Fintechs e competição no mercado financeiro: um novo paradigma

A entrada de fintechs é estimulada tanto pelo processo de digitalização como pelo próprio BC para trazer maior inovação no mercado de pagamentos.. O resultado é uma nova dinâmica de competição do SFN.
Fintechs e competição no mercado financeiro: um novo paradigma
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Amanda Stelitano
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O universo do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e, consequentemente, do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) teve uma expansão meteórica nos últimos anos. Novos players foram incluídos e mudaram completamente o rumo de atuação dos agentes financeiros, gerando uma nova dinâmica de competição supervisionada e impulsionada pelo Banco Central do Brasil (BCB). 

É um caso, portanto, de pressão competitiva induzindo melhora no setor.

Com a nova era digital, os novos players – fintechs, grandes varejistas e até empresas não-financeiras – têm aproveitado da sua grande base de clientes para se solidificar no mercado de pagamentos e de crédito. Tal movimento tem sido responsável por reorganizar a forma de atuação do mercado como todo, com bancos incumbentes desenvolvendo estratégias voltadas para inovação, colaboração e experiência do cliente. É um caso, portanto, de pressão competitiva induzindo melhora no setor. 

Esse novo perfil de agentes, no entanto, não demandou apenas mudança na forma de atuação das empresas do setor, mas também na forma de atuação do regulador. Este terá de se manter em constante modernização para acompanhar o novo perfil do mercado, com diferentes tipos de agentes e mais digitalizado, para garantir a continuidade dos ganhos competitivos promovidos pelos entrantes.   

Pressão competitiva de fintechs gerou reação dos incumbentes: bancos buscam digitalização

A pressão feita pela entrada de novos agentes com modelos de negócio disruptivos e focados em qualidade já vem mostrando sua capacidade de movimentar o mercado em direção ao benefício para o consumidor, por estar forçando as instituições financeiras tradicionais a iniciar uma corrida pela digitalização de seus canais e plataformas. Muito impulsionado, também, pelo uso em massa dos smartphones, que se tornaram o principal instrumento de entrada ao setor financeiro e o principal canal de acesso às plataformas das instituições financeiras e de pagamentos, o novo perfil de consumidor digital abriu espaço para uma nova demanda de produtos e serviços que acompanhassem o ambiente virtual e que só seria suprido pela tecnologia financeira aplicada em pagamentos, serviços de crédito e demais nichos financeiros.

Em um movimento natural, como pontuado no Relatório de Economia Bancária de 2021 do Banco Central, instituições financeiras começaram a apostar em estratégias de digitalização para se manterem vivas na competição ao considerarem o possível obstáculo que as inovações trazidas pelos entrantes poderiam representar para a captação e manutenção de seus clientes. 

Tais estratégias têm sido centradas, segundo o mesmo relatório, na formação de parcerias, fusões e aquisições com o objetivo explorar o máximo possível dos benefícios de colaboração para acelerar o crescimento de suas plataformas e aumentar seu portfólio de carteiras e clientes. De qualquer forma, o que foi destacado pelo Banco Central foi a importância da pressão competitiva de entrantes como fintechs para induzir o comportamento dos incumbentes na direção de buscar competir por qualidade e preço, o que vai gerando, ao longo do tempo, benefícios para o consumidor.

Nova dinâmica de mercado demanda contínua modernização do BC

Assim, essa intensificação da competição associada aos entrantes é altamente favorável. No sistema de pagamentos, tem trazido benefícios como maiores possibilidades de escolha, novos produtos e serviços sendo oferecidos de forma personalizada para diferentes perfis de consumidores, maior eficiência na entrega dos serviços e maior preocupação com a experiência do cliente. 

Uma nova composição do mercado com atuação de diferentes perfis de agentes demanda que o Banco Central tenha uma postura de buscar inovação na sua forma de atuação. Até o momento, o regulador tem cumprido esse papel de forma assertiva. Comprometido com o seguimento da Agenda BC#, o BC tem colecionado iniciativas como a criação de duas instituições essenciais para atuação normativa e segura de fintechs – Sociedade de Crédito Direto e Sociedade de Empréstimo entre Pessoas -, a instauração e regulação do Open Banking, posteriormente ampliado para o Open Finance, e o fomento à primeira etapa do Sandbox regulatório, um ambiente-incubadora para teste e experimentos de novos produtos e serviços de tecnologia financeira. 

Porém, mesmo com a responsabilidade de boa parte do processo evolutivo de competitividade, cabe pontuar que, em um mercado em rápida transformação e com crescimento para diferentes escopos como tem se desenhado, será preciso tornar tal mentalidade de modernização um processo contínuo na atuação do regulador, a fim de garantir a continuidade do processo de ganhos competitivos.

Amanda Stelitano é pesquisadora do Instituto Propague e mestranda em Economia Política Internacional pela UFRJ.

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@instpropague Sabia que a entrada das Fintechs no setor financeiro estimula a competição e, por consequência, a modernização do setor? #fintech #bancocentral #bacen #tiktoknoticias #tecnologia ♬ Aesthetic – Tollan Kim

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