5G no Brasil: como essa tecnologia afeta o mercado de pagamentos?

O primeiro benefício do leilão do 5G para a digitalização dos pagamentos no Brasil será a ampliação da cobertura da rede de dados móveis.
Data
Autor
Instituto Propague
Produto
Compartilhar

O 5G no Brasil está cada vez mais próximo. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou o texto do leilão para concessão das faixas de radiofrequência do 5G em fevereiro e aguarda a análise do Tribunal de Contas da União.

O leilão não tem data marcada, mas está previsto para julho de 2021. Segundo o ministro de Comunicações, Fábio Faria, o 5G estará disponível em todas as capitais brasileiras ainda em 2022.

Conforme o 5G se aproxima da realidade aqui no Brasil, surge o questionamento sobre quais efeitos isso deve ter para o mercado das fintechs e para os consumidores de serviços financeiros.

O que é a tecnologia 5G?

O 5G é uma evolução da tecnologia de transmissão de dados móveis com baixa latência, isto é, o tempo de resposta do servidor a um dispositivo é mínimo. Para se ter uma ideia, enquanto a latência do 4G é de 50 milisegundos, o 5G pode chegar a menos de 1 milisegundo.

Com isso, o 5G traz grandes oportunidades ao levar internet rápida para vários tipos de dispositivos, como automóveis, instrumentos hospitalares, câmeras e equipamentos de segurança, entre muitos outros – a chamada Internet das Coisas.

Desse modo, o 5G se direciona principalmente a inovações na indústria, com aplicabilidade na área da saúde, agropecuária, segurança, transportes, e muitos outros. O 5G também pode viabilizar a oferta de conexão de banda larga fixa aos domicílios brasileiros sem a necessidade de cabeamento.

Número de acessos da telefonia móvel por tecnologia, Brasil, 2011 a 2020

5G no Brasil: como essa tecnologia afeta o mercado de pagamentos?

O 4G é a tecnologia predominante nos acessos à rede de dados móvel, embora o 2G e o 3G ainda sejam utilizados em mais de 25 milhões de acessos no Brasil. Fonte: Anatel

Impacto do 5G no setor financeiro pode chegar a 86 bilhões de dólares

O 5G pode ter um impacto de até US$ 86 bilhões no PIB global de serviços financeiros até 2030, segundo estudo da consultoria PwC. Na América Latina, a projeção é mais modesta: US$ 1 bi até 2025, e US$ 3 bi até 2030.

Segundo o mesmo estudo, um dos grandes potenciais do 5G para a indústria dos serviços financeiros é avançar na digitalização, apostando na jornada digital dos clientes, e possibilitando a redução de custos com os canais físicos, especialmente a rede de agências e postos de atendimento.

Mas os economistas da PwC também destacam a oportunidade que a rede 5G traz para reduzir perdas com fraudes. Isso porque o 5G também aumenta a precisão dos dados utilizados em protocolos de segurança, de localização ou reconhecimento facial, por exemplo.

O que esperar para o mercado de pagamentos e fintechs com a chegada do 5G no Brasil

Para os consumidores, deve haver uma aceleração nos tempos de processamento de serviços em canais digitais (para solicitar um extrato, enviar um pagamento, etc). Mas este não é o grande diferencial do 5G.

Focando no sistema financeiro, a conexão pelo 5G vai impulsionar o desenvolvimento de novos serviços com tecnologias que requerem a transmissão de um alto volume de dados, unindo a inteligência artificial, Big Data e a Internet das Coisas.

Isto depende, é claro, do investimento das fintechs e players tradicionais em inovações desse tipo. Um exemplo do que pode surgir são soluções de aconselhamento financeiro em tempo real por inteligência artificial (bots) com um nível de precisão cada vez maior.

A aplicação do 5G no mundo das fintechs também permitirá executar operações com o uso da Internet das Coisas e da realidade virtual. Isto significa a expansão dos wearables e outros dispositivos como canais para realizar transações, indo muito além dos smartphones. Com um óculos VR, por exemplo, o consumidor poderia escanear um produto no supermercado e pagar por ele apenas com movimentos dos olhos ou comando de voz.

Em suma, com o 5G, os provedores de serviços financeiros e pagamentos por canais digitais poderão ofertar mais rapidez nas transações e nos protocolos de segurança, mas também uma variedade de melhorias na experiência dos usuários com base na troca de dados.

Expansão da cobertura pode ampliar adesão aos meios de pagamentos digitais

Um efeito indireto do 5G no Brasil para a oferta de serviços financeiros é que as empresas ganhadoras no leilão serão obrigadas a investir na cobertura de sinal em todos os municípios brasileiros.

“Esta é a primeira vez que a Anatel fará um leilão que não é arrecadatório, e sim voltado para investimentos. Todo valor acima do preço mínimo será revertido para as 2,3 mil localidades que ainda não possuem 4G habilitado, para as rodoviárias federais e povoados rurais”, afirmou o secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra, à Agência Brasil.

Municípios com cobertura de Telefonia Móvel por tecnologia, dezembro de 2020

5G no Brasil: como essa tecnologia afeta o mercado de pagamentos?

Fonte: Anatel.

Assim, quem mora em regiões rurais e ainda não tem acesso à internet 4G será beneficiado com a expansão da rede. Para o mercado de pagamentos, isso significa novos potenciais usuários.

Atualmente, os canais digitais são o principal meio de inclusão financeira, com a expansão das contas digitais de baixo custo e o desenvolvimento do Pix. No entanto, a dificuldade em acessar a internet rápida é um dos empecilhos para que as populações em municípios menores, especialmente na área rural, possam tirar proveito da revolução digital em pagamentos.

Todos os produtos

Quer se
aprofundar mais?

Com uma linguagem simples de entender, as análises do Instituto Propague vão te deixar por dentro dos principais temas do mercado.

Leia agora!