Conheça os projetos de Finanças Sustentáveis na Ásia

Finanças sustentáveis prometem ser um dos principais temas da COP27, conferência do clima promovida pela ONU. Graças ao destaque da Ásia no setor, é fundamental entender o que vem sendo feito na região para promover essa transição econômica.
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Equipe Propague
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Em 6 de novembro de 2022, a comunidade global se reuniu em Sharm el-Sheikh, no Egito, dando início à conferência climática COP 27 que se estenderá até o dia 18. Essa conferência é o principal fórum das Nações Unidas sobre mudanças climáticas e, sem dúvida, levantará debates sobre as finanças sustentáveis.

Essas questões são particularmente importantes para a Ásia, afinal, apenas entre 2021 e 2022, o território asiático sofreu com inundações devastadoras no Paquistão, seca extrema na República Popular da China, ciclones tropicais nas Ilhas do Pacífico e tufões nas Filipinas. Esses fenômenos climáticos atingiram um elevado número de pessoas e regiões, em especial os mais pobres e vulneráveis.

Além da preocupação em conter as consequências das mudanças climáticas imediatas, nos últimos anos, os países asiáticos têm apostando nas finanças sustentáveis como uma ferramenta para atingir as metas de redução de emissão de carbono e acelerar a transição para uma economia mais sustentável e resiliente. Assim, para entender como esse grupo de países deve atuar na COP27, é importante entender as últimas iniciativas no continente.

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Singapura e China fortalecem cooperação em finanças verdes

Embora existam iniciativas verdes por toda a Ásia, dois dos países que mais têm se empenhando para impulsionar as finanças sustentáveis são China e Singapura. Nesse sentido, a Autoridade Monetária de Singapura (MAS) anunciou uma agenda para expandir a cooperação em finanças verdes e aprofundar as ligações do mercado de capitais com a China.

As iniciativas foram discutidas no 18º Conselho Conjunto de Cooperação Bilateral (JCBC) e anunciadas pela MAS, que destacou a formação de uma força tarefa e novos produtos financeiros verdes. Assim, a MAS e o Banco Popular da China estabelecerão uma Força Tarefa para aprofundar a cooperação bilateral em finanças verdes e facilitar maiores intercâmbios público-privados.

O objetivo é mobilizar melhor o capital privado para as necessidades de desenvolvimento sustentável da região. A Força Tarefa explorará, também, soluções como uso de dados e de tecnologia para catalisar fluxos de financiamento verde.

Já a Bolsa de Valores de Singapura (SGX) e a Bolsa de Valores de Shenzhen (SZSE) receberão os três primeiros ETFs sob links de produto. Esse esquema funciona da seguinte forma, o ETF “alimentador” listado na SGX investirá mais de 90% de seus ativos no ETF “alvo” listado na SZSE. Por outro lado, o ETF “alimentador” listado na SZSE investirá mais de 90% de seus ativos no ETF “alvo” listado na SGX.

O objetivo deste link de produtos ETF é permitir que investidores na China e Singapura acessem oportunidades de investimento de ETF sustentáveis em ambos os mercados.

Por fim, a SGX, a Bolsa de Valores de Shanghai, e a SZSE lançarão conjuntamente, até o fim de 2022, índices de baixo carbono que servirão de referência para os gestores de fundos focados em China, ASEAN e outros países da Ásia.

O mercado internacional de carbono de Hong Kong

Hong Kong, embora não esteja diretamente nos acordos com Singapura e China, é um dos territórios que pode se beneficiar indiretamente das iniciativas, uma vez que seu mercado é bem conectado aos sistemas financeiros dos dois países.

Nesse sentido, uma iniciativa que pode contribuir com essa cooperação, é o lançamento da plataforma Core Climate pela Hong Kong Exchanges and Clearing Limited (HKEX). O Core Climate é o novo mercado internacional de carbono que busca explorar produtos e oportunidades relacionados ao clima em Hong Kong, China continental e Ásia.

A expectativa é de que o Core Climate facilite o comércio de créditos e instrumentos de carbono para apoiar a transição global para a emissão zero. Os participantes da inciativa poderão fornecer, negociar e liquidar créditos voluntários de carbono através da plataforma Core Climate.

Os créditos na plataforma virão de projetos de carbono certificados internacionalmente, incluindo projetos de evasão, redução e remoção de carbono.

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Programa piloto de Hong Kong para capacitação em finanças sustentáveis

Além do mercado de carbono, Hong Kong vem trabalhando para incentivar o desenvolvimento das finanças sustentáveis por meio da educação continuada e qualificação.  Uma das inciativas que ganhou destaque recentemente foi o programa piloto de apoio à capacitação em finanças sustentáveis que, em 31 de outubro de 2022, deu início aos pedidos de registro para financiamento.

Por meio desse programa, o governo deve destinar 200 milhões de dólares para subsídios à formação e aquisição de qualificações profissionais relevantes em finanças sustentáveis.

A iniciativa é resultado de um esforço colaborativo para construir novas oportunidades de trabalho e fortalecer o setor através da expansão de novas áreas de atuação. Esse projeto vem sendo administrado pelo Centre for Green and Sustainable Finance, uma plataforma de colaboração público-privada que envolve, entre outras instituições, a HKMA, a Comissão de serviços Financeiros de Hong Kong e HKEX.

O projeto nasceu após as instituições envolvidas identificarem a necessidade de expandir o número de talentos na área de finanças sustentáveis, além de capacitar os profissionais que já envolvidos. Como isso, espera-se que o programa contribua para uma indústria de finanças sustentáveis vibrante e resiliente, formando novos profissionais de mercado e gerando oportunidades de trabalho.

Índia anuncia títulos verdes para financiar projetos climáticos

A Índia também vem apostando nas finanças sustentáveis e, seguindo a tendência das principais economias asiáticas, tornou público seu plano de emissão de títulos verdes para os próximos anos. O anúncio feito pela Ministra das Finanças, Nirmala Sitharaman,  tem como objetivo acelerar os

Na linha de ativos sustentáveis, os títulos serão voltados para projetos de energia solar, projetos eólicos e pequenas hidrelétricas. Um ponto importante de destaque é que, em seu plano, usinas hidrelétricas de grande porte (acima de 25 MW), projetos nucleares e qualquer geração de energia baseada em biomassa proveniente de áreas protegidas ficaram de fora das linhas disponíveis.

Nesse sentido, para identificar os projetos elegíveis e manter uma padronização de classificação, será formado um comitê de trabalho responsável por identificar, anualmente, os novos projetos aprovados para financiamento.

Esse conselho também será responsável por garantir que, uma vez aprovados, os recursos dos títulos sejam alocados dentro de 24 meses a partir da data de emissão e destinados de forma correta para o projeto escolhido.

Vale destacar que o comitê – fruto dos compromissos prévios do governo indiano nas edições anteriores da COP – se reunirá ao menos duas vezes por ano para aconselhar o Ministério de Finanças, além de ser formado por especialistas do setor e representantes do Ministério do Meio Ambiente, Florestas e Mudanças Climáticas, sendo presidido pelo assessor econômico-chefe do governo, atualmente Anantha Nageswaran.

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