A transformação do sistema financeiro indiano

Nos últimos anos, a Índia chamou atenção pelo desenvolvimento do seu sistema de pagamentos. Esse avanço está se expandindo para todo o sistema financeiro, explorando novas oportunidades abertas pela digitalização da economia.
A transformação do sistema financeiro indiano
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O sistema financeiro indiano tem passado por grandes transformações ao longo dos últimos anos, ampliando consideravelmente a inclusão financeira não apenas das pessoas físicas, mas também das pequenas e médias empresas. Parte do êxito se deve às iniciativas do governo para impulsionar a digitalização da economia, criando oportunidades para o desenvolvimento do setor fintech.

Essa transformação tem sido possível graças a ampliação do acesso à internet e smartphones. Atualmente, a Índia já é o segundo país com o maior número de usuários de smartphones, se consolidando como um grande mercado digital. Além disso, a Índia conta com uma população jovem: 56% estão entre 20-59 anos.

Os pagamentos são o destaque do sistema financeiro indiano

O sistema de pagamentos indiano, por exemplo, virou referência no mundo além de ser um dos destaques do sistema financeiro do país devido ao sucesso no processo de digitalização após a criação da plataforma de pagamentos instantâneos conhecida como UPI, que foi inspiração para o Pix. De acordo com a Agência Nacional de Promoção e Facilitação do Investimento (Invest India), os pagamentos instantâneos na Índia ultrapassaram os 48 bilhões em 2021, o que representa 6,5 vezes o volume acumulado das principais economias do mundo: EUA, Canadá, Reino Unido, França e Alemanha.

Nesse sentido, novas iniciativas de digitalização estão sendo colocadas em prática para que a transformação do setor de pagamentos possa avançar por todo o sistema financeiro e, eventualmente, beneficiar outros setores da economia. Uma das iniciativas nessa direção é a plataforma lançada para conectar comerciantes indianos e importadores estrangeiros.

Lançado em 27 de maio de 2022, o Portal de Negócios é uma plataforma B2B que busca conectar exportadores indianos com compradores estrangeiros. O portal permite que pequenas e médias empresas (PMEs), artesãos e agricultores identifiquem novos mercados para seus produtos e aumentem suas vendas globais.

O Portal foi projetado pela Federação da Organização Indiana de Exportação (FIEO) em parceria com a GlobalLinker, e faz parte dos esforços do governo para promover sistemas de processamento sem papel e automatizados que simplifiquem procedimentos para os comerciantes.

O sistema financeiro indiano para além dos pagamentos digitais

O sistema financeiro, assim, tem buscado ir além e explorado novas fronteiras abertas pela digitalização da economia indiana.

Assim como no caso dos pagamentos digitais, esse processo tem sido acompanhado por importantes iniciativas do governo. Em 2015 foi lançado o Jan Dhan Yojana, uma iniciativa de inclusão no sistema financeiro. Estima-se que a iniciativa já tenha ajudado a criar 450 milhões de novas contas bancárias, ampliando o acesso a transferência direta de benefícios e aplicações de serviços financeiros, como crédito, seguros e pensões.

O mercado de investimento digital, por exemplo, ultrapassou a barreira de US$ 6,4 bilhões em 2021 e deve atingir a marca de US$ 14,3 bilhões até 2025, o que representa um CAGR de 5 anos da ordem de 22,4%.

Dentre todas as iniciativas, a Invest índia destaca que a mais importante para a digitalização do sistema financeiro indiano foi a IndiaStack. Essa plataforma agrega um conjunto de APIs (interface de programação de aplicações) que permite que governos, empresas, startups e desenvolvedores utilizem uma única infraestrutura digital para resolução de problemas digitais.

O India Stack é, atualmente, a maior API aberta do mundo e tem sido a força motriz por trás da evolução acelerada das fintechs, fornecendo uma infraestrutura digital pública para promover iniciativas digitais públicas e privadas.

As novas tendências estão exigindo atenção redobrada dos reguladores indianos

Por fim, vale destacar que esse desenvolvimento tem exigido atenção dos reguladores do sistema financeiro, o Reserve Bank of Índia (RBI), por exemplo, lançou neste mês diretrizes para os empréstimos digitais. O RBI emitiu diretrizes a todos os credores, incluindo bancos, para proteger os dados dos usuários de aplicativos de empréstimos digitais.

As diretrizes afirmam explicitamente que os aplicativos de empréstimo digital não podem acessar recursos de telefone celular, como arquivos e mídia, listas de contatos, registros de chamadas e funções telefônicas. Tal preocupação demonstra, no entanto, que o regulador está buscando garantir que essa modernização do sistema financeiro indiano ocorra de forma segura, mantendo a estabilidade do sistema.

 

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