Emissões de CO2 na mira da tecnologia bancária verde

Instituições financeiras em todo o mundo têm se comprometido com metas para reduzir a pegada de carbono no planeta. Além das finanças verdes, uma das ferramentas adotadas tem sido funcionalidades agregadas a seus aplicativos móveis.
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Equipe Propague
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O esverdeamento da economia tem mais um aliado. Ao considerar o que pode ser feito para ajudar a reduzir as emissões de CO2 no planeta, o que vem sendo chamado de tecnologia bancária verde se junta ao esforço dos bancos com o intuito de diminuir os impactos das mudanças climáticas sobre a estabilidade financeira.

A saber, um número crescente de bancos, principalmente europeus, está incorporando recursos aos seus aplicativos que permitem aos usuários monitorar as emissões de CO2 que seus gastos geram.

Aliás, vale ressaltar que como mais da metade dos signatários da Aliança Bancária de serviços financeiros Net-Zero da Organização das Nações Unidas (ONU) está localizada na Europa, o continente vem avançando na descarbonização do setor.

Um dos exemplos mais recentes é do conglomerado bancário holandês ING. Segundo divulgado pela PYMNTS, a instituição anunciou que testará um recurso de rastreamento de carbono, considerando uma amostra de 350 mil clientes do seu mobile banking.

Conforme declaração, a nova ferramenta, batizada de Footprint Insight (Percepção da Pegada na tradução direta), está sendo inicialmente disponibilizada para clientes que já utilizam a função Insight do banco. Essa funcionalidade agrupa receitas e despesas por categoria de gastos dos usuários.

Para fazer o rastreamento, a ferramenta fornecerá uma estimativa das emissões de CO2 nos desembolsos dos clientes, calculada usando os gastos mensais por categoria multiplicados por um fator de emissão.

Além do quantitativo, os clientes também receberão dicas sobre como gerenciar o impacto das emissões por eles geradas, bem como verificar como sua pegada de carbono se compara à média nacional holandesa.

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Economia na emissão de CO2

Outro destaque entre as instituições financeiras europeias que estão introduzindo recursos semelhantes é o banco de compensações britânico Natwest. Em seu mais recente relatório, a organização divulgou que mais de 300 mil clientes acessaram seu rastreador de carbono no primeiro semestre de 2022.

O piloto dessa tecnologia foi lançado em 2021, quando o banco também revelou que o usuário médio economizou cerca de 11 quilos nas emissões de CO2 mensalmente ao se comprometer com mudanças comportamentais que usaram menos carbono.

Segundo o Natwest, se replicadas pelos oito milhões de clientes do aplicativo móvel do banco, a economia poderia chegar a mais de um bilhão de quilos de emissões de CO2 por ano. Isso mostra o potencial significativo da tecnologia bancária verde para o esverdeamento do setor.

Tanto o ING como o Natwest usam a tecnologia da Cogo, especialista em rastreamento de Carbono da Nova Zelândia, que já desenvolveu soluções para outras instituições financeiras como o banco comunitário neozelandês TSB e os australianos CommBank e ANZ. Segundo a empresa, ela está a caminho de alcançar a marca de mais de três bilhões de pessoas usando seus recursos de gerenciamento de emissões de CO2 até o fim de 2022.

Outra iniciativa que se destaca é a do banco Tatra Banka, da Eslováquia que, além de oferecer o serviço de rastreamento das emissões de carbono, deu um passo à frente ao introduzir um esquema que recompensa decisões de compras sustentáveis de seus clientes.

Apetite do consumidor por serviços bancários verdes

Independentemente da iniciativa dos bancos citados, o que se observa, afirmam alguns especialistas, é que a crescente popularidade dos rastreadores de carbono revelam que existe um crescente apetite do consumidor por serviços bancários verdes e ferramentas que ajudam a reduzir as emissões de CO2.

Uma pesquisa da Meniga Carbon Insights, por exemplo, com dados de 2021, descobriu que 62% dos consumidores europeus gostariam que seu banco fornecesse uma visão geral de sua pegada de carbono.

Ao mesmo tempo, 88% dos banqueiros entrevistados acreditam que os bancos têm como papel ajudar na sensibilização dos seus clientes sobre a relação existente entre o seu consumo e os impactos das mudanças climáticas.

Desafios no rastreamento das emissões de CO2

Apesar de todo esse movimento na direção de soluções que rastreiam e ajudam seus clientes a reduzirem as emissões de CO2 e dos frutos colhidos até agora, os bancos ainda enfrentam desafios.

No geral, eles afirmam que grande parte das dificuldades que encontram para calcular as pegadas de carbono dos consumidores é agregar os dados de pagamentos necessários para avaliar em que realmente eles estão gastando.

Embora esse desafio se destaque, o que se tem observado é um crescimento do desenvolvimento e do uso de ferramentas tecnológicas como aliadas das finanças verdes.

 

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