Open Banking 3.0: o futuro das finanças abertas no Reino Unido

O Reino Unido pretende implantar até 2024 uma nova arquitetura de pagamentos, o que o coloca na direção de mais uma etapa na consolidação do sistema de finanças abertas, do qual é precursor no mundo.
Open Banking 3.0: o futuro das finanças abertas no Reino Unido
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Equipe Propague
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Enquanto o Open Banking completa um ano no Brasil, o Reino Unido, precursor das finanças abertas no mundo, continua a avançar com seu projeto. Em uma trajetória que começou ainda em 2017, o país ainda tem projetos para evoluir o sistema ao adotar uma série de medidas que, segundo os especialistas, o coloca em direção ao que está sendo chamado de Open Banking 3.0 na região.

Após sofrer com obstáculos de adesão ao Open Banking, o Reino Unido busca atingir esse novo estágio de modernização do projeto de modo que, ao invés de obrigar as instituições financeiras a compartilhar dados com as demais, pretende fornecer uma nova infraestrutura com padrões abertos que fomente um ecossistema mais livre, incentivando os PISPs (sigla em inglês para Prestadores de Serviços de Iniciação de Pagamento) e terceiros a se juntar e inovar. É para o que aponta uma análise publicada pela PYMNTS ao tratar sobre a Nova Arquitetura de Pagamentos (NPA), que pode estar em vigor no Reino Unido até 2024.

De acordo com a publicação, a migração para a NPA poderá afetar 7 trilhões de libras, montante que representa os pagamentos interbancários, como o Bacs (serviços de pagamentos diretamente entre contas bancárias) e o Faster Payments Service (Serviço de Pagamentos Instantâneos na tradução livre), usados para pagar salários, contas ou transferir dinheiro para um amigo.

Leia também: O que é Open Banking? Entenda como funciona esse sistema financeiro aberto

Como a NPA levará ao Open Banking 3.0

O ponto chave da NPA é a sua infraestrutura central. A saber, ela foi concebida com o intuito de fornecer pagamentos em tempo real– compensação e liquidação -, por meio de um único fornecedor, considerando uma arquitetura em camadas com APIs (Interfaces de Programação de Aplicativos) abertas.

Essa infraestrutura está sendo chamada de Serviço de Infraestrutura Central (CIS, na sigla em inglês). A seleção para a prestadora de serviço do CIS está a cargo do Pay.UK, operador responsável por promover a concorrência e a inovação no setor de pagamentos no país e que também responde pelo projeto da NPA.

A partir do CIS, os provedores de serviços de pagamentos, assim como terceiros, terão acesso mais fácil ao NPA, podendo, dessa forma, fornecer seus serviços aos usuários finais do sistema financeiro.

Nesse cenário, a expectativa é de que a NPA venha a substituir a infraestrutura central que a maioria dos bancos e instituições financeiras tradicionais usam atualmente para fazer pagamentos. Além disso, como utilizará APIs abertas e padrões internacionais, isto deverá facilitar a harmonização com mais de 70 países, o que juntamente com o acesso facilitado a terceiros, fomentará ainda mais a inovação e a adoção do Open Banking 3.0.

Players apontam riscos competitivos

Apesar de a proposta da NPA ter sido bem recebida pela maior parte do mercado, muitos players destacaram os potenciais riscos competitivos de ter apenas um provedor para o CIS, que pode ter interesse em outros sistemas de pagamentos ou nos serviços de sobreposição.

De acordo com esses players mais receosos, o risco mais óbvio é de monopólio. Na sua avaliação, um único provedor para o CIS pode não ter fortes incentivos para controlar custos ou melhorar os serviços.

Em seguida, existe a preocupação de que o CIS (ou uma afiliada) possa ter um interesse significativo em outro sistema de pagamento e possa dar uma vantagem injusta a esse sistema.

Finalmente, eles receiam que o provedor do CIS poderia vir a ter um interesse significativo em serviços de overlay (rede sobreposta), o que poderia lhe dar uma vantagem injusta sobre outros provedores de serviços similares.

No entanto, a fim de mitigar os riscos de concorrência e inovação no novo ecossistema, o PSR, órgão regulador de pagamentos do Reino Unido, publicou o marco regulatório da NPA em dezembro de 2021 para estabelecer os requisitos que a Pay.UK e o provedor do CIS terão que seguir.

Uma das propostas é de que o Pay.UK, e não o provedor do CIS, seja a interface principal com os consumidores. Além disso, ele será o principal tomador de decisões sobre o fornecimento do CIS a um usuário da infraestrutura e terá autoridade para definir preços e padrões com o propósito de promover concorrência.

Mesmo com as preocupações apresentadas, analistas ainda concluem que a NPA é mais um passo em direção ao Open Banking 3.0 no Reino Unido.

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