Inclusão financeira de pequenas empresas pode ser impulsionada por pagamentos com QR Code

Estudos publicados por importantes players do mercado apontam que essa modalidade de pagamento traz efeitos positivos sobre a inclusão financeira de pequenas empresas, com a expectativa sendo de que o volume de transações cresça 25% até 2025.
Inclusão financeira de pequenas empresas pode ser impulsionada por pagamentos com QR Code
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Equipe Propague
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O advento dos smartphones, assim como de outras tecnologias móveis, têm colocado o mundo cada vez mais na palma da mão. E um setor que tem sido beneficiado é o de pagamentos, tanto pela modalidade por aproximação como por escaneamento. Nessa segunda modalidade, o uso de aplicativos para pagamentos através de QR Code vem simplificando a cobrança e reduzindo os custos para as empresas e pode ter efeitos positivos para a inclusão financeira. A saber, impactos que vão muito além do simples processamento eficiente das transações.

É o que concluem Thorsten Beck, Leonardo Gambacorta, Yiping Huang, Zhenhua Li e Han Qiu, pesquisadores do Departamento Monetário e Econômico do Banco de Compensações Internacionais (BIS) em artigo publicado pela entidade. Para chegar a esse resultado, foram analisados um conjunto de dados exclusivos de cerca de 500 mil empresas chinesas que receberam crédito de importante big tech local e de bancos comerciais tradicionais.

De acordo com a publicação, os pagamentos com QR Code podem ajudar as empresas a aumentar não só os volumes de transações, bem como também a divulgar para o mercado o seu perfil e outras características por meio dos dados de pagamento. Ao mesmo tempo, as grandes empresas de tecnologia que oferecem o serviço podem processar os dados obtidos – juntamente com outras informações não tradicionais coletadas nas mídias sociais, mecanismos de pesquisa e plataformas de comércio eletrônico – para gerar uma pontuação de crédito.

Com isso, explicam os pesquisadores, as empresas que normalmente não possuem conta bancária e não divulgam demonstrações financeiras podem ter acesso a pequenos empréstimos que não são garantidos e normalmente são usados para ajustar suas necessidades de liquidez, contribuindo, dessa forma para a sua inclusão financeira.

Big techs, QR Code e inclusão financeira

Segundo os pesquisadores, tomando como exemplo a big tech chinesa analisada no artigo, que fornece serviços de pagamento por meio de QR Code a comerciantes offline, além do recebimento do dinheiro, o uso das informações coletadas através desse serviço ajudou à empresa de tecnologia a decidir sobre a concessão de crédito a esses comerciantes. Afinal, possibilitou avaliar melhor o perfil de risco dos clientes.

Desse modo, após analisar as operações e como os dados são processados, primeiramente, eles concluíram que o acesso ao serviço de pagamento permitiu aos comerciantes acessar ainda outros serviços e produtos financeiros ofertados pela empresa.

Em segundo lugar, o uso desses produtos e serviços, bem como da coleta dos dados de transações gerados por meio dos QR Codes, trouxe efeitos colaterais sobre o crédito bancário. Isso porque, explicam os autores do estudo, a inclusão do crédito concedido pela big tech no sistema de registro geral de crédito permitiu que as micro e pequenas empresas passassem a ser monitoradas de forma mais adequada e avaliadas pelas instituições financeiras, diminuindo, por sua vez, os problemas de assimetria nas informações dessas empresas junto aos bancos, facilitando o acesso a serviços bancários mais tradicionais.

Contudo, os pesquisadores acrescentam que as evidências encontradas sejam positivas, ainda há muito a ser feito para abordar questões econômicas mais amplas. Para começar, apontam, em primeiro lugar seria interessante comparar os resultados obtidos para a China com outros países.

Além de ser necessário expandir os resultados para além da China, outro ponto que tem sido destacado, na agenda internacional que inclui o próprio BIS, onde o estudo foi publicado, é a necessidade de compreender quais são os efeitos potenciais da atuação de big techs no sistema financeiro e como elas devem ser reguladas. Debate esse ainda em andamento.

O potencial dos pagamentos por QR Code

Assim como o artigo publicado pelos pesquisadores do BIS, os resultados de um outro estudo também apontam para o potencial dos pagamentos por QR Code e como podem auxiliar na inclusão financeira não só dos micros e pequenos negócios, como propõe os estudiosos, como também da sociedade como um todo.

Pesquisa da Juniper Research analisando os 15 principais fornecedores do serviço concluiu que os gastos globais usando pagamentos por QR Code chegarão a mais de US$ 3 trilhões até 2025. A saber, esse crescimento de 25% sobre os US$ 2,4 trilhões previstos para 2022, será impulsionado pelo foco crescente em melhorar o nível de inclusão financeira em regiões em desenvolvimento e fornecer alternativas aos métodos de pagamento estabelecidos em regiões desenvolvidas.

A publicação, intitulada QR Code Payments: Key Opportunities, Competitor Leaderboard & Marketing Forecasts 2022-2026 (Pagamentos por QR Code: Principais Oportunidades, Concorrência e Previsões de Marketing 2022-2026 na tradução livre) identificou ainda que a oferta de serviços combinados, como os de fidelidade, e pagamento por meio de um único QR Code seriam estratégias chave para aumentar a adoção desse meio de pagamento. A previsão é de que os esquemas de fidelidade incentivarão o uso contínuo e promoverão a confiança do consumidor.

A pesquisa ainda aponta que as perspectivas de adoção e crescimento são mais fortes em mercados com esquemas nacionais em vigor, devido a incentivos que promovem a facilidade de uso para os consumidores, sendo o aumento da interoperabilidade um importante fator facilitador.

Como exemplo, o estudo identificou que o volume de pagamentos por QR Code aumentará de US$ 62 bilhões em 2022 para US$ 125 bilhões em 2026 na Índia, impulsionado por seu padrão nacional de pagamentos por meio dessa modalidade e da redução do uso de dinheiro físico.

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