Pagamentos instantâneos na Europa ganham relevância

Os pagamentos em tempo real ocupam cada vez mais espaço em diversos países. Na Europa onde o Open Banking já é obrigatório, o foco regulatório agora está nessa nova tendência em pagamentos.
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Equipe Propague
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A digitalização e a conectividade transformaram os modelos de prestação de serviços em todo o mundo, nos mais diversos setores econômicos, sobretudo, no financeiro. Nos últimos anos, bancos e fintechs vêm investindo bilhões de dólares globalmente em seus canais e em pagamentos digitais, com as transações em tempo real sendo uma das principais tendências em 2022.

Na União Europeia (UE), por exemplo, onde o Open Banking é obrigatório, esses players não medem esforços para melhorar a experiência do usuário e, mais recentemente, o bloco adotou uma proposta legislativa para realização de pagamentos instantâneos na Europa.

A iniciativa, encabeçada pela Comissão Europeia, prevê transações em tempo real em euros, disponíveis para pessoas físicas e jurídicas que tenham conta bancária na UE e nos países do Espaço Econômico Europeu (EEE), segundo comunicado de imprensa divulgado na última semana de outubro de 2022.

Ainda de acordo com a Comissão, a proposta visa tornar os pagamentos instantâneos na Europa mais acessíveis, seguros e processados sem impedimentos em toda a região, com mais velocidade e conveniência para os consumidores.

A expectativa do órgão regulador é de que as pessoas consigam transferir dinheiro em torno de dez segundos a qualquer dia e hora. Isso é definitivamente mais rápido que as transferências de crédito convencionais em operação. Afinal, no modelo tradicional, os recursos são primeiramente recebidos pelos fornecedores de serviços de pagamento somente em horário comercial e só caem na conta do destinatário até o dia útil seguinte, o que, às vezes, pode levar até três dias consecutivos.

O que prevê a proposta de lei de pagamentos instantâneos na Europa

Em linhas gerais, a proposta de lei para pagamentos instantâneos na Europa visa remover as barreiras que ainda impedem que esse tipo de transação e suas vantagens sejam mais divulgadas. Para se ter uma ideia, no começo de 2022, somente 11% do total das transferências de crédito efetuadas em euros no espaço da UE foram instantâneas, enquanto, em muitos países, os pagamentos instantâneos rapidamente se tornaram populares, argumenta Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo da Comissão.

Dessa forma, ele afirma que as transferências também devem ser acessíveis a todos no continente europeu para que a UE se mantenha competitiva globalmente, usufruindo ao máximo as oportunidades para inovar proporcionadas pela era digital.

Nesse sentido, a proposta, que modifica e atualiza o regulamento sobre o SEPA (sigla em inglês para Regulamento de Pagamentos Únicos em Euros) pela primeira vez desde 2012, consiste em quatro pontos fundamentais:

  • Disponibilização universal de pagamentos instantâneos em euros, exigindo que os prestadores de serviços de pagamento no âmbito da UE que já oferecem transferências a crédito em euros também forneçam sua versão instantânea em um prazo definido;
  • Tornar acessíveis os pagamentos instantâneos na Europa, obrigando os prestadores de serviços de pagamento a garantir que o preço cobrado por esse tipo de operação em euros não ultrapasse o valor praticado pelas transferências a crédito não instantâneas tradicionais na mesma moeda;
  • Aumentar a confiança nos pagamentos instantâneos, com os prestadores de serviço de pagamento devendo verificar possíveis erros ou fraudes antes de o pagamento ser efetuado;
  • Eliminar os atritos no processamento dos pagamentos instantâneos na Europa, preservando a eficiência de rastreamento de pessoas sujeitas a sanções do bloco.

Tendências globais para pagamentos em tempo real

Além das transações instantâneas, a exemplo do que propõe a UE para os pagamentos instantâneos na Europa, existem outras tendências quando se fala em pagamentos em tempo real. É o que aponta, por exemplo, Dean Wallace, diretor de modernização de pagamentos ao consumidor da ACI Worldwide, em artigo publicado na plataforma The Paypers.

Uma delas é que à medida que a digitalização acelera as mudanças e diversifica os tipos de pagamentos, as instituições financeiras têm apostado cada vez mais em serviços de pagamento hospedados em nuvem. A saber, custos de gerenciamento reduzidos e escalabilidade aprimorada são o que justificam a adoção, explica o especialista.

Outra tendência explorada por Wallace é a consolidação cada vez maior da conectividade dos pagamentos e de modelos que garantam a interoperabilidade. Ou seja, trata-se de consolidar o processamento de vários métodos de pagamento em um único hub, capaz de responder com agilidade às oportunidades de mercado em ritmo acelerado, combinada com a eliminação de custos e a complexidade do modelo operacional atual.

Conforme disse, isso permitirá que bancos, adquirentes e emissores reduzam drasticamente a carga operacional de se conectar e gerenciar vários arranjos de pagamentos e, assim, possam se concentrar em agregar valor ao cliente.

Por fim, destaca Wallace, é preciso ter em mente que os cartões continuarão a manter sua relevância. Contudo, ele alega que existe o desafio de os emissores estarem atentos às leis de conformidade, assim como precisam fazer mais investimentos em tecnologia, a fim de aumentar a eficiência de custos e a lucratividade.

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