ChatGPT chega na Ásia: primeiras impressões e preocupações

O ChatGPT foi recebido de forma amplamente entusiasmada, mas sua recepção na Ásia tem sido variada. Enquanto alguns países abraçaram o modelo de linguagem de IA, outros têm sido mais cautelosos devido a preocupações com privacidade e segurança de dados.
Chat GPT chega na Ásia: primeiras impressões e preocupações
Data
Autor
Equipe Propague
Produto
Compartilhar

O ChatGPT é um modelo de linguagem de inteligência artificial (IA) desenvolvido pela OpenAI, que usa técnica de deep learning para gerar textos de alta qualidade em resposta a perguntas ou declarações dos usuários. O GPT, que significa “Generative Pre-trained Transformer”, é um modelo pré-treinado em uma enorme quantidade de dados textuais, incluindo livros, artigos, sites e outras fontes de texto disponíveis na internet.

Embora o ChatGPT seja uma tecnologia promissora, é importante lembrar que ele ainda está em desenvolvimento e tem suas limitações. Além disso, as sociedades modernas ainda estão aprendendo a lidar com a incorporação de tecnologias como o ChatGPT, o que tem gerado reações diversas ao uso e incorporação dessas tecnologias.

Na Ásia, por exemplo, cada país tem reagido à sua maneira à exposição da nova tecnologia. Essa diferença se dá, principalmente, entre aqueles países que se destacam como importantes centros de tecnologia regionais e globais. Essas diferenças se encontram desde a utilização do GPT em serviços públicos até a limitação do uso por parte da população.

Na China, por exemplo, de acordo com o portal de notícias NIKKEI Ásia, o ChatGPT tem enfrentado restrições do governo por razões geopolíticas, enquanto as Big Techs do país desenvolvem suas próprias plataformas IA. Na Coréia do Sul, outro gigante da área, as grandes empresas de tecnologia, também, estão desenvolvendo plataformas próprias para competir com o ChatGPT, mas não há notícias de regulamentações limitando o seu uso até o momento.

Representando o sudeste asiático, o Ministério da Educação de Singapura declarou incentivos educadores com objetivo de explorar o uso de ferramentas de IA, incluindo o ChatGPT, para melhorar a aprendizagem dos alunos. E, por fim, na Índia, seguindo um uso menos comercial dessa tecnologia, o governo está estudando a implementação do ChatGPT ao Whatsapp para ajudar a população rural a conhecer melhor os programas e iniciativas governamentais.

Após lançamento do ChatGPT, reguladores chineses notificam as principais Big Techs nacionais

Os reguladores da China alertaram as principais empresas de tecnologia e comunicação do país sobre o uso do ChatGPT. A Tencent Holdings e a Ant Group, por exemplo, receberam instruções diretas para não oferecer acesso aos serviços do ChatGPT em suas plataformas e, também, foram notificadas a relatar aos reguladores antes de lançarem seus próprios serviços desse tipo.

Embora o ChatGPT não esteja oficialmente disponível na China, alguns usuários conseguiram acessá-lo usando VPNs. Desenvolvedores de terceiros, também, lançaram dezenas de “miniprogramas” no aplicativo WeChat da Tencent, afirmando oferecer serviços do ChatGPT. Sob pressão regulatória, a Tencent suspendeu vários desses serviços.

Portanto, o desafio principal das gigantes de tecnologia se dá em tentar acompanhar as fronteiras de inovação e tendências, ao mesmo tempo que precisam entender os reais impactos e possíveis ameaças que o uso equivocado dessa tecnologia pode trazer para a segurança nacional. Na tentativa de convencer consumidores e investidores de que seus sistemas de desenvolvimento estão alinhados com as novas tecnologias e garantir aos reguladores e autoridades que novos produtos e plataformas não representam risco à estabilidade e proteção doméstica, as Big Techs buscam soluções em adaptações e programações próprias.

Big Techs chinesas tentam desenvolver substituto para o ChatGPT

Nesse cenário, algumas das principais Big Techs chinesas vêm apostando no desenvolvimento das suas próprias estruturas que possam atuar como substitutas ao ChatGPT, sem a necessidade restrita de utilizar essa plataforma.

Esse é o caso das empresas como Baidu, Alibaba, JD.com e NetEase. A Alibaba, por exemplo, anunciou por meio de sua divisão de nuvem, que está trabalhando em uma tecnologia semelhante ao ChatGPT que poderia ser integrada em seus produtos de computação em nuvem.

Enquanto isso, a NetEase, empresa de tecnologia e comunicação, afirmou que sua subsidiária de educação, Youdao, vem trabalhando em inteligência artificial geradora, acrescentando que a tecnologia poderia ser integrada em alguns de seus produtos educacionais.

Já a empresa de comércio eletrônico chinesa JD.com, anunciou que lançará uma versão industrial semelhante ao ChatGPT, chamada ChatJD, que se concentrará em aplicativos nas áreas de varejo e finanças.

Gigante de tecnologia sul coreana planeja lançar um “super aplicativo” baseado em IA

A SK Telecom, uma das maiores operadoras da Coreia do Sul, planeja lançar totalmente seu próprio chatbot de inteligência artificial chamado “A.” (pronuncia-se A ponto), mas, parece buscar um resultado diferente do produto oferecido como ChatGPT.

A versão beta de “A.” foi lançada em maio de 2022 e é baseada em inteligência artificial generativa, a mesma tecnologia por trás do viral ChatGPT da OpenAI. Eric Davis, vice-presidente da SKT, que lidera o trabalho em A., entretanto, disse que a empresa lançará uma versão completa na Coreia do Sul ainda em 2023, acrescentando que essa proposta é muito diferente do ChatGPT.

Davis informou que a SKT tem trabalhado em “A.” há um ano e meio, usando modelos de linguagem treinados em grandes quantidades de dados para conversar em linguagem natural e humanizada. O vice-presidente afirma, ainda, que a proposta do “A.” é semelhante à experiência de “conversar com um amigo”.

Embora “A.” use a mesma base de tecnologia por trás do ChatGPT, a proposta apresentada é de posicionar o produto como algo diferenciado. Isso se deve ao fato de que a SKT possui uma ampla gama de serviços, incluindo streaming de música, comércio eletrônico e aplicativos de pagamento, que estão em desenvolvimento para serem integrados aos serviços do chatbot.

Davis acrescenta, ainda, que a ideia é criar um “super aplicativo”, que possa realizar uma variedade de funções e serviços, oferecendo aos usuários uma solução abrangente em um só lugar.

Ministério da Educação de Singapura explora o uso do ChatGPT para educação

De acordo com “The Strait Times”, jornal de maior circulação de Singapura, o Ministro da Educação, Chan Chun Sing, informou ao Parlamento do país que existem grupos de discussão profissionais entre educadores para explorar o uso de ferramentas de inteligência artificial focados em melhorar a aprendizagem dos alunos.

A ideia do Ministério da Educação de Singapura (MOE) é orientar os professores em sala de aula sobre como usar ferramentas de IA, como ChatGPT, para melhorar a aprendizagem, uma vez que essas ferramentas provavelmente se tornarão cada vez mais presentes com o tempo.

O ministro compara o ChatGPT a uma calculadora para aprender matemática, mas disse que o ChatGPT pode ser uma ferramenta útil para a aprendizagem apenas quando os alunos dominam conceitos básicos e habilidades de pensamento. É por isso que o MOE de Singapura também fornecerá aos alunos as habilidades para usar ferramentas de IA de forma responsável, acrescentou.

Quando questionado sobre as medidas adotadas para evitar a trapaça com o uso da IA, o ministro da Educação esclarece que as instituições de ensino superior do país têm vários modos de avaliação – como exames, apresentações e projetos – que exigem análise, notas de campo e detalhes observacionais que não podem ser gerados facilmente pela tecnologia de IA.

ChatGPT pode ampliar o acesso a programas governamentais na Índia

Assim como em Singapura, alguns ministérios da Índia estão explorando as possibilidade de como o ChatGPT pode beneficiar a população nacional. Nesse sentido, o governo indiano começou a trabalhar no desenvolvimento de um chatbot do WhatsApp com base no ChatGPT da OpenAI voltado para a população rural.

A iniciativa é um projeto da equipe Bhashini, do Ministério da Eletrônica e Tecnologia da Informação (MeitY), e visa capacitar agricultores e demais população das áreas rurais da Índia, a conhecer os programas e benefícios do governo.

Motivado pela crescente inclusão digital na região e no entendimento dos diferentes dialetos falados no país, a equipe Bhashini está trabalhando em um modelo de linguagem com base nos conjuntos de dados de diferentes idiomas regionais, especialmente aqueles que dominamas áreas rurais, para evitar barreiras de acesso e exclusão nas plataformas governamentais.

Atualmente, na fase de teste, o chatbot do governo indiano já suporta 12 idiomas, incluindo inglês, hindi, marathi, bengali, kannada, tamil, telugu, odia e assamês.

 

Veja mais:

ChatGPT: o que é e como pode mudar as relações de trabalho?

ChatGPT: uma odisséia no espaço? O papel da IA na sociedade

Hub de fintechs, Singapura ainda enfrenta alguns desafios

Inclusão digital pode auxiliar na ampliação de serviços públicos

Ásia lidera crescimento do comércio digital de serviços

Todos os produtos

Quer se
aprofundar mais?

Com uma linguagem simples de entender, as análises do Instituto Propague vão te deixar por dentro dos principais temas do mercado.

Leia agora!