Digitalização de pagamentos é puxada por Pix e cartões

Relatório aponta que o mercado de pagamentos em 2021 pode ser resumido em uma palavra: digitalização. Confira os meios que mais se destacaram.
Digitalização de pagamentos é puxada por Pix e cartões
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Equipe Propague
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Se em 2020 já se percebia um avanço significativo nessa direção, 2021 consolidou de vez o movimento de digitalização de pagamentos no Brasil. A saber, uma parcela importante desse processo deve-se ao Pix, sistema de pagamentos instantâneos lançado pelo Banco Central (BC) ao fim de 2020. No entanto, não se pode deixar de destacar o mérito dos cartões. Afinal, eles também influenciaram de maneira considerável a concretização desse fenômeno no país, principalmente devido às transações por aproximação e carteiras digitais.

Essas e outras conclusões fazem parte da mais recente edição do relatório “Mercado de Pagamentos em Dados”, por meio do qual o Instituto Propague e o time de Economic Research da Stone fazem um balanço do ano que passou.

Explorando dados como quantidade e volume de transações relacionados a cada meio de pagamento, a publicação dedicou-se a acompanhar não só o comportamento do mercado, como também o cenário competitivo observado no segmento de cartões como também a trajetória dos setores de varejo e serviços em 2021.

O papel do Pix na digitalização de pagamentos

Para entender como o Pix teve papel de destaque na digitalização de pagamentos em 2021, basta se ater ao fato de que ele passou a ser o principal meio de transferência de recursos da população em termos de quantidade de operações.

De fato, não se pode negar o salto que o Pix deu em importância no cotidiano financeiro dos brasileiros. Entre dezembro de 2020 e igual mês de 2021, o número de chaves cadastradas saiu de aproximadamente 134 milhões para cerca de 381 milhões, ou seja, 184% a mais.

Juntas, elas realizaram em torno de 1,5 bilhão de transferências em dezembro de 2021, o que equivale a um incremento de mais de 900% ante igual mês do ano anterior, quando foram feitas apenas 144 milhões de transações.

Aliás, aponta o relatório, mesmo considerando somente o comportamento das operações realizadas via Pix no segundo semestre de 2021, observa-se um acréscimo superior a 400% na quantidade, corroborando a importância da ferramenta para a consolidação do fenômeno de digitalização de pagamentos no país.

Já quando olhamos para o volume transacionado, o Pix movimentou cerca de R$ 700 bilhões em 2021, superando meios tradicionais de transferências de recursos, como boleto e do cheque.

A propósito, há evidências de que o Pix não só substituiu meios convencionais de transferências de recursos, como também foi capaz de expandir substancialmente esse mercado eletronicamente, configurando-se como mais uma alternativa para o consumidor dentre o leque de opções existentes, atestam os autores.

Além do protagonismo na transferência de recursos, o Pix também ganhou relevância como instrumento de pagamento além de transferências. Afinal, quando se olha o volume total movimentado entre o consumidor e as empresas através de boletos, cartões e Pix em 2021, este último passou a representar, em dezembro, aproximadamente 8%, contabilizando R$ 63 bilhões.

O mérito dos cartões

Ao lado do Pix, o cartão tanto na modalidade crédito, como débito e pré-pago é outro importante fomentador da digitalização de pagamentos em território nacional, expõe o relatório. Principalmente porque esse meio de pagamento é extremamente relevante para as famílias brasileiras.

Para se ter uma ideia, em apenas três anos, o volume transacionado por meio de cartões passou a corresponder a cerca de 55% dos gastos das famílias, tendo como base de comparação o último de trimestre de 2021 frente igual período de 2018, quando essa parcela era de 37%. É uma expansão de 18 pontos percentuais.

Nesse período, as três modalidades de cartões tiveram trajetórias consideráveis de crescimento. A saber, a modalidade crédito, registrou, em média, um avanço anual de 15,2%, a de débito cerca de 18% e a pré-pago com aproximadamente 102%, tendo apresentado o maior destaque. Tal destaque é decorrente do volume transacionado ainda ser menor que nas outras modalidades, levando a taxas de variação maiores.

Em termos de volume movimentado, em dezembro de 2021 contabilizou-se R$ 221 bilhões, com a modalidade crédito correspondendo a 60% desse valor.

Digitalização de pagamentos: gastos não presenciais e por aproximação

Outra constatação do relatório com o balanço do ano de 2021 do mercado de pagamentos é que gastos não presenciais e pagamentos por aproximação por meio de cartões e carteiras digitais caíram no gosto da população e fortaleceram a digitalização de pagamentos no Brasil.

Entre os últimos três meses de 2020 e igual período de 2021, os gastos não presenciais com cartões avançaram quase 26% (25,6%), somando R$ 168 bilhões. Enquanto isso, os pagamentos por aproximação, também chamados de contactless, anotaram um salto expressivo, crescendo 380% na mesma base de comparação, chegando a movimentar aproximadamente R$ 90 bilhões.

Desse modo, colocam os autores, “tal movimento reforça ainda que não só o cartão de crédito ajuda na digitalização da economia por substituir o uso de papel moeda, como também é um importante canal para acelerar o processo por ser a principal forma de pagamento em gastos não presenciais, como compras por e-commerce, que têm dito forte crescimento no Brasil”.

Vendas em varejo e serviços: expectativa versus realidade

A mais recente edição do relatório “Mercado de Pagamentos em Dados” traz ainda uma análise sobre o comportamento das vendas no varejo e no setor de serviços no ano que passou. Embora 2021 tenha sido apontado como o ano da retomada depois do que o mercado vivenciou no ano anterior com o início da pandemia de Covid-19, a realidade revela que ambos não conseguiram apresentar a recuperação esperada, mesmo com a retirada das restrições de mobilidade das pessoas.

Ao longo de 2021, a publicação chama a atenção para o fato de que alguns setores jamais conseguiram recuperar o volume de vendas de fevereiro de 2020, mês anterior ao decreto de pandemia no Brasil e no mundo. Alguns exemplos são os setores de combustíveis, material para escritório e livros/papelaria, com recuos que chegaram aos 40% como no caso deste último. Contudo, os segmentos ligados ao setor de supermercados mostram-se bem mais estáveis.

Já com relação ao setor de serviços, os segmentos ligados à prestação de serviços às famílias, foram os mais prejudicados pela pandemia, expõe o relatório. Assim como o segmento de alojamento e alimentação, que contempla hotéis, restaurantes entre outros, que também ainda não alcançaram o patamar pré-pandêmico.

Por outro lado, os segmentos relacionados a transportes e informações apresentaram trajetória oposta, crescendo, respectivamente, 11% e 10% no decorrer de 2021.

Ainda assim, o relatório ressalva será necessário ajustar as expectativas para 2022 à atual conjuntura econômica e acompanhar eventuais mudanças que possam ajudar no aproveitamento de todo o potencial da digitalização de pagamentos e demais transformações que se consolidaram no ano anterior.

Para conferir o relatório completo e saber mais detalhes acesse aqui.

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