Impulsionados pela conveniência, velocidade e segurança, um número cada vez maior de consumidores prefere os pagamentos digitais na hora de fazer compras, pagar contas ou transferir dinheiro. Contudo, apesar de essa ser uma tendência global, a América Latina se destaca.
A conclusão é de um relatório recentemente publicado pela PYMNTS, que identificou que a América Latina representa um dos mercados financeiros mais promissores da atualidade, comportando 600 milhões de consumidores e gerando quase US$ 6 bilhões em valor interno bruto. Por essa razão, a região assumiu o posto de liderança na revolução dos pagamentos digitais, principalmente em tempo real.
De olho nesse cenário, ou seja, a fim de atender à crescente demanda, tanto os governos locais como as empresas que atuam na região estão ávidos por fornecer sistemas aprimorados de pagamentos digitais e instantâneos.
Nesse contexto, os mercados do Brasil, Argentina e México são os principais expoentes na corrida para se beneficiar do boom dos pagamentos digitais em seus territórios.
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Pix se destaca entre sistemas de pagamentos digitais
Ainda de acordo com o relatório, embora transações com dinheiro vivo ainda dominem o cenário dos pagamentos na América Latina, os consumidores estão rapidamente migrando para métodos de pagamentos digitais, muitos deles operando em tempo real, 24 horas por dia e sete dias por semana.
É o caso do Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC) brasileiro. O estudo cita que 43% dos cidadãos o utilizam diariamente, em contraste com 29% que usam cartões e aos 21% que optam pelo dinheiro.
Além disso, 82% dos entrevistados afirmaram que o Pix impacta positivamente ou muito positivamente o seu cotidiano, indicando como os pagamentos digitais estão transformando as transações financeiras no país.
Isso se confirma na análise do balanço de 2023. Segundo o BC, o valor transacionado via Pix cresceu 40% na comparação com 2022, ultrapassando R$ 15 trilhões. Essa cifra representa, ainda, um salto de 194% frente a 2021, primeiro ano de operação do sistema.
O levantamento do BC também informa que, ao final de 2023, o sistema contabilizava mais de 158 milhões de consumidores cadastrados, sendo quase 145 milhões de usuários pessoas físicas e cerca de 13 milhões classificados como pessoas jurídicas.
Deste total de usuários, aproximadamente 149 milhões de pessoas fizeram pelo menos uma transação por meio do Pix ou recebeu uma quantia através do sistema.
Por outro lado, enquanto no Brasil os pagamentos digitais instantâneos têm forte apoio governamental, na Argentina, de acordo com o estudo da PYMNTS, predomina o setor privado.
Uso do dinheiro segue em declínio na região
Diferentemente do Brasil e da Argentina, no Chile, a participação dos pagamentos digitais é bem menor, pois os consumidores ainda preferem utilizar dinheiro. Apesar disso, tem havido uma redução do uso desse meio de pagamento, evidenciando que o país segue a tendência observada em toda a América Latina.
De acordo com o relatório da PYMNTS, em 2022, a participação do dinheiro no total das transações de pagamento caiu para 23% nos pontos de venda, contra 27% no ano anterior.
Na Argentina, essa queda foi de 20%, ao passo que no Brasil e no México o recuo foi de 17%, enquanto em El Salvador a diminuição foi de 5%.
Desse modo, a fim de se adaptar a esse comportamento, muitas empresas mudaram suas estratégias. É o caso dos pequenos negócios: 92% deles afirmam aceitar mais amplamente pagamentos digitais.
Nesse cenário, as transferências ponto a ponto (P2P) e bancárias representam 82% dos pagamentos digitais, seguidas pelos pagamentos via marketplaces, com 33%, e QR Codes, com 32%.
Os telefones celulares são um dos principais vetores dessa mudança, já que 88% dos consumidores relataram utilizar os seus dispositivos para fazer transações ou abrir novas contas bancárias.
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Novos hábitos de compras
Outro aspecto revelado pelo estudo é que os pagamentos digitais são apenas uma parte da grande revolução tecnológica pela qual o setor financeiro passa na América Latina.
Isso porque, paralelamente, os consumidores também estão mudando a maneira como fazem compras, aproveitando a conectividade proporcionada pelos seus smartphones. Por meio desses aparelhos é possível consultar ofertas, pagar por produtos e serviços e interagir com as ferramentas digitais oferecidas pelas próprias lojas, tanto virtuais como físicas.
Um bom exemplo disso são os compradores mexicanos. Segundo a publicação, a parcela de compradores que pagam em lojas físicas com cartões de débito sem contato avançou 137%, saindo de 3,6% em 2021 para 8,6% em 2022. Ao mesmo tempo, a proporção de consumidores que pagam com cartões de crédito sem contato cresceu 418% em igual período.
Além disso, as carteiras digitais se tornaram bastante populares no país, especialmente entre as mulheres. Conforme o relatório, 24% delas pagaram suas compras mais recentes no comércio eletrônico utilizando uma carteira digital e 4% usaram essa ferramenta para pagar suas compras mais recentes em lojas físicas.
O papel dos smartphones nos pagamentos digitais
Porém, quando se fala do uso dos smartphones na jornada de compra e nas transações de pagamentos, são os consumidores brasileiros que se destacam. Afinal, eles usam seus dispositivos móveis em todas as etapas.
Embora os celulares sejam mais comumente associados ao comércio eletrônico, no Brasil, eles também são bastante presentes nas compras realizadas em lojas físicas.
Nesse aspecto, descobriu-se que metade dos consumidores usa smartphones enquanto faz compras presencialmente. Segundo a PYMNTS, eles utilizam o aparelho para verificar preços, ofertas e descontos.
Em relação aos pagamentos, a tecnologia sem contato está em alta: 48% dos compradores em lojas físicas no Brasil pagam suas compras com carteira digital ou cartão sem contato, apresentando aumentos médios de 200% ano após ano.
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