Tecnologias financeiras estão no horizonte da Nova Rota da Seda

A Nova Rota da Seda é um dos maiores projetos de infraestrutura da história moderna e tem o potencial de transformar a maneira como o mundo faz comércio. O projeto representa uma grande oportunidade para aplicação e o desenvolvimento de tecnologias financeiras que já estão se inserindo na iniciativa.
Tecnologias financeiras estão no horizonte da Nova Rota da Seda
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Equipe Propague
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A Nova Rota da Seda (NRS) é um projeto chinês, lançado em 2013, composto por programas de investimentos voltados para infraestrutura, mas que possuem implicações para diversos setores, levando a NRS a ser, reconhecidamente, uma oportunidade para a indústria financeira implementar e testar as novas tecnologias financeiras.

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Inicialmente, a Nova Rota da Seda reuniria cerca de 4,4 bilhões de pessoas, aproximadamente 29% da produção global, em valores de 2016. No entanto, desde o seu lançamento, a China seguiu formalizando novos memorandos de entendimento com diversas nações interessadas, de modo que, em 2021, já havia cerca de 140 países e regiões envolvidas com a NRS.

Com isso, a Nova Rota da Seda, atualmente, estende-se do Pacífico à Europa, com conexões com as regiões oriental e central da Ásia, expandindo-se para Rússia, Europa Central, Europa Oriental e África, incluindo também regiões na Europa Ocidental e América Latina.

Além disso, o governo chinês expandiu a NRS para abranger mais setores e objetivos, de modo que, em 2015, a Rota da Seda Digital (RSD) foi anunciada como parte da Nova Rota da Seda.

A Rota da Seda Digital e a Nova Rota da Seda abrem caminho para tecnologias financeiras

A RSD se destina a construir uma comunidade no ciberespaço, englobando a economia digital, inteligência artificial, nanotecnologia, computação quântica, big data e computação em nuvem, cidades inteligentes e tecnologias financeiras. Sendo, portanto, a dimensão digital da Nova Rota da Seda.

Nesse sentido, se a infraestrutura associada a Rota da Seda tradicional envolve a construção de ferrovias, portos e redes elétricas, a Rota da Seda Digital se estende da infraestrutura das Tecnologias de Informação e Comunicação ao hardware, passando por software e serviços digitais.

A expectativa é que esses projetos conectem um número sem precedentes de países, o que impulsionaria, principalmente, o comércio entre as regiões envolvidas. Naturalmente, o desenvolvimento de alternativas para pagamentos transfronteiriços beneficiaria muito a NRS, se destacando como uma das áreas exploradas para aplicação de tecnologias financeiras.

Pagamentos transfronteiriços são cruciais para a Nova Rota da Seda

Uma das inciativas que ganhou maior destaque na mídia internacional foi o Sistema de Pagamento Interbancário Transfronteiriço (CIPS). A China montou o CIPS para permitir compensações e liquidações mais rápidas, usando os padrões internacionais de mensagens ISO 20022.

De acordo com Zhang Xin, gerente geral da China International Payment Service Corp: “A CIPS foi criada em 2016 para se tornar a ponte que conectaria os países ao longo do Cinturão e Rota, semelhante a uma rodovia.”. O CIPS foi um dos primeiros exemplos de uso de tecnologias financeiras para apoiar a Nova Rota da Seda e atraiu diversas instituições desde seu lançamento.

Os bancos bielorrussos, por exemplo, no contexto da NRS anunciaram em 2022 que se conectarão ao CIPS. A Bielorrússia, também, está implementando o sistema de pagamento internacional UnionPay e deve começar a emitir, em breve, os cartões de pagamento UnionPay.

Os bancos chineses também estão se mobilizando para apoiar a iniciativa e facilitar os pagamentos transfronteiriços ao longo da NRS. O conglomerado de tecnologias financeiras Ant Group, por exemplo, formou uma parceria estratégica com a plataforma de pagamentos 2C2P, com sede em Singapura. Com essa parceria a Ant, operadora da Alipay, se tornaria acionista majoritária da 2C2P, atingindo uma forte presença nos principais mercados asiáticos, como Tailândia, Singapura e Malásia.

É importante ressaltar o potencial da NRS não se limita a implementação de tecnologias financeiras para pagamentos e transferências, mas também pode beneficiar a aplicação de tecnologias que estão ganhando o sistema financeiro, como big data, inteligência artificial e machine learning.

ASEAN é fundamental para desenvolver tecnologias financeiras na Nova Rota da Seda

Além de compor o projeto da Rota da Seda Digital, as principais oportunidades de aplicação dessas novas tecnologias financeiras estão na região da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), com um foco particular em Singapura e Malásia, de acordo com o SWIFT.

Vale lembrar que a China é o principal parceiro comercial do ASEAN, sendo a Malásia o país membro com maior volume de transações comerciais com a economia chinesa.

Além disso, Singapura está se consolidando como um hub de inovação financeira e a Autoridade Monetária de Singapura (MAS) vem conduzindo diversas iniciativas voltadas para usos de big data e inteligência artificial nos últimos anos.

O ASEAN também está caminhando para conectar a região física e tecnologicamente e o seu plano de conectividade para 2025 estabelece como prioridade construir a infraestrutura necessária, como acesso universal de baixo custo à internet e o estabelecimento de uma rede de dados abertos.

Nesse sentido, o ASEAN contribuiria para superar um dos principais obstáculos enfrentados pela indústria financeira ao longo da NRS. De acordo com um documento do SWIFT, as instituições financeiras reconhecem as oportunidades existentes para aplicação de análise de dados e big data, mas o acesso aos dados continua sendo um desafio. Afinal, os dados podem estar em diferentes bancos de dados de clientes e ainda carecem de um ambiente seguro para a troca.

Assim, para explorar as potencialidades da conectividade da região, a China e o ASEAN assinaram em 2019 um acordo para criar uma sinergia entre o Plano de Conectividade da ASEAN 2025 e da Iniciativa da NRS. A ideia é explorar as vantagens que cada uma pode oferecer.

A China, por exemplo, pode fornecer produtos e equipamentos a baixo custo de forma eficiente, enquanto os países da ASEAN têm experiências com as quais os chineses podem aprender, como o desenvolvimento de cidades inteligentes e tecnologias financeiras de Singapura.

 

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