Agilidade, segurança e conveniência são fatores que estão levando cada vez mais clientes bancários para o meio digital. Por meio de canais eletrônicos, como o mobile banking, o banco está na palma da mão do usuário 24 horas por dia e sete dias por semana. Tanto que, ao fim de 2021, 70% das transações bancárias, tomando-se como exemplo o Brasil, aconteceram através da internet e smartphones.
O reflexo desse novo perfil de cliente pode ser visto, por exemplo, na terceira edição da pesquisa de Tecnologia Bancária 2022 da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), conduzida pela consultoria Deloitte.
Segundo a publicação, a movimentação financeira por meio de smartphones cresceu 75% em 2021, alcançando 16,3 bilhões de operações em comparação à 9,3 bilhões no ano anterior. Nesse contexto, é possível entender o avanço de 72% no pagamento via mobile banking.
Além disso, a pesquisa também aponta que o usuário que acessa seu banco por meio de aplicativo o faz, em média, 40 vezes mensalmente, o que corresponde a praticamente o dobro do contabilizado em 2020.
Em contrapartida, somente 3% das transações bancárias foram feitas presencialmente em agências, o que, conclui a Febraban, reforça cada vez mais o novo papel atribuído a este canal, dedicado ao fornecimento de serviços como consultoria em investimentos, crédito, seguros e previdência.
Enquanto isso, as transações bancárias através de caixas eletrônicos recuaram 11% e, nos correspondentes bancários, cerca de 8%. Já por outro lado, as operações feitas com as maquininhas de cartões cresceram 10%.
Pix é um dos vetores das transações bancárias digitais
Nesse novo cenário de digitalização das transações bancárias, o sucesso do Pix, o sistema de pagamento instantâneo do Banco Central (BC), é reflexo direto do interesse do brasileiro em interagir com a tecnologia. Ademais, o Pix surge como uma poderosa ferramenta de inclusão financeira no país.
De acordo com a Febraban, nos 12 meses anteriores a março de 2022, o número de usuários que fizeram mais de 30 pagamentos ou transferências de fundos utilizando o Pix mensalmente deu um salto de 809%, ao passo que a base de clientes cadastrados avançou 72%. Já o volume de usuários que recebeu mais de 30 transações Pix por mês cresceu 464%.
Este é o segundo ano em que a pesquisa de Tecnologia Bancária da Febraban dedica um capítulo sobre as transações com esse sistema de pagamento instantâneo, tendo em vista o avanço dos canais digitais nas transações bancárias.
Transferências digitais domésticas devem crescer 50% globalmente
O que acontece no Brasil, no que tange às transações bancárias por meio de canais digitais, refletindo um novo perfil de cliente, também se estende a outros países. Principalmente quando se fala nas transferências domésticas de dinheiro feitas digitalmente, as quais tem projeção de um salto de quase 50%. Essas devem exceder US$ 300 bilhões globalmente em 2026 ante os US$ 207 bilhões projetados para 2022.
É o que revela um novo estudo da Juniper Research, o qual aponta como principais impulsionadores os diversos aplicativos de serviços financeiros e super aplicativos, facilitando a digitalização de pagamentos anteriormente baseados em dinheiro, incluindo mensagens e acesso a outros serviços juntamente com pagamentos.
Nesse contexto internacional, a pesquisa prevê que a China, os Estados Unidos e a Índia responderão por cerca de 74% das transações globais de transferência de dinheiro doméstica realizadas digitalmente em 2026.
Além disso, para que isso se concretize, a pesquisa também aponta o apelo dos pagamentos sociais. Em outras palavras, aqueles pagamentos integrados às plataformas sociais, como o WeChat Pay na China e Venmo nos EUA.
Nesse sentido, há a recomendação para que os fornecedores de serviços de transferência de dinheiro identifiquem as plataformas sociais mais populares em cada país e busquem criar parcerias que permitam impulsionar os pagamentos sociais e garantir o melhor retorno do investimento. Nessa direção, os mercados da América Latina e Europa Ocidental têm maior projeção de crescimento, aponta Damla Sat, um dos coautores da pesquisa.
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