Educação financeira é ainda mais relevante em tempos de Open Finance

Com o acesso a produtos e serviços financeiros cada vez mais fácil e barato, o brasileiro precisa estar preparado para contratar soluções adequadas ao seu perfil a fim de não cair no superendividamento.
Educação financeira é ainda mais relevante em tempos de Open Finance
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Equipe Propague
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De um lado, um país com um sistema financeiro maduro tecnologicamente, reunindo bancos, fintechs, cooperativas de crédito e uma série de empresas não financeiras incorporando funções bancárias por meio do embedded finance. Do outro, uma população superendividada, com risco de aumento da inadimplência. Como efeito, um cenário preocupante, pois, com mais pessoas tendo acesso rápido e fácil a produtos e serviços financeiros, nunca a educação financeira fez tanto sentido quanto agora.

Ainda mais levando-se em consideração que o Brasil adotou, há pouco mais de dois anos, o sistema de finanças abertas, o chamado Open Finance, que possibilita o compartilhamento dos dados pessoais, bancários e financeiros, mediante autorização do cliente, entre as instituições participantes, e que já conta com 15 milhões de usuários, segundo o Banco Central (BC).

Ademais, como o objetivo principal desse sistema é incentivar a inovação, promovendo a oferta cada vez maior e personalizada de produtos e serviços financeiros, estimulando, consequentemente, a concorrência a fim de aumentar e tornar mais barato o acesso, certamente a base de clientes tende a aumentar.

Para se ter uma ideia, um levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) com instituições participantes do Open Finance, mostrou que pelo menos 45 novos produtos e serviços já são disponibilizados ao público. Entre eles, agregadores financeiros, soluções para melhor oferta de crédito e iniciação de pagamento. Este último, uma função que possibilita ao usuário movimentar a sua conta a partir de plataformas distintas.

Portanto, mais do que nunca, a demanda pela capacitação do brasileiro para saber lidar com tantos benefícios relacionados ao uso do seu dinheiro se faz necessária. Nesse caso, a melhor estratégia é a educação financeira, disciplina essencial para aprender a como planejar e organizar as finanças.

Consolidação das finanças abertas passa pela educação financeira

Apesar de o Open Finance brasileiro despontar entre os líderes globais em tão pouco tempo, na avaliação do BC, a adesão ainda é tímida. Isso porque, os 15 milhões de clientes até então conquistados representam apenas 8% dos 188 milhões de indivíduos que têm uma conta bancária no Brasil.

Dessa forma, ainda existe um longo caminho a percorrer a fim de que o consumidor brasileiro abrace de vez o sistema de finanças abertas.

Sobre isso, João André Pereira, chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, chegou a dizer em entrevistas à imprensa que, além das dificuldades iniciais de implementação, o que inclui um cronograma estreito e a criação da estrutura de governança do sistema, a baixa adesão reflete uma importante lacuna: a pouca ou mesmo ausência de educação financeira da população.

Conforme disse, o desconhecimento no trato e planejamento das finanças somado ao receio das pessoas quanto ao compartilhamento de seus dados, representa um grande desafio para que o Open Finance cresça consistentemente no país.

Contudo, ele acredita que, ao passo que todas as funcionalidades entrem em operação e os obstáculos iniciais de implantação do sistema forem superados, as pessoas vão começar a perceber os benefícios do Open Finance e passem, então, a aderir à inovação.

Ademais, uma boa parcela de analistas de mercado aponta que também será de interesse das instituições participantes educarem financeiramente os seus clientes para que eles possam entender os benefícios que existem por trás e as oportunidades que surgirão para um melhor gerenciamento do dinheiro.

O desafio do superendividamento

Enquanto a educação financeira surge como motor para impulsionar o Open Finance no Brasil, ao mesmo tempo, ela também se configura como solução para uma outra questão, mais antiga, porém sempre atual: o elevado índice de endividamento da população.

Um Insight recentemente publicado pelo Instituto Propague chama a atenção para o fato de que o alto endividamento das famílias representa um desafio urgente para a economia brasileira. Como uma das respostas, a publicação discute a importância de educar financeiramente os indivíduos para reverter esse quadro.

Conforme exposto, embora um cenário de alto endividamento das famílias seja fruto da soma de vários fatores, ao mesmo tempo é fundamental “ter um projeto contínuo de educação financeira da população, sobretudo diante do aumento da inclusão financeira proporcionada pelo avanço da digitalização do mercado”.

Afinal, com pouco ou nenhum conhecimento sobre o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional, certamente as chances de alguém contratar produtos e serviços financeiros inapropriados para o seu perfil e necessidades se amplifica. Isso é ainda mais preocupante em relação à contratação de crédito.

Dados da Febraban revelam que no acumulado de 2022 até outubro, o setor bancário brasileiro emprestou R$ 4,9 trilhões, ou seja, 23% a mais na comparação com os 12 meses anteriores.

Com mais gente devendo e considerando o cenário econômico atual, de juros elevados e mais pessoas recorrendo ao crédito para fazer face às despesas do dia a dia, o risco de aumento da inadimplência tende a aumentar.

Aliás, aponta ainda a Federação, enquanto no fechamento de 2021, a taxa de inadimplência era de 2,3%, ela alcançou 3% no fechamento de outubro de 2022 e a projeção é de que aumente ainda mais ao longo de 2023. Daí, mais uma vez isso só reforça a importância da educação financeira de forma mais abrangente da população.

 

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