Finanças verdes podem se beneficiar de iniciativas conjuntas em Hong Kong, China e Singapura

Singapura e Hong Kong tem aumentado seus esforços para alavancar ainda mais as finanças verdes. Além disso, iniciativas regionais têm ganhado mais atenção, como é o caso da região da Grande Baía e da parceria entre Singapura e China.
Finanças verdes podem se beneficiar de iniciativas conjuntas em Hong Kong, China e Singapura
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Equipe Propague
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Não é novidade que o desenvolvimento das finanças verdes na Ásia depende, em grande medida, do que ocorre em Singapura, Hong Kong e China, afinal essas regiões abrigam alguns dos centros financeiros mais importantes do mundo.

Exemplo disso é que, atualmente, Hong Kong e Singapura são líderes em certificações para profissionais que queiram atuar na área de finanças sustentáveis, de acordo com o CFA Institute. Já a China, por sua vez, é o grande mercado regional para títulos verdes.

Nesse sentido, a colaboração entre esses países pode acelerar ainda mais o desenvolvimento das finanças sustentáveis, ampliando o acesso aos mercados, criando produtos financeiros e até mesmo compartilhando experiências e know-how. Tendo em vista esse cenário, algumas iniciativas cooperativas já começam a ganhar forma na região, como no caso da Área da Grande Baia.

Cooperação na região da grande baía cria projeto piloto para finanças verdes

A Área da Grande Baía é uma região metropolitana com grande importância econômica, que abrange Hong Kong, Macau e nove províncias da China. Logo, a região é vista como estratégica para o financiamento verde.

Nesse sentido, os reguladores da área da Grande Baía começaram a promover vários esquemas-piloto para projetos de descarbonização que adotarão padrões internacionais de divulgação e verificação. Com isso, esperam impulsionar as finanças verdes na região.

Esses projetos para finanças verdes concentram-se nos setores imobiliário, de transporte e manufatura. Assim, os projetos buscarão apoiar a geração de energia limpa, a adoção de veículos elétricos e movidos a hidrogênio, o investimento em transporte ferroviário e aquaviário e a modernização de edifícios.

Vale destacar que os projetos devem incluir metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, planos de implementação, governança e metodologias científicas. Além disso, as autoridades têm discutido mecanismos de coordenação de políticas na região com o objetivo de promover a interoperabilidade regional em regulamentos de finanças verdes.

Por fim, destacaram a necessidade das cidades da Grande Baía oferecerem subsídios sobre os custos relacionados a títulos verdes e sustentáveis, emissão de empréstimos e afins. Essa é uma das frentes de maior esforço na promoção e desenvolvimento das finanças verdes na Ásia.

Além da região da Grande Baía, outro ponto de integração que pode gerar benefícios importantes para as finanças sustentáveis na Ásia é a nova força tarefa anunciada pela Autoridade Monetária de Singapura (MAS) e o Banco Popular da China (PBOC).

Singapura e China anunciam força-tarefa voltada para finanças verdes

Anunciada em abril de 2023, a Força-Tarefa de Finanças Verdes China-Singapura (GFTF) tem como objetivo explorar questões chave que estão impedindo o desenvolvimento das finanças sustentáveis entre os mercados financeiros desses países.

Nesse sentido, a força tarefa estabeleceu entre as áreas prioritárias o desenvolvimento de taxonomias e definições padronizadas por meio da Plataforma Internacional de Finanças Sustentáveis (IPSF). O objetivo desse tópico é a interoperabilidade entre as taxonomias das duas regiões.

Além disso, estão no escopo da força-tarefa, o desenvolvimento de produtos e instrumentos financeiros voltados para sustentabilidade. Assim, a Singapore Exchange e a China International Capital Corporation estabelecerão um fluxo de trabalho para fortalecer a conectividade do mercado de títulos verdes entre a China e Singapura.

Por fim, a força tarefa não poderia deixar de focar em inovações tecnológicas para o setor, de modo que a Metaverse Green Exchange e Beijing Green Exchange estabelecerão um fluxo de trabalho para facilitar a adoção e identificação de tecnologias que beneficiem as finanças verdes.

Vale destacar que as iniciativas conjuntas são um reflexo do que vem ocorrendo nas dimensões nacionais, de modo que os esforços individuais seguem em pauta.

Singapura segue inovando em finanças verdes: o Plano de Ação Financeira para Net Zero

Singapura, referência no desenvolvimento de finanças verdes, conta desde 2019 com o Plano de Finanças Verdes da Autoridade Monetária de Singapura (MAS). Por meio desse plano, a MAS vem incentivando práticas sustentáveis por parte das empresas, além de promover a emissão de títulos verdes.

Dando continuidade a esses esforços, a MAS, em abril de 2023, apresentou o Plano de Ação Financeira para emissão líquida zero (FiNZ). O anúncio foi feito na inauguração do Instituto de Finanças Sustentáveis e Verdes da Universidade Nacional de Singapura.

O plano define o escopo de ação da instituição e estabelece as estratégias da MAS para mobilizar o financiamento no sentido de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa e alavancar as atividades de descarbonização na Ásia.

Por meio do plano FiNZ, a MAS espera alcançar quatro resultados principais:

  1. Promover dados e divulgações climáticas consistentes, comparáveis e confiáveis;
  2. Engajar os stakeholders para fomentar práticas sólidas de gestão de riscos ambientais e aprofundar a análise de cenários climáticos;
  3. Apoiar a adoção de planos de transição baseados em trajetórias críveis de descarbonização;
  4. Promover soluções e mercados de financiamento verdes e de transição inovadores para apoiar esforços de descarbonização e mitigação de riscos climáticos.

Uma outra característica desse plano é que ele amplia o escopo do Plano de Ação de Finanças Verdes da MAS lançado em 2019 para incluir finanças de transição. Finanças de transição referem-se a investimentos, empréstimos, seguros e serviços relacionados para descarbonizar progressivamente áreas como geração de energia, edifícios e transporte.

Hong Kong incentivará certificação ESG para alavancar finanças verdes

Já em Hong Kong, o cenário é semelhante, com o avanço de ações que visam fortalecer as finanças sustentáveis e participação ativa da Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA).

Em colaboração com instituições locais e internacionais, a HKMA tem impulsionado a alocação de recursos do sistema financeiro em práticas e investimentos que levem em conta riscos climáticos e de sustentabilidade, contribuindo para mitigação dos impactos ambientais.

Nesse sentido, a HKMA desenvolveu o Teste de Estresse de Risco Climático no Setor Bancário (CRST), baseado em cenários de curto e longo prazo, para avaliar a resiliência do setor bancário em relação a riscos climáticos extremos.

Com isso, a HKMA visa ajudar as instituições financeiras a entenderem melhor os riscos climáticos e aprimorar sua capacidade de gerenciá-los, impulsionando as finanças verdes.

Além disso, atento à crescente demanda por profissionais qualificados para trabalhar com finanças verdes, Hong Kong está apoiando e incentivando o esforço de certificação de investimentos em ESG, inclusive através de apoio financeiro. Somente de setembro de 2022 a janeiro de 2023, Hong Kong identificou mais de 2.400 inscritos nos cursos para certificação do CFA Institute.

 

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