Cartão de crédito: simplificação da fatura pode reduzir endividamento

Segundo pesquisa do BC, as informações dispostas nas faturas de cartão costumam ser apresentadas de forma técnica e confusa, limitando o entendimento do cliente, incentivando o pagamento de valores menores e elevando os gastos com juros.
Cartão de crédito: simplificação da fatura pode reduzir endividamento
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Equipe Propague
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Apesar da conveniência, usar o cartão de crédito pode custar caro para o consumidor, principalmente quando ele não paga o valor total da fatura, optando por usar o crédito rotativo ou parcelar o saldo devedor. Afinal, essa é uma das modalidades de crédito com juros mais elevados do mercado. As taxas médias anuais passam dos 300%, segundo o Banco Central (BC).

Dessa forma, o risco de aumentar o endividamento, e, consequentemente, a inadimplência, é alto. Para o BC, além da falta de atenção, a complexidade do produto, o baixo nível de conhecimento financeiro do usuário, bem como faturas nem sempre claras são algumas das causas que levam à má utilização.

Como solução, a autoridade monetária aponta que o design de faturas de cartão de crédito com layout e linguagem simplificados, dando destaque às informações mais importantes, como valor total e opções de pagamento, podem melhorar a compreensão do produto. Ao mesmo tempo, incentiva o cliente a tomar decisões financeiras mais acertadas e diminuir o endividamento.

Essas são as principais conclusões de um estudo divulgado pelo BC, no âmbito da edição 2021 do seu Relatório de Economia Bancária, lançado em outubro de 2022. O experimento foi conduzido de forma on-line, em conjunto com a consultoria Plano CDE e suporte financeiro da Fletcher School of Law and Diplomacy, pertencente à universidade norte-americana Tufts University.

Vale destacar que a pesquisa se insere dentro do escopo da promoção da Cidadania Financeira pelo banco, nos pilares de inclusão e educação financeiras e de proteção aos consumidores de serviços financeiros.

Layout das faturas de cartão de crédito e o comportamento do consumidor

De acordo com o BC, o estudo trouxe informações valiosas sobre como os indivíduos entendem as diferentes faturas de cartão de crédito e como as informações apresentadas os influencia na tomada de decisão de pagamento.

Conforme a autoridade monetária, layouts que priorizam a clareza e a organização das informações, destacando na primeira página aquelas mais relevantes, como valor total e formas de pagamento, ajudam o consumidor a ter melhor compreensão dos dados exibidos. Igualmente, reduzem o tempo gasto para encontrar o que precisam.

Aliás, os participantes do experimento que receberam faturas de cartão de crédito com essas características mostraram-se mais bem informados para identificar os efeitos ao optarem pelo crédito rotativo ou pagamento em parcelas.

Além disso, o banco central ressalta que os efeitos dos novos layouts apresentados na comparação com os existentes foram ainda mais significativos para as pessoas com nível de escolaridade menor. Assim, conclui, o emprego de faturas de cartão de crédito com base em estudos de comportamento pode trazer impactos ainda mais positivos sobre esse público.

A pesquisa analisou, ainda, se o efeito ancoragem ou escolha padrão também afetaria a tomada de decisão no pagamento da dívida. Nesse sentido, um valor pré-preenchido no campo pagamento poderia levar os indivíduos a pagarem o total da fatura do cartão ou um montante maior entre este e o valor mínimo, reduzindo o montante de juros a pagar.

Para chegar a essas conclusões, o experimento reuniu 3.022 pessoas, selecionadas de uma amostra balanceada com base em nichos de idade, sexo e perfil socioeconômico. Em seguida, os participantes foram divididos em dois grupos de tratamento e um de controle e submetidos a diferentes modelos de faturas de cartão de crédito. Por fim, eles responderam um questionário sobre a compreensão das faturas e tomada de decisão.

Perfil do mercado de cartão no Brasil

Entre as modalidades de cartão, o cartão de crédito é a mais utilizada no país, segundo dados da ABECS, associação que representa as empresas de meios eletrônicos de pagamento no Brasil. A saber, foram 8,8 bilhões de transações na primeira metade de 2022 (alta de 36%). Em seguida, vieram o cartão de débito (7,4 bilhões) e pré-pago (2,4 bilhões).

Em igual período, as compras realizadas com cartão de crédito também representaram o maior valor desembolsado, crescendo mais de 42%, somando pela primeira vez R$ 1 trilhão dentro de um intervalo de seis meses. Na sequência, vieram o cartão de débito (R$ 488 bilhões) e pré-pago (R$ 99,4 bilhões).

Adicionalmente, o estudo aponta que, em média, as famílias brasileiras possuem em torno de 30% de suas dívidas com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) referentes ao cartão de crédito.

 

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