Como um conhecido centro financeiro internacional, Singapura tem investido nas finanças sustentáveis como uma importante ferramenta para apoiar a transição da Ásia em direção a uma economia sustentável e de baixo carbono.
Assim, a Autoridade Monetária de Singapura (MAS) estabeleceu como objetivo que o país se consolide como um líder global em finanças verdes e sustentáveis, explorando diversas iniciativas ao longo dos últimos anos.
O MAS entende que uma trajetória de sucesso exige, além de opções de investimentos verdes, uma taxonomia comum de referência e o desenvolvimento de profissionais qualificados capazes de lidar com as necessidades de sustentabilidade.
Profissionais qualificados e técnicos são indispensáveis para o mercado de finanças sustentáveis
Pensando nisso, o MAS introduziu no início do ano as Técnicas e Competências de Finanças Sustentáveis (TSCs) para reforçar o Quadro de Habilidades para Serviços Financeiros, estabelecendo um conjunto especializado de conhecimentos e habilidades desejadas para os profissionais do setor financeiro, com foco em sustentabilidade.
Os TSCs de Finanças Sustentáveis abrangem uma gama de habilidades temáticas e funcionais com as quais os profissionais do setor financeiro precisam estar equipados para desempenhar efetivamente suas responsabilidades em um mundo que busca uma economia verde.
Os eixos temáticos incluem tópicos como gestão de mudanças climáticas, gestão de capital natural, mercados de carbono, gestão de estratégias de descarbonização e aplicação de taxonomias.
Já com relação aos conhecimentos funcionais, os TSCs destacam competências como gestão de investimentos em sustentabilidade, gestão de riscos de sustentabilidade, soluções sustentáveis de seguros e aplicações adaptadas para diferentes papéis do setor financeiro.
Assim, um profissional ligado a setores de gestão de mudanças climáticas, deve ser capaz de sintetizar informações sobre mudanças e desenvolvimentos de políticas climáticas, de modo a moldar as estratégias de organização, produtos ou serviços.
Vale destacar, entretanto, que não basta que as instituições públicas atuem para consolidar as finanças sustentáveis se o setor privado não aderir. Nesse sentido, a Associação de Bancos de Singapura (ABS) está trabalhando para incorporar sustentabilidade nos modelos de negócio do setor.
A ABS lançou, nesse mês de outubro, diretrizes para que os bancos privados integrem princípios de sustentabilidade em seus modelos e práticas de negócios.
Bancos de Singapura se esforçam para adotar finanças sustentáveis
As diretrizes, desenvolvidas com a contribuição técnica do WWF-Singapore (World Wide Fund for Nature Limited), estabelecem uma base para que as práticas de sustentabilidade sejam integradas aos modelos de negócios dos bancos privados, abrangendo as atividades bancárias desde a gestão patrimonial até as decisões e modelos de financiamento.
A expectativa é de que as diretrizes promovam maior clareza e transparência, enquadrando abordagens sustentáveis a partir de enfoques como exclusão, integração, temática e impacto.
Diante do princípio da exclusão, por exemplo, os bancos devem evitar setores, atividades e empresas pouco comprometidas com sustentabilidade, levando em conta que alguns deles podem precisar de mais tempo para realizar uma transição sustentável.
Essa decisão pode ser feita, por exemplo, partir de uma estrutura de pontuação ESG, no caso de empresas, ou estabelecendo um limite de emissão por receita gerada, no caso de atividades e setores.
Os bancos, também, devem integrar práticas ESG nos seus negócios, incluindo explicitamente fatores de ESG na análise de investimentos e na tomada de decisões para otimizar a sua gestão de riscos. Para uma integração eficiente, a ABS sugere a construção de bases de dados e classificações ESG.
Nesse sentido, uma definição temática ESG contribui para decisões de investimento mais precisas, escolhendo, por exemplo, setores como energia renovável e agricultura sustentável, levando em conta o impacto potencial que cada setor ou empresa pode ter para uma transformação sustentável.
A ABS reconhece, entretanto, que cada banco pode estar em um estágio diferente de sua jornada nas finanças sustentáveis, por isso o documento sugere que a implementação seja feita de forma proporcional ao tamanho e natureza das atividades de cada banco.
Os bancos, por exemplo, podem adotar uma abordagem progressiva para a implementação, começando com 2 áreas bem estabelecidas e, em seguida, aprimorar seus processos à medida que surgem novas metodologias e práticas adequadas ao universo de cada instituição.
Veja mais:
Taxonomia verde: sudeste asiático se esforça por um projeto regional
Emissões de CO2 na mira da tecnologia bancária verde
Finanças Verdes: Índia e China lançam novas iniciativas
Como pensar em Finanças Verdes pode amenizar os riscos climáticos?
Green bonds: o que são e como esses títulos ajudam na transição verde