Na corrida pela transformação digital, é indiscutível como a tecnologia avança de forma sem precedentes. Cientistas e matemáticos, entre outros especialistas, trabalham constantemente a fim de encontrar maneiras para não apenas fazer as tarefas mais rapidamente, mas também da forma mais precisa possível. Como resultado, uma série de inovações disruptivas emergiram, entre elas a inteligência artificial.
Vista como uma tecnologia que irá redefinir o futuro devido as suas capacidades de simulação, modelagem, dedução e conclusão, seu conceito vem ganhando popularidade nos mais variados segmentos de negócios. Todos eles, em menor ou maior grau, se tornaram dependentes da inteligência artificial com o objetivo de oferecer ao consumidor uma experiência cada vez mais personalizada.
No varejo, por exemplo, ela trabalha para fornecer recomendações aos clientes conforme o seu histórico e preferências de compra, assim como um atendimento mais ágil. Analogamente, o setor financeiro não fica atrás e já colhe os benefícios da inteligência artificial ao tentar proporcionar à clientela uma experiência financeira individualizada.
Além de ajudar a conquistar e reter clientes, as vantagens da inteligência artificial também aparecem nos custos. Com uma economia agregada potencial estimada em US$ 447 bilhões até 2023, segundo a Insider Inteligence, os bancos norte-americanos, por exemplo, estão buscando novas maneiras de incorporar a tecnologia em seus serviços. Até porque, 80% deles, diz ainda a empresa, estão altamente cientes dos potenciais benefícios apresentados pela inteligência artificial.
Diante do leque de oportunidades que se abrem para o setor, nada mais natural do que lançar um olhar detalhado sobre o tema e como a inteligência artificial pode ser aplicada pelas instituições financeiras para otimizar processos e ajudar pessoas e empresas a acessarem e gerenciarem suas finanças.
O que é inteligência artificial?
A Inteligência Artificial é a capacidade que as soluções tecnológicas têm para fazer com que máquinas simulem a inteligência humana. Assim, elas se tornam capazes de executar determinadas tarefas de forma autônoma e aprendendo por si só.
Isso é possível graças ao processamento de um grande volume de dados que recebem dos usuários, combinando-os com algoritmos inteligentes para ler e interpretar padrões. Desse modo, as máquinas se tornam aptas a responder, aprender e decidir de forma racional o que deve ser feito em determinadas situações ou prever tendências futuras.
Como se percebe, esse conceito ultrapassa o que por muito tempo a computação representou no universo tecnológico. Afinal, se baseava na construção de programas que só obedeciam a comandos específicos previamente definidos pelos humanos.
O exemplo mais popular da inteligência artificial nos negócios são os chatbots, robôs que permitem que as empresas usem reconhecimento de voz e processamento de linguagem para conversar com o cliente falando como uma pessoa de forma natural.
Contudo, a inteligência artificial vai além. Também está presente em soluções para análise de dados para a tomada de decisões, no mapeamento de tendências, comportamentos e oportunidades para lançamento de produtos e muito mais.
Além disso, não existe apenas um tipo de inteligência artificial, pois as ferramentas são variadas e com graus distintos de sofisticação, originando conceitos como machine learning (aprendizado de máquina), robótica, deep learning (aprendizado profundo), sistemas especialistas e redes neurais.
Resumidamente, a inteligência artificial é dividida em três áreas, conforme as funções que consegue executar:
- Inteligência artificial limitada – a mais usada. Representa máquinas que acumulam grande volume de dados podendo efetuar cálculos e desempenhar determinadas atividades;
- Inteligência artificial geral – com inteligência similar à do ser humano, consegue reagir a estímulos;
- Superinteligência – ainda em estudo, promete uma revolução, pois espera-se que sua inteligência supere a humana.
Como a inteligência artificial está sendo usada nas finanças
A inteligência artificial está mudando a maneira como indivíduos, empresas e instituições financeiras lidam com dinheiro. De decisões de crédito a negociação quantitativa e detecção e prevenção de fraudes, há muitos casos de sua aplicação nas finanças. Entre as principais funcionalidades estão:
- Banco personalizado – simplifica a interação com o consumidor, oferecendo acesso 24 horas por dia e sete dias na semana, aconselha sobre gastos e economia, protege contra fraudes e envia mensagens personalizadas;
- Atendimento ao cliente – usa ferramentas como chatbot, bots de e-mail, callbots e reconhecimento de rosto e voz;
- Gestão de investimentos – gerencia o portfólio, riscos, fornece análise automatizada, ajuda na supervisão da conformidade e na automação das tarefas;
- Avaliação e gestão de riscos – facilita o trabalho de auditoria, executando rapidamente análises mensais, permitindo a identificação e mitigação de ameaças;
- Avaliação de crédito – coleta informações relevantes sobre o requerente, analisa os dados coletados para determinar a solvência do solicitante, decide se deve conceder o crédito e o valor;
- Negociação de valores mobiliários – analisa dados históricos do mercado, desenvolve estratégias com base nos dados, toma decisões de negociação e gerencia riscos;
- Gestão de dívidas – utiliza estatísticas para melhorar taxas de reembolso, usa ciência comportamental para desenvolver estratégias de cobrança de dívidas para clientes individuais e automatiza os pagamentos;
- Previsão do mercado de ações – ao identificar padrões, permite uma previsão mais precisa da direção de uma ação, adicionando velocidade ao processo de negociação;
- Detecção de fraudes – aprende continuamente com as tendências de fraudes anteriores e as detecta em transações futuras;
- Supervisão de conformidade – simplifica o processo, podendo analisar vários conjuntos de dados no menor tempo possível e com mais precisão;
- Pesquisa de mercado – ajuda a filtrar bilhões de conjuntos de dados e a desenvolver estratégias, produtos ou serviços em menos tempo e com custo bem menor.
Os prós e contras da IA no mercado financeiro
A inteligência artificial traz ao mesmo tempo uma série de vantagens, mas também desvantagens, especialmente para o setor financeiro.
Entre os impactos positivos, pode-se listar:
- Qualidade dos dados;
- Análise mais rápida e precisa;
- Melhoria na tomada de decisão;
- Eliminação de erros humanos;
- Escalabilidade;
- Incentivo à automação;
- Redução de custos;
- Otimização do atendimento ao público.
Por outro lado, a inteligência artificial traz à tona questões que pesam contra ela. Principalmente do ponto de vista ético e de privacidade. Por exemplo:
- Impacto sobre o emprego, podendo promover e acelerar a substituição do trabalho humano;
- Marginalização de determinados grupos sociais devido à automação dos processos;
- Preocupações relativas à privacidade, devido à coleta e ao armazenamento de uma grande quantidade de dados. Não por menos, vários países já regulamentaram essa questão.
Assim, para que as potencialidades da inteligência artificial possam sejam aproveitadas de forma salutar, é necessário estar atendo aos riscos e às questões éticas relacionadas ao uso da tecnologia.
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