revelaram um plano para o uso da moeda digital do banco central em transações transfronteiriças sob a Iniciativa Belt and Road, na cidade de Xuzhou.

Xuzhou foi escolhida por funcionar como um centro de partida dos bens chineses que vão em direção a Europa, assim o PBOC entende que se trata de uma cidade estratégica para a torna fundamental para aumentar as taxas de adesão ao yuan digital.

As autoridades planejam permitir, por exemplo, que o yuan digital seja utilizado no pagamento de taxas de armazenamento para itens a serem transportados pelas conexões internacionais da cidade. Existem, ainda, planos para expandir o uso do CBDC no pagamento de serviços públicos e impostos pelos residentes da cidade.

 

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