Open Finance: como as Américas vêm aderindo às finanças abertas

Apesar da falta de regulação específica em alguns casos, governos e instituições financeiras reconhecem a importância dos ecossistemas digitais para otimizar serviços, melhorar a experiência do consumidor e promover a inclusão financeira.
Open Finance: como as Américas vêm aderindo às finanças abertas
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Equipe Propague
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Em todo o mundo, com variações diversas, as discussões sobre os direitos, benefícios e regras para o compartilhamento de dados financeiros são inevitáveis. Afinal, a economia global depende cada vez mais dessa partilha, gerando um interesse crescente no Open Finance.

Apesar da falta de um quadro regulatório específico em alguns casos, o que se observa é que instituições financeiras e governos já reconhecem a importância dos ecossistemas digitais para otimizar serviços, melhorar a experiência do consumidor e promover a inclusão financeira.

Inspirados no exemplo do Reino Unido, pioneiro nessa empreitada, diversos países passaram a trilhar o mesmo caminho, com o Open Finance registrando crescimento constante também nas Américas.

Mesmo que ainda não tenham percorrido todas as fases de implementação, partindo da transformação do sistema bancário para uma ampla mudança em todo o sistema financeiro, diversos países, de norte a sul do continente, vêm apostando na estratégia.

Veja aqui o que é Open Finance e as diferenças para o Open Banking.

O panorama atual do Open Finance na América Latina

Em artigo publicado na plataforma The Paypers, Bruno Diniz, professor da Universidade de São Paulo (USP), aponta que, na América Latina, o Open Finance vem encontrando terreno fértil para se expandir.

Esse movimento é especialmente robusto no Brasil, onde a implementação está avançando em sua última fase. Aqui, vários intervenientes já são capazes de usar os recursos do Open Finance para fornecer soluções diferenciadas à clientela e, ao mesmo tempo, alavancar resultados e oportunidades para seus negócios.

Além disso, o país inovou ao lançar o primeiro manual de supervisão do sistema, a fim de garantir mais qualidade e excelência ao seu Open Finance, considerado hoje como um dos maiores e mais maduros do mundo.

Já no Chile e na Colômbia, Diniz identificou progressos significativos no desenvolvimento dos seus quadros regulatórios, que foram ajustados e moldados aos respectivos contextos de cada país.

Enquanto isso, o México, embora tenha começado esse processo até mesmo antes do Brasil, está atrasado. Na avaliação do especialista, isso se justifica pela incerteza jurídica, uma vez que o regulador local, a CNBV (sigla em espanhol para Comissão Bancária e de Valores), supostamente está enfrentando ações legais por atrasos na publicação das regras de Open Finance.

Entretanto, observando a região como um todo, apesar de o ritmo da transição para um cenário regulamentado ainda ser lento em muitos países, Diniz destaca os esforços da maior parte deles para melhorar os serviços financeiros, priorizando a inclusão financeira e a personalização de produtos e interfaces amigáveis ao usuário, o que o Open Finance facilita substancialmente.

O caminho trilhado pelos EUA

Nos Estados Unidos (EUA), embora nenhuma regra formal tenha sido adotada até então,  os bancos têm abraçado o Open Finance, ainda que se restrinjam ao Open Banking.

Para Rob Mannamkery, líder de estratégia bancária na EY, esse movimento se deve principalmente às pressões competitivas, às expectativas dos clientes em termos de conveniência e ao desejo de inovar, oferecendo soluções baseadas no acesso a conjuntos de dados mais amplos e em tecnologias emergentes.

Em entrevista à plataforma The Paypers, ele afirma que uma das justificativas para o país estar trilhando esse caminho é o fato de a infraestrutura bancária local ser mais complexa, em termos de políticas estabelecidas, quando comparada com muitas regiões.

Esse fato, quando combinado com as complexidades regulatórias e com os obstáculos tecnológicos, faz com que a taxa de adoção de soluções no âmbito do Open Banking nos EUA fique atrás de outras jurisdições.

De qualquer forma, Mannamkery avalia que o mercado de Open Banking, e consequentemente de Open Finance, segue uma trajetória ascendente no país.

Nesse contexto, vários centros financeiros, bancos regionais, empresas de gestão de investimentos, fintechs e empresas de serviços públicos formataram consórcios que padronizam os protocolos de troca de dados, reduzindo assim a fricção estrutural. Ademais, o potencial para novos acordos através de Banking-as-a-Service (BaaS) e do Embedded Finance está sendo explorado, com vistas a aumentar as propostas de valor existentes para além do seu conjunto principal de produtos.

 

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