Inclusão financeira na África e no Oriente Médio: o que falta para avançar?

Pesquisa aponta que a construção de um sistema financeiro integrado, interoperável e, sobretudo, inclusivo, só é possível por meio de uma abordagem sistêmica e orientada pela digitalização.
Inclusão financeira na África e no Oriente Médio: o que falta para avançar?
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Equipe Propague
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A promoção da inclusão financeira segue entre as prioridades de desenvolvimento econômico em muitas regiões, em especial, na África e no Oriente Médio. Contudo, mesmo que tenha havido progressos na melhoria do acesso aos serviços financeiros para das famílias e e empresas nessas localidades, ainda há muito a percorrer.

Isso porque, segundo um relatório recentemente divulgado pelo OMFIF em parceria com o Centro de Políticas para a Economia Digital da Mastercard, menos de 50% dos entrevistados disseram estar satisfeitos com os níveis de inclusão financeira em seus países, sugerindo que existe bastante espaço para avançar.

O documento deriva de uma pesquisa com nove instituições do setor público dessas regiões, bem como das conclusões de duas mesas redondas organizadas em 2023 pelas instituições OMFIF, Mastercard e Banco Mundial. As mesas tinham o objetivo de fomentar a inclusão financeira através de pagamentos e discutir inovações e infraestruturas digitais seguras na África e no Oriente Médio.

Entre os destaques, a publicação aponta que os decisores políticos e as partes interessadas estão empenhados em medidas a fim de aproveitar as oportunidades apresentadas pela transformação digital.

Nesse sentido, o principal propósito é tornar os serviços financeiros acessíveis a todos, assegurando, ao mesmo tempo, estabilidade, confiança e sustentabilidade nos ecossistemas de pagamento em rápida evolução.

Digitalização está na vanguarda dos esforços para a inclusão financeira

Para 89% dos respondentes do relatório, a liderança digital é um dos princípios mais alinhados com as estratégias de inclusão financeira na África e no Oriente Médio.

De acordo com os autores, o acesso aos pagamentos digitais pode ser melhorado, visando estimular também a procura e não apenas a oferta.

Assim, as instituições públicas em ambas as regiões têm introduzido diversas iniciativas para este fim, como programas de formação e campanhas de sensibilização.

No entanto, existe a ressalva de que, para enfrentar os desafios persistentes dos baixos níveis de educação financeira e da falta de confiança, o foco deve passar a ser a demonstração do valor acrescentado dos serviços digitais.

Para que haja avanço, é necessário enfatizar os benefícios e a conveniência da modificação de transações baseadas em dinheiro, tais como a integração de produtos de poupança e o desembolso de pensões e outros pagamentos de segurança social a partir de infraestruturas de pagamentos digitais.

Apesar disso, a publicação observa que houve progressos no acesso aos serviços financeiros por parte das famílias e das empresas na África e no Oriente Médio.

A afirmativa se baseia nos números do relatório Global Findex do Banco Mundial de 2021, que revelam um aumento significativo na utilização de pagamentos digitais, com 50% dos indivíduos com 15 anos ou mais tendo feito ou recebido um pagamento digital na África Subsaariana e 45% no Oriente Médio e Norte da África.

Estatísticas que, na comparação com 2017, mostram um aumento de 37% e 34%, respetivamente. Porém, é importante salientar que esses índices ainda estão abaixo da média global de 64%, demonstrando, portanto, que existe margem para expandir o acesso e a utilização de serviços financeiros digitais nessas regiões.

Regulamentação e inovação devem encontrar equilíbrio para um sistema financeiro inclusivo

Ao lado da digitalização, uma regulamentação eficaz e em harmonia com a inovação também aparece como princípio balizador para a inclusão financeira na África e no Oriente Médio.

Para 78% dos entrevistados, esse deve ser o caminho, tanto para combater as ameaças à segurança cibernética atreladas à maior digitalização, como para melhorar a proteção do consumidor.

Paralelamente, a fim de garantir equilíbrio entre a diminuição dos riscos e a promoção da inovação, 89% dos respondentes disseram que, atualmente, conduzem ações no sentido de estimular a concorrência pela entrada no mercado, avanços tecnológicos e modelos de negócios inovadores e diferenciados para reduzir os custos financeiros.

Inclusão financeira requer cooperação

Ainda entre as observações do relatório para a construção de um sistema financeiro integrado, interoperável e, sobretudo, inclusivo, é evidente a importância da adoção de uma abordagem sistêmica.

Conforme os entrevistados, somente com a cooperação entre bancos centrais, intervenientes do setor privado e parceiros internacionais, adaptando soluções para atender a diversas necessidades e contextos distintos, será possível promover a inclusão financeira.

Contudo, eles acrescentam que não se pode esquecer os desafios que ainda persistem relacionados com infraestruturas, acesso e custos nas regiões estudadas.

Para isso, eles reforçam o equilíbrio entre regulamentação eficaz e colaboração das partes interessadas para assegurar que os serviços financeiros existentes sejam de fato interoperáveis.

Isso porque, apesar de as novas tecnologias serem capazes de apoiar os esforços de inclusão financeira, proporcionando maior acesso e segurança, é fundamental garantir que elas possam ser perfeitamente integradas aos sistemas financeiros em operação, contando, para isso, com parcerias entre os setores público e privado.

 

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