Open Finance é prioridade em alguns países asiáticos

Os centros financeiros de Singapura e Hong Kong estão entre os principais hubs de tecnologia financeira no mundo e as instituições financeiras apontam o Open Finance como uma prioridade. A Coréia do Sul, por vez, tem o caminho pavimentado para implementação dessa tecnologia com o MyData.
Open Finance é prioridade em alguns países asiáticos
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Equipe Propague
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No mundo de hoje, os dados se tornaram um ativo valioso e um exemplo de como ele pode ser utilizado é permitindo que as empresas ofereçam experiências personalizadas aos seus clientes. No sistema financeiro, essa realidade não é diferente e é por isso que o Open Finance se tornou umas das inovações financeiras mais promissoras dos últimos anos.

O Open Finance ou “finanças abertas”, em tradução literal, é o processo de compartilhamento de dados entre instituições do mercado financeiro. Ele se diferencia do Open Banking por se estender a todo o sistema financeiro, não restrito somente ao compartilhamento de dados entre os bancos.

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Tendo em vista esse potencial das finanças abertas, uma pesquisa feita pela Finastra, empresa de softwares financeiros com sede em Londres, apontou para um elevado interesse em Open Finance e Open Banking em entre instituições de Singapura e Hong Kong.

Essa pesquisa foi realizada nos meses agosto e setembro de 2022, entrevistando 758 profissionais de instituições financeiras e bancos em Singapura, Hong Kong, França, Alemanha, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e EUA.

Hong Kong e Singapura apontam o Open Finance como uma necessidade para seus negócios

De acordo com a pesquisa, em Singapura, cerca de 99% dos entrevistados consideram a adoção do Open Banking como “obrigatório” ou “importante”, apontando um crescimento dos 97% entrevistados do ano anterior. Já em Hong Kong, a pesquisa revelou um forte interesse por finanças abertas, com 94% dos entrevistados considerando-as como “obrigatórias” ou “importantes”, indicando também crescimento sobos 92% em 2021.

Não é difícil entender o porquê desses números, já que 82% dos profissionais em Hong Kong concordam que o Open Finance está dando aos consumidores acesso a uma gama maior de serviços financeiros e 85% concordam que essa tecnologia tem o potencial de trazer serviços financeiros mais justos e igualitários. Já 76% concordam que o Open Finance está tendo um impacto positivo na indústria ao torná-la mais colaborativa.

Essa colaboração entre as instituições, entretanto, depende de uma infraestrutura digital que permita o compartilhamento dos dados de forma segura, rápida e simplificada. Dos entrevistados em Singapura e Hong Kong, 84% e 80% responderam que uma infraestrutura para compartilhamento de dados é uma peça fundamental para o Open Finance avançar nas regiões.

APIs são vistas como o primeiro passo para consolidar o Open Finance

A partir do compartilhamento desses dados, os bancos, por exemplo, podem oferecer uma gama de produtos financeiros personalizados a seus clientes e de outras instituições, acirrando a concorrência no segmento. Geralmente, esse processo ocorre por meio de uma API, sigla em inglês para Application Programming Interface.

Para entender como funcionam essas APIs é interessante pensar no GoogleMaps, cujas interfaces são utilizadas por diversos aplicativos para criarem seus próprios mapas. No caso do sistema financeiro, as APIs não seriam totalmente abertas, ou seja, os dados só seriam compartilhados mediante autorização do usuário para manter a privacidade e proteção das informações contidas.

De acordo com um relatório do BIS, o design de um ecossistema de finanças depende, em grande medida, da arquitetura das APIs para realizar a  identificação e autenticação que o fundamentam. Nesse sentido, um sistema API padronizado pode proporcionar a interoperabilidade necessária a todas as partes interessadas no Open Finance.

Hong Kong e Singapura podem aproveitar as estruturas de dados existentes para impulsionar Open Finance

Em Hong Kong, os esforços para o desenvolvimento de uma estrutura API começaram em 2018 com a publicação do “Open API Framework” para o setor bancário. Essa estrutura apresentou uma abordagem de quatro fases para implementar várias funções de API, recomendando padrões técnicos e de segurança seguindo os padrões internacionais para garantir uma adoção rápida e segura.

As duas primeiras fases entraram em vigor em 2019, estabelecendo as funções API para informações de produto (como ofertas de cartão de crédito e encargos de serviços) e funções para aquisição por parte de clientes (como pedidos de crédito ou cartões).

Já as outras duas fases começaram a ser implementadas em dezembro de 2021, disponibilizando funções de informação das contas, como: saldo, extrato bancário e alteração do limite de crédito, e funções de transação, como: pagamentos e transferências. Essas duas, desde então, vêm sendo implementas de forma gradual pelas instituições financeiras participantes.

Já em Singapura, a estrutura para compartilhamento dos dados é a Singapore Financial Data Exchange (SGFinDex), lançada no fim de 2020. Essa foi a primeira infraestrutura digital pública do mundo a usar uma identidade digital nacional e um sistema de consentimento on-line gerenciado centralmente para permitir que os indivíduos acessem, por meio de aplicativos, suas informações financeiras mantidas em diferentes agências governamentais e instituições financeiras.

Com o SGFinDex, os indivíduos podem usar seu Singpass (identidade nacional digital) para recuperar e compartilhar suas informações financeiras pessoais como depósitos, cartões de crédito, empréstimos, detalhes da apólice de seguro e investimentos. Os clientes, também, podem manipular informações dos bancos participantes da SGFinDex e seguradoras, além de suas informações financeiras nas agências governamentais relevantes.

MyData pavimenta o caminho do Open Finance na Coréia do Sul

A Coréia do Sul, por sua vez, deu um passo importante em direção a consolidação dos dados abertos no setor financeiro, beneficiando o desenvolvimento do Open Finance na região. Em 5 de janeiro de 2022, a Comissão de Serviços Financeiros da Coréia do Sul lançou plenamente o MyData.

Essa estrutura se trata de um serviço financeiro para dados baseados em API que conta com 33 provedores de serviços, incluindo bancos, empresas de investimento financeiro, empresas de cartões, bancos de poupança e fintechs que oferecem seus serviços usando APIs padronizadas.

De uma perspectiva de toda a indústria, o sistema MyData em API foi pensado para ajudar a resolver o problema do monopólio de dados, ampliando o acesso a informações para fintechs, promovendo a concorrência e criando empregos de qualidade no campo da ciência de dados.

Já do ponto de vista do consumidor, o MyData fornece um alto nível de privacidade e segurança de dados, exigindo testes de avaliação de tecnologia e uma inspeção anual sobre a vulnerabilidade do sistema. Os consumidores financeiros também se beneficiam de um maior nível de conveniência e praticidade, uma vez que os diversos dados financeiros disponíveis podem ser acessados em um único lugar.

A Financial Services Comission (FSC), uma das criadoras do MyData, deixou claro que usará a estrutura para mais serviços financeiros relacionados com big data, mirando criar um ciclo virtuoso na economia de dados e estabelecendo as bases para um sistema de “finanças abertas” que promoverá o crescimento de mais serviços financeiros baseados em Open Finance.

 

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