Nos últimos anos, o setor financeiro vem rapidamente incorporando tecnologias aos seus modelos de negócio, produtos e serviços. Atualmente, big data, inteligência artificial, infraestrutura em nuvem e blockchain são alguns exemplos de inovação em tecnologia que impactam o setor e contribuem para a entrada de novos agentes e produtos no mercado.
Essa gama de novos entrantes e modelos de negócios tem gerado uma transformação regulatória, forçando tanto reguladores quanto agentes do mercado a se adaptarem. Assim, o mercado de RegTech e SupTech surgiu para ajudar as entidades a navegarem as novas demandas, usando as mesmas tecnologias que geram inovações de modelo de negócio e produtos para resolver questões de conformidade e supervisão.
Um exemplo interessante são os usos de BigData e Inteligência Artificial. Essas tecnologias permitem a análise de grandes conjuntos de dados, sendo úteis para supervisionar e prevenir ações fraudulentas ou acelerar a análise de conformidade de crédito, por exemplo.
Embora os termos SupTech e RegTech tenham se popularizado, ainda não contam com consenso sobre seu significado. É comum se referirem à aplicação de tecnologias para desenvolvimento de soluções que modernizem o processo regulatório. Muitos as diferenciam em relação a para qual lado do processo a solução é desenvolvida: RegTech para empresas buscando conformidade e SupTech para reguladores buscando modernizar o processo de supervisão. Como não há consenso, tem quem use RegTech para os dois.
De qualquer forma, percebendo que tal mercado está crescendo com a transformação digital financeira, o Banco de Desenvolvimento da Ásia (ADB) lançou um estudo mapeando o cenário global e algumas das estratégias adotadas pelos países asiáticos. O material trata RegTech como soluções tecnológicas para o processo de conformidade regulatórioa, com SupTech abrangindo o uso da tecnologia por autoridades regulatórias e unidades de inteligência financeira.
SupTech na Ásia: Iniciativas de Índia e Singapura chamam atenção do ADB
O material mostra como a Ásia, que despontou como um centro tecnológico no setor financeiro, tem se destacado no desenvolvimento de diversas iniciativas RegTech e SupTech.
Um dos destaques é o sistema RegTech Índia Stack. O sistema é complexo e possui quatro níveis, mas a título de exemplo contribui para a modernização do processo regulatório por ter um sistema nacional de identificação biométrica que agiliza a confirmação da identidade, o que reduz custos e acelera processos de conferência de conformidade de requisitos como AML. O sistema também permite a manutenção de cópias de documentos necessários para atender aos requisitos de KYC,.
Já em Singapura, a Autoridade Monetária (MAS) tem utilizado estratégias de SupTech e Regtech para avançar o ecossistema fintech da região, apostando na identificação digital (ID), governança de dados e plataformas de inovação. Em uma das suas iniciativas, o MAS lançou o sistema Apollo, uma ferramenta SupTech que automatiza a revisão de dados do comércio das empresas, aproveitando o uso de algoritmos e análises estatísticas para identificar negócios suspeitos e manipulação de mercado.
Assim, por meio desse sistema, o MAS pode supervisionar adequadamente essas negociações. Além disso, o projeto permite testes de cenários, auxiliando na priorização de casos e ajuste de estratégias.
Suptech e Regtech também ganham tração em outras economias asiáticas
Apesar de Índia e Singapura chamarem atenção com suas iniciativas de SupTech/RegTech, o mercado está avançando em outras economias da região, como Hong Kong e Tailândia.
Olhando para este último, o Banco da Tailândia está aproveitando um sistema de inteligência artificial SupTech para acelerar a compilação e análise de dados. Com o novo sistema, o Banco Central tailandês pode, rapidamente, compilar, categorizar e classificar os dados de fontes diversas, como agências públicas ou privadas, além de tornar mais seguro o compartilhamento com outros organismos governamentais e internacionais.
Essa estrutura agiliza a supervisão e organização, por exemplo, dos dados do Sistema de Informações sobre Gestão Fiscal do Governo (GFMIS) que conta com informações, anuais de mais 180.000 projetos. Esse processo é tarefa do Banco Central que e responsável por classifica-los de acordo com diretrizes do Fundo Monetário Internacional.
O documento da ADB ainda traz outras análises do crescimento do mercado de SupTech e RegTech na Ásia, com os destacados acima sendo apenas alguns dos principais. Mesmo assim, já são suficientes para demonstrar como a região está apostando no setor para garantir a continuidade do processo de inovação regulatória do sistema financeiro.
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