Finanças Verdes: Índia e China lançam novas iniciativas

China lança agenda para implementação de um sistema de contabilidade estatística de emissão de carbono. A Índia, por sua vez, publicou uma pesquisa detalhando o grau de desenvolvimento das finanças verdes entre seus bancos comerciais.
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Equipe Propague
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O uso de instrumentos financeiros como meio para mitigação dos impactos climáticos é um tema que está na agenda dos principais organismos em todo o mundo. Nesse sentido, a China possui uma agenda sólida para o desenvolvimento das finanças verdes. A Índia, em contrapartida, ainda tem muito para avançar e, por isso, lançou uma pesquisa para avaliar a situação dos seus bancos comerciais.

Autoridades chinesas apostam nas finanças verdes para atingir metas climáticas

A China vem estabelecendo planos ousados para o desenvolvimento verde há algum tempo. Em novembro de 2021, estabeleceu entre seus objetivos lançar sistemas estatísticos para controle de emissão de carbono em nível nacional e local, através do plano para o pico de carbono antes de 2030.

Já em 19 de agosto de 2022, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, o Bureau Nacional de Estatísticas e o Ministério da Ecologia e Meio Ambiente emitiram conjuntamente um plano para o estabelecimento de um sistema de contabilidade de emissões de carbono unificado e padronizado.

As autoridades chinesas pretendem implementar a contabilidade estatística das emissões de carbono em diversos setores de forma constante até 2023. Em 2025, o sistema sofrerá uma revisão para melhorar a qualidade dos dados.

A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma compreende que a consolidação estatística é um passo importante para alcançar o pico de dióxido de carbono, auxiliando na formulação de políticas e realização de avaliações.

A ideia geral é promover a implementação de uma base de dados nacional com os fatores de emissão de gases de efeito estufa. O termo “fator de emissões” se refere às emissões de gases de efeito estufa por unidade de produto, sendo um importante parâmetro estatístico. Esses movimentos se alinham com o diagnóstico de que um dos principais limitadores para o avanço das finanças verdes é a disponibilização de dados padronizados e estruturados e reforçam o esforço chinês em superar tais obstáculos.

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Índia avança em estudos sobre finanças verdes, mas fragilidades aparecem

Seguindo a tendência chinesa, a Índia realizou uma pesquisa em janeiro de 2022 para avaliar o status das finanças sustentáveis nos principais bancos comerciais do país. O Grupo de Finanças Sustentáveis (SFG), que pertence à autoridade monetária indiana, o Reserve Bank of India (RBI), órgão responsável por conduzir a iniciativa.

As respostas indicaram que, embora os bancos tenham começado a tomar medidas na área de risco climático e finanças verdes, ainda há necessidade de esforço conjunto e de mais ações nesse sentido.

De acordo com o grupo, o engajamento em nível de conselho acerca do risco climático e das finanças verdes é inadequado. Isso é evidenciado pelo fato de que cerca de um terço dos bancos pesquisados não atribuiu quem é responsável por supervisionar essas iniciativas dentro de sua estrutura organizacional.

Além disso, poucos bancos incluíram a avaliação de riscos climáticos e governança ESG na avaliação de desempenho de sua alta gestão. A maioria dos bancos, inclusive, sequer possuía uma unidade de negócios para iniciativas relacionadas à sustentabilidade e apenas alguns deles tinham uma estratégia de incorporação planejada.

Outro ponto que a pesquisa indicou precisar de desenvolvimento dentro dos bancos indianos foram as divulgações financeiras relacionadas a sustentabilidade. Também apontaram que mesmo aqueles que já o fazem ainda precisam se alinhar ao quadro internacional.

Apesar dessas fragilidades, com relação a gestão de risco, quase todos os bancos pesquisados reconheceram a urgência do problema, sendo que a maioria considerou os riscos financeiros associados ao clima como uma ameaça aos seus negócios. Os riscos físicos e de transição foram vistos como as principais fontes de riscos relacionados ao clima.

A despeito dos desafios, bancos indianos pretendem apostar nas finanças verdes

Nesse sentido, a maioria dos bancos pesquisados decidiu reduzir gradualmente sua exposição a empresas emissoras de alto carbono nos próximos anos. Inclusive, alguns bancos já mobilizaram novos capitais para ampliar os empréstimos verdes e a maioria lançou algum produto de empréstimo voltado para mudanças climáticas.

Além disso, a maioria dos entrevistados planeja diminuir as emissões absolutas de carbono decorrentes de suas operações, aumentando a proporção de energia renovável em sua matriz energética.

Por fim, um dos desafios que os bancos entrevistados apontaram foi que os dados disponíveis são insuficientes para uma avaliação adequada dos riscos financeiros envolvidos nas finanças verdes, reforçando a importância de movimentos como o Chinês.

 

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