Mudanças climáticas encabeçam novos projetos do BIS para os bancos centrais

O esverdeamento das finanças é apontado pelos estudiosos como uma valiosa contribuição dos bancos centrais e instituições financeiras em direção à uma economia de zero carbono, o que vai ao encontro ao alinhamento promovido pelo BIS.
Mudanças climáticas encabeçam novos projetos do BIS para os bancos centrais
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Equipe Propague
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Atentos aos desdobramentos das mudanças climáticas sobre o setor e aos riscos para à estabilidade do sistema financeiro, o Hub de Inovação e o Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia, ambos ligados ao Banco de Compensações Internacionais (BIS), estão trabalhando em novas ações e projetos para auxiliar os bancos centrais em sua abordagem nessa área.

Para se ter uma ideia, o Hub de Inovação recentemente anunciou que expandirá seu portfólio de experimentos no campo das finanças verdes. Ao mesmo tempo, o BIS também pretende trabalhar a fim de promover o aumento da transparência das divulgações relacionadas à questão climática.

Já o Comitê de Supervisão bancária da Basiléia emitiu um conjunto de 18 princípios para a gestão e supervisão eficazes dos riscos financeiros relacionados ao clima, complementando, dessa forma, as mais recentes iniciativas do BIS com foco nas mudanças climáticas e seus efeitos sobre o sistema financeiro.

Como o esverdeamento das finanças tem sido visto pelos estudiosos como de grande contribuição para o cumprimento das metas estabelecidas pelo Acordo de Paris e para a transição do planeta rumo a uma economia de zero carbono, o trabalho do BIS é mais um esforço no sentido de alinhar o desempenho dos bancos centrais e demais instituições financeiras nesse processo.

Expansão de experimentos em finanças verdes

No bojo do novo conjunto de projetos do BIS, dois, em especial, têm como foco a questão do clima. O primeiro deles será encabeçado pelo Eurosystem Center, a ser inaugurado nos próximos meses com sedes em Frankfurt (Alemanha) e Paris (França) e que visa ampliar a transparência das divulgações relacionadas às mudanças climáticas. Afinal, cada vez mais os bancos centrais vêm analisando como as variações do clima podem afetar a estabilidade financeira.

No entanto, o BIS acha que existem importantes lacunas de dados e inconsistências na sua coleta tornando a tarefa mais difícil. Portanto, esse projeto visa construir um banco de dados de relatórios corporativos de código aberto, juntamente com um mecanismo de busca de texto completo para identificar divulgações relacionadas à sustentabilidade. Nesse contexto, ferramentas de machine learning (aprendizagem de máquina na tradução livre) e processamento de linguagem natural serão usadas para organizar e estruturar esses dados.

Além da iniciativa do Eurosystem Center, o Hub de Inovação do BIS em Hong Kong está iniciando uma nova fase de seu projeto Gênesis de finanças verdes. A saber, trata-se de um novo protótipo de títulos verdes construído em colaboração com a Convenção Estrutural sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (UNFCCC na sigla em inglês) e outros entes públicos e privados.

Nessa nova etapa, contratos inteligentes, blockchain, assim como outras tecnologias correlatas serão usadas ​​para o rastreamento, entrega e a transferência dos chamados Interesses de Resultados de Mitigação digitalizados – em outras palavras, créditos de carbono reconhecidos sob mecanismos nacionais de verificação em conformidade com o estabelecido no Acordo de Paris – ligados a um ativo.

Vale lembrar que em janeiro o Hub de Inovação anunciou seu programa de trabalho para 2022, incluindo os primeiros projetos nos centros de Londres e Estocolmo.

Mudanças climáticas: princípios para gestão e supervisão de riscos financeiros

Juntamente com a expansão dos experimentos em finanças verdes, o BIS, por meio do Comitê de Supervisão Financeira da Basiléia, também está trabalhando no que diz respeito aos riscos financeiros oriundos das mudanças climáticas com o lançamento de um conjunto de princípios para gestão e supervisão dessas ameaças.

O documento estabelece 18 princípios que abrangem desde governança corporativa, a controles internos, passando por avaliação de riscos, gestão e relatórios. A proposta é alcançar um equilíbrio na melhoria das práticas e fornecer uma linha de base comum para bancos e supervisores internacionalmente ativos, mantendo flexibilidade suficiente, dado o grau de heterogeneidade e a evolução das práticas nessa área.

Segundo o Comitê, esses princípios se beneficiaram de uma ampla variedade de comentários de diversas partes interessadas após uma consulta em novembro de 2021. Dessa forma, eles foram concebidos para que possam ser adaptados a uma gama diversificada de sistemas bancários de forma proporcional, dependendo do tamanho, complexidade e perfil de risco do banco ou setor bancário.

Nesse contexto, o Comitê adotou uma abordagem holística para avaliar, mensurar e mitigar os riscos financeiros relacionados às mudanças climáticas que considera possíveis medidas de supervisão, regulamentação e divulgação para o sistema bancário.

A expectativa da entidade é de que a implementação dos princípios aconteça o mais rápido possível. Isso feito, a ideia é monitorar o progresso nas jurisdições membros para promover um entendimento comum das expectativas de supervisão e apoiar o desenvolvimento e a harmonização de práticas sólidas entre as jurisdições.

Contudo, o BIS não pretende parar por aí. O banco continuará a cooperar com outros normatizadores financeiros internacionais e órgãos do setor público para abordar os riscos financeiros relacionados às mudanças climáticas de forma coordenada.

 

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