O metaverso é uma tecnologia emergente com o potencial de revolucionar a maneira como o mundo virtual e o mundo físico se relacionam. De forma simplificada, se trata de um universo virtual compartilhado onde os usuários podem criar, interagir e se comunicar utilizando, por exemplo, realidade virtual, realidade aumentada e inteligência artificial.
A expectativa é que, no futuro, o metaverso transforme a maneira como as pessoas trabalham, aprendem e se divertem. Desse modo, se tornou essencial a cooperação entre empresas e governos para garantir que essa tecnologia seja usada de forma ética e responsável, permitindo a construção de comunidades globais seguras para todos.
Além disso, um aspecto nem sempre bem observado em relação ao metaverso e às novas tecnologias é que elas, além de transformar o ambiente no qual se inserem, também se adaptam a realidade encontrada.
Nesse sentido, a Coreia do Sul tem se aprofundado, de forma pioneira, nas possibilidades do metaverso, aproveitando a sua elevada capacidade de fabricar eletrônicos e o conhecimento acumulado nos seus setores intensivos em tecnologia e P&D.
Essa missão vem sendo encabeçada, principalmente, pelo Ministério da Ciência e de tecnologia da informação (MSTI) que já adotou diversas iniciativas para destravar o crescimento do metaverso na Coreia. De acordo com uma nota do ministério: o metaverso tem “o potencial de integrar os mundos virtual e físico. Isso permitirá uma comunicação mais eficaz entre indivíduos, governo e sociedade como um todo.”
Coreia anunciou a criação de fundo voltados para startups do metaverso
O pioneirismo sul coreano e o envolvimento do MSTI podem ser atestados pela estratégia pan-governamental apresentada de forma preliminar pelo organismo em outubro de 2022.
Ademais, em janeiro de 2022 o MSTI já havia anunciado o Plano de Ação do New Deal Digital, uma estratégia abrangente que direciona recursos para indústrias hiper conectadas, com destaque para o metaverso.
É nesse contexto que o ministério anunciou o fundo Metaverso voltado para startups que exploram a integração do espaço virtual em vários aspectos da vida, com foco em projetos que exploram a integração da tecnologia na educação, saúde e turismo.
De acordo com o Ministério de Tecnologia da Informação e Comunicação da Coreia do Sul, o orçamento do país alocou US$ 21 milhões para organizações locais que identificaram a necessidade de tecnologia de realidade virtual.
Seoul criará uma réplica virtual da cidade no metaverso
Vale destacar, por fim, que o caminho para tornar a Coreia um hub de tecnologias ligadas a realidade virtual não está sendo trilhado apenas no nível nacional, mas também no local. O governo de Seoul, por exemplo, lançou uma iniciativa para uma criar uma réplica virtual da cidade a ser concluída em 2026.
Nas fases iniciais de desenvolvimento, o governo alocou 1,6 milhão de dólares para a implementação de instituições como um escritório de passaportes, escritório de impostos, centro juvenil e um departamento para empresas que enfrentam dificuldades financeiras: tudo dentro do mundo virtual.
A segunda fase expandirá ainda mais o metaverso: os residentes receberão conselhos sobre imóveis, enquanto empresários e empreendedores terão acesso a negócios com investidores estrangeiros e domésticos.
Já o Japão, país vizinho com longa tradição em inovação tecnológica, também tem investido em iniciativas relacionadas ao metaverso, mas focando em atividades e negócios ligados a indústria de videogames. Empresas japonesas como a Sony, por exemplo, estão desenvolvendo plataformas de realidade virtual para serem usadas em jogos e experiências interativas.
Japão cria zona econômica para o metaverso
Em 27 de fevereiro de 2023, um grupo de empresas de tecnologia no Japão assinou um acordo para criar a “Zona Econômica Metaverso do Japão”. De acordo com informações da Fujitsu, uma das envolvidas no projeto, o objetivo do acordo é desenvolver uma plataforma metaverso aberta chamada “Ryugukoku” para o crescimento baseado em metaverso.
A iniciativa irá enfatizar o desenvolvimento de ferramentas interoperáveis para usuários e desenvolvedores de diferentes plataformas. As empresas irão combinar suas respectivas tecnologias e serviços com foco em gamificação, tecnologias financeiras e de comunicação e informação.
O acordo também menciona a possibilidade de fornecer essa infraestrutura para empresas e agências governamentais fora do Japão. Estão envolvidas, além da Fujitsu, empresas como Mitsubishi e TBT Lab.
Assim, no Japão, o metaverso está se beneficiando da forte presença das empresas de tecnologia japonesas e do elevado grau de conhecimento acumulado no país na indústria de jogos.
Essa realidade contrasta um pouco com o que vem ocorrendo na Índia, onde a indústria do metaverso tem na modernização da administração e dos serviços públicos uma janela de oportunidade para o seu crescimento.
Na Índia, metaverso pode se desenvolver associado ao e-Government
Nesse sentido, a Instituição Nacional para Transformação da Índia (NITI), principal grupo de reflexão em políticas públicas do governo, publicou um documento intitulado “Meta-governance: O papel do metaverso no e-Government indiano.” (tradução livre).
No documento, são levantadas algumas hipóteses de como o metaverso poderia se acoplar aos serviços públicos. Essas possibilidades foram desenvolvidas tendo como foco um possível sistema de transmissão de mão única que disseminaria informações do governo para certos grupos.
O governo, por exemplo, poderia disseminar informações sobre a atualização do esquema de pensão para todos os pensionistas em uma sala meta. Ou, então, disseminar informações e orientações para associações médicas.
Observando as distintas trajetórias que alguns países asiáticos apontam para o desenvolvimento do metaverso é possível compreender a diversidade de opções que podem ser exploradas com tal tecnologia.
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