IA generativa na segurança cibernética ganha força entre bancos centrais

Segundo relatório do BIS, mais de dois terços das instituições já usam a ferramenta, com as demais devendo adotar em até dois anos, diante da percepção positiva de eficácia e de que os benefícios superam os riscos.
IA generativa na segurança cibernética ganha força entre bancos centrais
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Equipe Propague
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Uma pesquisa recentemente divulgada pelo Banco de Compensações internacionais (BIS), envolvendo especialistas em segurança cibernética dos principais bancos centrais, revelou que a maioria das instituições já adotou ou planeja introduzir soluções de inteligência artificial generativa (IA generativa) no espaço da segurança cibernética.

Dos 63 bancos centrais e autoridades monetárias ligados ao BIS, 32 participaram do levantamento, conduzido em janeiro de 2024.

Dessa amostra, 71% já estão utilizando a IA generativa com o objetivo de garantir a proteção online de seus sistemas, enquanto 26% afirmaram ter planos de incorporar tais ferramentas em suas operações em até dois anos.

Nesse contexto, é unanimidade entre os entrevistados que as soluções de IA generativa são capazes de aprimorar a detecção de ameaças cibernéticas, atividades suspeitas e outras anomalias, assim como podem reduzir o tempo de resposta a esses tipos de ataques.

Além disso, todos os respondentes creem que os sistemas envolvendo essa tecnologia facilitarão a mudança de uma abordagem reativa para uma estratégia proativa para prever e neutralizar ameaças.

Contudo, eles reconhecem que a tecnologia também aumenta os riscos de golpes e fraudes por meio da engenharia social,  da divulgação não autorizada de dados e dos chamados ataques de “dia zero” — ataques que ocorrem antes dos desenvolvedores terem conhecimento sobre a falha no sistema.

Entretanto, a avaliação que se faz é que os benefícios percebidos são bem maiores que os riscos. Razão pela qual, aponta o relatório, os bancos centrais que já implementaram a IA generativa elogiaram a sua eficácia na detecção de ameaças cibernéticas em comparação com as ferramentas tradicionais.

No entanto, a preocupação mais comum dos bancos centrais continua a ser os custos associados à implementação de ferramentas de IA generativa.

Vale destacar que entre os integrantes do BIS estão os bancos centrais de grandes economias globais, como Austrália, Brasil, China, França, Japão, Coreia do Sul, Itália, Suíça, Reino Unido e Índia, entre outros.

Percepção de eficácia da IA generativa

Ao comparar em que medida as ferramentas de IA generativa são mais eficazes do que as ferramentas tradicionais para gestão de riscos cibernéticos, 44% dos entrevistados consideram que a primeira consegue resultados bem superiores, enquanto 41% a classificam como moderadamente eficaz.

A propósito, apenas 3% afirmaram que a nova tecnologia não é muito eficaz, e 13% abstiveram-se de fazer uma avaliação.

Em linha com essa mesma questão, a pesquisa perguntou ainda qual o impacto da IA generativa no reforço das medidas de segurança cibernética. Usando uma escala de 1 (baixo) a 10 (alto), 25% dos bancos centrais avaliaram entre 5 e 6, mais de 45% entre 7 e 8 e 11% avaliaram de 9 a 10. Enquanto isso, somente 7% apontaram um valor inferior ou igual a 2.

Impactos sobre o capital humano

Ainda de acordo com o estudo, a adoção de soluções de IA generativa no âmbito da segurança cibernética chama a atenção para duas dimensões críticas envolvendo mercado de trabalho.

Quanto à primeira, a publicação destaca que o uso da IA generativa pode ser dificultada por competências tecnológicas insuficientes. Uma preocupação geral é a disponibilidade limitada de pessoal com conhecimentos adequados tanto de metodologias de IA como de segurança cibernética.

Na verdade, o que se observou foi que a maioria dos bancos centrais permitiu ou planeja permitir que o seu quadro funcional acesse aplicações de IA baseadas em nuvem, embora com certas restrições de uso.

Tal abordagem, explica, pretende mitigar os riscos associados à adoção generalizada da IA, ​​em especial no que corresponde à atual falta de preparação das equipes para a integração e operacionalização dos sistemas dessa natureza.

Já a segunda dimensão diz respeito ao capital humano lotado nas divisões de tecnologia da informação (TI) dos bancos centrais.

Segundo o levantamento, há um consenso de que as ferramentas de IA generativa poderiam substituir o pessoal das unidades de TI em tarefas rotineiras.

Consequentemente, essa mudança poderia liberar recursos para serem realocados em iniciativas mais estratégicas de segurança cibernética, aumentando potencialmente a produtividade.

Entretanto, as respostas também indicaram que, embora a IA generativa seja vista como uma tecnologia que pode lidar com tarefas operacionais de forma mais eficaz, ainda exigirá supervisão humana para garantir resultados éticos e precisos e treinar continuamente os sistemas.

A propósito, uma consideração importante é a extensão da autonomia a ser concedida às ferramentas de IA em segurança cibernética, e a natureza da sua interação com os seres humanos.

Nesse sentido, a estratégia é reconhecer cientistas de dados, analistas de segurança e supervisores de IA como funções profissionais essenciais para a integração perfeita entre as soluções existentes.

 

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