Digitalização financeira facilitará transferências internacionais

O avanço tecnológico para o envio de remessas financeiras internacionais enfrenta alguns desafios e a digitalização financeira pode ser uma saída para facilitar a vida de quem depende dessa renda.
Digitalização financeira facilitará transferências internacionais
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Equipe Propague
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Diversas famílias em todo mundo dependem do envio de remessas financeiras internacionais para arcar com seus custos diários, investir em educação e ter acesso a saúde. Esse tipo de transação, entretanto, ainda carece de desenvolvimento e muitas vezes é feita por mecanismo informais. Assim, a digitalização financeira se torna uma importante ferramenta para agilizar e facilitar o envio de remessas.

O território asiático, em especial, é um dos que mais se beneficiaria com a digitalização financeira nesse quesito. Em 2019, a Ásia foi a região que mais recebeu remessas no mundo, com 45% dos fluxos globais, de acordo com o Asian Development Bank (ADB).

Além disso, para vários países asiáticos, principalmente os de menor renda per capita, as remessas representam uma proporção significativa do Produto Interno Bruto (PIB), como no caso de Tonga (40%), Tajiquistão (26%), Quirguistão (25%), Nepal (23%) e Samoa (17%).

Portanto, garantir que as remessas possam ser enviadas de forma segura e eficaz é uma necessidade de diversas famílias, empresas e países. Nesse sentido, o ADB destacou principais desafios na hora de enviar remessas, sugerindo como a digitalização pode ajudar a enfrentá-los.

A digitalização financeira ajuda a reduzir os custos e o tempo das transações

Entre os principais desafios está o custo de envio, afinal o alto preço das remessas significa uma perda de renda por parte dos beneficiários. A meta internacional é que o custo da transação não ultrapasse 3% do valor transferido, o que nem sempre se observa na prática.

Os principias fatores que contribuem para o alto preço das remessas são: a falta de concorrência, altos gastos operacionais, de conformidade legal e know-your-customer (KYC). O que se busca com a digitalização financeira é diminuir os custos ao reduzir o número de intermediários e ampliar a concorrência no setor, resultado que já começa a ser observado.

De acordo com o ADB, dados do terceiro trimestre de 2020 mostram que o preço para enviar dinheiro de uma carteira móvel para outra internacionalmente foi de 3,53%, o que contrasta com a média global para envio de remessas que foi de 6,75%, mas ainda se mantém acima da meta internacional.

Além do elevado custo, outro fator que dificulta o envio de remessa é o tempo necessário para aprovar os pedidos de licenças e para realizar as transações. Isso porque a maioria dos países tem processos de licenciamento e, no caso de remessas físicas, há o tempo de deslocamento.

Assim, a digitalização poderia agilizar os processos de adequação, além de evidentemente reduzir o tempo de envio, já que uma transação financeira digital demora muito menos tempo para se concretizar do que transação via remessa física.

Entretanto, ainda existe uma resistência com relação a adoção de serviços digitais para o envio de remessas. Em geral, o dinheiro vivo faz com que remetentes e receptores se sintam no controle da transação, dando o dinheiro a um agente ou pegando-o pessoalmente.

Isso traz, ainda, um desafio relativo às remessas fora do sistema financeiro formal o que, no pior dos casos, pode envolver um provedor informal organizado. Esses esquemas prometem mais praticidade, mas são ilegais e muitas vezes utilizados para lavar dinheiro ou financiar os grupos terroristas.

Nesse sentido, a digitalização financeira possibilita o uso da tecnologia como meio de mitigação dos riscos de lavagem de dinheiro e financiamento ilegal. A digitalização abre espaço para o uso de identidades digitais, análise de dados e inteligência artificial, o que ajuda a identificar a movimentação de fundos ilícitos.

Como implementar a digitalização financeira no segmento?

Uma das primeiras recomendações feitas pelo ADB diz respeito a educação financeira voltada para o envio de remessas. Ao ampliar a educação financeira, se eleva a confiança na digitalização dos serviços e amplia-se a adesão, principalmente, por parte dos grupos mais vulneráveis. Por isso as estratégias nacionais de educação financeira devem ser expandidas para incluir remessas digitais.

Nesse sentido, órgãos internacionais, como a Organização Internacional para as Migrações e a Organização Internacional do Trabalho, podem expandir seus programas de treinamento para educação financeira de modo a incluir informações específicas de remessas digitais.

Outro elemento central para adoção de serviços digitais é o desenvolvimento de uma infraestrutura de pagamentos integrada, o que ampliaria o ingresso de players no mercado, tornando as transações mais acessíveis e eficientes. Além disso, um sistema interoperável possibilitaria uma melhora na gestão de riscos, já que todos estariam interconectados, aumentando a transparência do sistema.

Por fim, o ADB destaca que os países deveriam aproveitar os cartões eletrônicos de identificação nacional (ID) para o envio de remessas digitais. Isso porque a ID digital pode ser uma porta de entrada para inclusão financeira, redução na ameaça de fraude de identidade e economia de tempo na autenticação das transações.

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