Cadastro Positivo: dados de pagamentos das operadoras de celular passam a integrar o sistema

A inclusão do pagamento de contas de telefonia e internet no Cadastro Positivo pode influenciar o acesso a crédito de milhões de pessoas.
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Instituto Propague
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Os dados de pagamento das operadoras de telefonia e internet passaram a integrar o Cadastro Positivo. Desde abril deste ano, as operadoras de telefonia móvel já incluíram os registros de 53 milhões de clientes.

Com isso, pessoas que pagam a conta do celular em dia poderão ter uma melhora no seu score, com a possibilidade de obter mais crédito. Além disso, um estudo do Banco Central verificou que participantes do cadastro positivo em média tiveram uma redução de 10% nas taxas de juros – leia mais aqui.

Por outro lado, quem tem atraso nas contas de telefonia e internet poderá perder pontos e, consequentemente, ter uma piora no acesso a crédito.

A inclusão desses dados no Cadastro Positivo era esperada desde o ano passado, depois que a Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC) e a representação das empresas de telecomunicações (SindiTelebrasil) assinaram um memorando de entendimento com esse propósito em julho de 2020.

O Cadastro Positivo é um registro do histórico de pagamentos que alimenta a avaliação do score de crédito de pessoas e empresas calculado por bureaux como SPC e Serasa. Esse score auxilia as instituições financeiras a entender qual é a capacidade e probabilidade de pagamento do cliente que solicita um crédito.

Até então, apenas informações enviadas pelas próprias instituições financeiras, principais interessadas nos scores de crédito, estavam alimentando o cadastro. Contudo, a expectativa de reguladores e instituições credoras é que empresas de outros setores, como luz, água e gás passem a contribuir com o Cadastro Positivo também.

| Confira: O que os resultados do Cadastro Positivo significam para o Open Banking?

Entrada das telecom no Cadastro Positivo tem impacto para a inclusão financeira

Além de enriquecer as fontes de informação sobre o risco de crédito das pessoas que já têm relacionamentos bancários no mercado formal, a inclusão dos dados das empresas de telecomunicações no Cadastro Positivo pode ajudar quem não tem conta no banco e não consegue provar capacidade de pagamento, principalmente trabalhadores informais, a conseguir um crédito junto às credoras.

No Brasil, 79,% das pessoas com 10 anos ou mais têm celular, segundo o IBGE. Um estudo realizado pelo Grupo de Direito Economia e Concorrência da UFRJ com os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (IBGE) identificou que pessoas com gasto individual com celular apresentavam índices mais baixos de inclusão financeira em comparação a usuários de planos mensais coletivos.

Incluir o histórico de pagamento desses clientes que estão fora do sistema financeiro pode ser uma etapa para que as instituições financeiras tenham visibilidade sobre potenciais clientes que atualmente estão desbancarizados.

Das 53 milhões de contas incluídas no Cadastro Positivo pelas operadoras de telefonia, 7 milhões são inéditas, informa a Conexis, associação das empresas de telecomunicações no Brasil. Ou seja, 13% são pessoas que não tinham qualquer registro nos bureaus de crédito e agora passarão a ter um score.

“O compartilhamento dessas informações irá ajudar aquelas pessoas que não têm acesso ao crédito. Milhares de pessoas no Brasil ainda não estão bancarizadas, mas pagam suas contas de telefone em dia”, comentou o diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Damaso, quando o memorando foi assinado no ano passado. “Essas informações, ao serem incluídas nos cadastros, ajudam a diminuição da assimetria de informações e permitem a universalização da concessão de crédito de forma equilibrada e de qualidade”, concluiu.

| Confira a pesquisa sobre a inclusão financeira no Brasil, em parceria entre UFRJ e Instituto Propague: Inclusão financeira e o perfil dos excluídos no Brasil

 

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