Em breve, versões da expressão “Aceita Pix?” poderão ser reproduzidas em diferentes países do mundo. Isso porque o Banco Central do Brasil decidiu compartilhar livre e gratuitamente os códigos e protocolos de tecnologia e infraestrutura do sistema de pagamentos instantâneo brasileiro para que outros bancos centrais possam replicar o fenômeno Pix em suas economias.
Por isso, o ato de abrir os códigos do Pix pode ser entendido como uma abertura ainda maior: a do Brasil para o mundo como um hub de pagamentos digitais.
Essa decisão não só solidifica mais um passo do BCB em desenvolver o projeto de internacionalização do Pix, como também coloca o Banco central – e o Brasil como todo – em um patamar de alta exposição e destaque no cenário internacional como referência em infraestrutura, regulação, governança, inovação e liderança quando o assunto é pagamentos e transformação do sistema financeiro. Por isso, o ato de abrir os códigos do Pix pode ser entendido como uma abertura ainda maior: a do Brasil para o mundo como um hub de pagamentos digitais.
O interesse internacional pelo Pix
Não é de hoje que o Pix tem chamado atenção no mercado internacional e que o reconhecimento do potencial transformador do sistema de pagamentos instantâneo brasileiro tem pautado as discussões entre os grandes reguladores globais. Colômbia e Canadá, por exemplo, já deixaram bem claro as intenções de reproduzir o sistema Pix em suas economias nacionais, visando alcançar os mesmos resultados em inclusão financeira, inovação tecnológica e expansão do sistema com novos integrantes participantes.
Além disso, o Bank of International Settlements (BIS) – que já reforçou por diversas vezes reconhecimento ao Brasil pelo sucesso do Pix – também tem mostrado interesse em utilizar dos protocolos e know-how do projeto para fortalecer o Projeto Nexus, sua aposta de plataforma única de pagamentos instantâneos a nível internacional, que tem como alcance inicial previsto aproximadamente 60 países. O projeto busca interligar os diferentes sistemas de pagamento instantâneos nacionais em uma rede global a fim de tornar os pagamentos transfronteiriços mais rápidos, baratos e acessíveis nos moldes dos pagamentos em tempo real a nível doméstico.
A cooperação e disposição em compartilhar os dados e protocolos do Pix, portanto, não só coloca o Brasil como centro do debate, mas também reforça o interesse da economia brasileira para os demais players e investidores do mercado global. Com a exposição do processo de criação e desenvolvimento organizado pelo BCB para o lançamento do Pix, outros reguladores e autoridades financeiras também terão conhecimento da importância do banco central como regulador, supervisor e promotor da nova tecnologia e infraestrutura de pagamentos que possibilitou o sucesso do Pix.
A nova tecnologia Pix e a liderança digital do Banco Central
Além da esfera de relacionamento entre os bancos centrais e autoridades internacionais, a abertura dos códigos e protocolos do Pix também chama a atenção de outra fatia de extrema importância do mercado internacional: os players de tecnologia financeira. Não é novidade para ninguém que grande parte do sucesso Pix está fortemente associado à onda de inovação tecnológica associada aos serviços e produtos do sistema financeiro, colocando o Brasil em uma posição de ser percebido globalmente como um terreno fértil para o mercado de tecnologia financeira.
Nos últimos anos, o Brasil atingiu um patamar de liderança digital no setor público orientado pelos serviços e soluções tecnológicas de impacto e inclusão em larga escala, sendo líder na América Latina e 7º a nível global. Dentre as ferramentas que colocaram o país nesse patamar, a digitalização do setor financeiro, especialmente puxada pelo Pix, tem se tornado uma das principais vitrines desse processo. Esse resultado, apesar de multicausal, pode ser explicado em parte justamente pela colaboração e incentivo à inovação por parte do regulador, que tem conscientemente criado projetos que buscam dar espaço para o surgimento e crescimento de novas empresas de tecnologia financeira assim como de novos produtos e serviços que aprimorem a experiência dos usuários.
Aproveitando tal boa reputação conquistada, a abertura dos protocolos e códigos do Pix deve servir como motor para escalonar a posição do Brasil no ranking de liderança digital do Banco Mundial. Caso outros países comecem a replicar as tecnologias e infraestruturas bem sucedidas do Pix, a tendência é de que o Brasil se consolide também como um hub de tecnologia, inovação e integração digital e atraia a atenção e investimento de novas tecnologias e parcerias.
Do case de sucesso ao operador de sistemas internacionais: o Pix como impulsor
Interoperabilidade e integração de diferentes players em um arranjo de pagamentos marcam uma das grandes dores dos pagamentos internacionais tradicionais. Por isso, o Pix e o sistema de pagamentos instantâneos chamaram a atenção de diferentes atores globais pela praticidade. Se a fórmula de sucesso for compartilhada e replicada por um número considerável de países, o estabelecimento de acordos bilaterais e multilaterais entre países que operam no mesmo sistema de pagamentos vai reduzir de forma expoente as dores de comunicação e compatibilidade nas operações transfronteiriças.
Essa possibilidade agrada bastante autoridades internacionais como o BIS, Banco Mundial e outras que vem estudando novas alternativas para otimizar pagamentos internacionais. Com o compartilhamento de códigos e protocolos do Pix e a assistência e cooperação ofertada pelo BCB para as economias interessadas, o Brasil assume, também, uma posição de operador e conector dos sistemas de pagamento instantâneos que possam operar em uniformidade e eficiência.
Abertura de códigos do Pix abre novos caminhos para o BCB
Ao anunciar que os protocolos do sucesso de pagamentos brasileiro estariam disponíveis gratuitamente para qualquer parte, o BCB abriu um mar de oportunidades para continuar desenvolvendo o projeto Pix de forma crescente. Seja na esfera doméstica com as variadas novidades apresentadas pela instituição em 2022, seja além das fronteiras com o Pix Internacional e com as plataformas de pagamento instantâneas transfronteiriças.
A realidade é que, desde o lançamento do Pix e todos os desdobramentos dessa inovação de pagamentos, o BCB tem se mostrado alinhado e orientado a manter o Brasil como liderança global e referência de mercado. O compartilhamento do case de sucesso do Pix é mais uma estratégia que consolida a posição – merecida – do sistema financeiro brasileiro na fronteira do debate internacional e aposta para ilustrar os novos capítulos das evoluções do sistema de pagamentos global.
Amanda Stelitano é pesquisadora do Instituto Propague e mestranda em Economia Política Internacional pela UFRJ.
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@instpropague Os códigos do Pix serão abertos para outros países e sim, isso é uma boa notícia! #pix #pagamentos #bancocentral #AgoraVoceSabe #noticiastiktok ♬ Canyons – Official Sound Studio