Títulos Verdes: catalisadores financeiros para um mercado verde

O mercado de títulos verdes impulsiona a transição para uma economia sustentável, representando um meio essencial de financiamento para projetos alinhados com os princípios ambientais, sociais e de governança. Entenda seu potencial e as expectativas de crescimento no Brasil.
Títulos Verdes: catalisadores financeiros para um mercado verde
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Amanda Stelitano
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Os títulos verdes, também conhecidos como green bonds, são instrumentos financeiros de um mercado de dívidas sustentáveis. Eles são títulos de renda fixa que são exclusivos para financiar e incentivar projetos e segmentos comprometidos com iniciativas sustentáveis, podendo variar entre títulos verdes, títulos sociais e títulos de sustentabilidade que abraçam os três pilares do ESG (ambiental, social e governança).

Para garantir a redução dos efeitos das mudanças climáticas e alcançar os objetivos de uma economia de baixo carbono é necessário que os fluxos financeiros sejam direcionados para financiar a transição dos setores produtivos e econômicos. O mercado de títulos verdes tem sido um fator essencial para incentivar que cada vez mais investidores, empresas, stakeholders em geral direcionem seus investimentos para projetos sustentáveis. De acordo com dados da Bloomberg, o primeiro semestre de 2023 foi de recordes de emissões: pela primeira vez, foram registrados cerca de 350 bilhões de dólares emitidos em títulos verdes. 

Os grandes mercados de títulos verdes hoje são a União Europeia e a China, mas o Brasil tem um caminho otimista pela frente. Com um mercado de dívida sustentável praticamente dominado pelo setor privado – 92% de acordo com o Climate Bonds Initiative -, a recém criação do Comitê de Finanças Sustentáveis Soberanas e os compromissos em lançar títulos públicos sustentáveis pode alavancar o mercado brasileiro. 

Oportunidades do mercado em potencial de títulos verdes

Desde 2007, quando o Banco Europeu de Investimentos inaugurou o mercado de dívida sustentável, novos instrumentos financeiros verdes se popularizaram e as oportunidades de negócio se expandem a cada ano que passa. 

Se você é um emissor, seja uma empresa do setor privado ou uma entidade pública, a presença no mercado de títulos verdes pode te ajudar a expandir a sua base de investidores e parceiros, fortalecendo a rede de contatos e stakeholders para colaborar e até financiar seus projetos. Além disso, o ganho reputacional de uma empresa ou um agente público no mercado atual é tão importante quanto um ganho financeiro e, com a crescente conscientização da sociedade com temas ligados à agenda ESG, o engajamento com o mercado de capital verde resulta em uma vantagem competitiva frente à concorrência convencional. 

Por outro lado, para o investidor, a segurança, transparência e um retorno financeiro de menor risco são vantagens preciosas no mercado de investimentos. Para a emissão de um título verde ser aprovada, a operação precisa estar em conformidade com os requisitos estabelecidos pelo guia internacional do Green Bonds Principles (Princípios de Títulos Verdes, em tradução livre), logo, a avaliação do projeto passa por diferentes etapas de avaliação de risco, etapas de operação em médio e longo prazo, obrigatoriedade de relatórios periódicos com resultados e projeções, entre outros fatores que garantem um investimento mais seguro e atrativo. 

O mercado de títulos verdes no Brasil

O Governo Federal e o Tesouro Nacional anunciaram em 2023 que o Brasil iria lançar o seu primeiro título sustentável soberano e animou o mercado nacional e internacional com a expectativa de novas aberturas de crescimento. Juntamente com o novo Comitê de Finanças Sustentáveis Soberanas, o poder público conta com novas diretrizes para aumentar a captação de recursos para financiar os orçamentos da União dedicados a iniciativas ambientais, sociais e sustentáveis no geral. 

A expectativa é de que o novo compromisso público com a dívida sustentável amplie as oportunidades do mercado financeiro brasileiro no campo nacional e, principalmente, internacional. Além disso, com o panorama atual de investimentos quase totalitários em títulos verdes, a esperança é de que o incentivo governamental permita que as outras modalidades como os títulos sociais e de sustentabilidade também conquistem espaço no mercado e diversifiquem cada vez mais a expansão das finanças verdes no país.

 

Amanda Stelitano é pesquisadora do Instituto Propague e mestranda em Economia Política Internacional pela UFRJ.

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