Yuan digital: CBDC da China avança nos testes internacionais

O experimento pretende permitir que bancos e operadoras de carteiras digitais possam fazer pagamentos entre eles, por meio do número do celular ou e-mail, utilizando tanto o yuan como o dólar de Hong Kong.
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Equipe Propague
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Com a marca de 140 milhões de usuários e uma movimentação equivalente a US$ 9,7 bilhões até outubro de 2021, o yuan digital, Moeda digital de Banco Central (CBDC) da China avança na segunda fase de testes. Dessa vez, contemplando a viabilidade dos pagamentos internacionais.

Conforme disse o diretor do Instituto de Pesquisa de Moeda Digital do Banco Popular da China (PBoC, na sigla em inglês), Mu Changchun, durante o Seminário de Status e Perspectivas do Centro Financeiro Internacional de Hong Kong, seu país vinculará a CBDC chinesa ao Faster Payments System (Sistema de Pagamentos Rápidos, na tradução livre) de Hong Kong. Esse sistema foi criado para conectar bancos a carteiras digitais e plataformas de pagamento eletrônico.

De acordo com Mu Changchun, primeiramente, o PBoC formatou uma parceria com a Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA, na sigla em inglês) no sentido de permitir que quem fosse da China continental para a Hong Kong pudesse recarregar, transferir e desembolsar o yuan digital por meio de carteiras digitais. Isso foi feito contando com a colaboração de bancos comerciais da Cidade-Estado, assim como de alguns comerciantes selecionados. Ao mesmo tempo, ele disse que residentes de Hong Kong também puderam usar o yuan digital no distrito de Luohu, na província de Shenzhen, localizada na China continental.

Segunda fase de testes com o yuan digital

Agora, o representante do Banco Popular da China explica que devido ao sucesso do primeiro experimento, o PBoC e a HKMA decidiram ingressar em uma segunda fase de testes, onde o principal destaque fica com a integração do yuan digital ao Sistema de Pagamentos Rápidos de Hong Kong. Dessa forma, bancos e operadoras de carteiras digitais poderão fazer pagamentos entre eles, utilizando tanto o yuan como o dólar de Hong Kong, por meio do número do celular ou e-mail, 24 horas por dia e sete dias por semana.

“No futuro, quando os viajantes da China continental usarem o yuan digital para fazer compras em Hong Kong, o câmbio de moeda estrangeira será concluído entre as duas carteiras e os comerciantes locais receberão o dinheiro em dólares de Hong Kong. Ou seja, não haverá substituição de moeda”, afirmou Mu Changchun.

Chave para o comércio internacional

Em outras oportunidades, Mu já havia declarado que o yuan digital poderia servir como chave para o comércio internacional entre a China e Hong Kong e que a parceria aumentaria e muito os pagamentos transfronteiriços entre os dois lugares. No entanto, vale lembrar que Hong Kong, como centro financeiro internacional, poderá ajudar a expandir as transações para mais países na Ásia.

Nesse sentido, ele mencionou o mBridge, projeto multilateral supervisionado pelo Banco de Compensações Internacional (BIS) com o propósito de estabelecer uma ponte entre as CBDCs da China, Hong Kong, Tailândia e Emirados Árabes Unidos. Na sua avaliação, os testes realizados entre o PBoC e a HKMA podem auxiliar a incluir mais países no referido projeto, que visa reduzir custos e melhorar a velocidade das transações internacionais por meio de moedas digitais de banco central.

CBDCs pelo mundo

Recentemente, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, chegou a afirmar que mais da metade dos bancos centrais em todo o mundo, o que contempla cerca de 110 países, incluindo o Brasil, estão em algum estágio de análise de criação de uma CBDC”.

A China, com seu yuan digital, é o caso mais avançado atualmente em grandes economias, já que outras experiências ficaram concentradas em países menores como Bahamas e Jamaica. Por isso, tornou- se fonte de inspiração internacional, influenciando algumas nações africanas, como a Nigéria e seu e-Naira, por exemplo.

Diante desse cenário, expõe Georgieva, “o FMI está olhando para as moedas digitais como um todo, tendo em vista a perspectiva de estabilidade macroeconômica e financeira global”.

Na sua avaliação, tais ativos criam oportunidades para a transferência de dinheiro entre países de forma integrada e a um custo menor, embora afirme que é preciso deixar claro o que se entende como dinheiro digital. Isso porque, ela já chegou a considerar as criptomoedas uma ameaça potencial à estabilidade financeira global, ao passo que acredita que as CBDCs são uma forma mais confiável de moeda digital, já que elas têm o respaldo dos governos e está integrada à política monetária dos países.

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