Inteligência artificial: apesar de impactos positivos, é preciso regular?

Apesar de diversos estudos que apontam a inteligência artificial como ferramenta auxiliadora para o crescimento PIB mundial, grupo de acadêmicos e executivos defende maior cautela no desenvolvimento da tecnologia até que se defina uma legislação para gerenciar possíveis riscos.
Inteligência artificial_ a tendência de impactos positivos é constante, mas a ausência de regulação acende um alerta
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Equipe Propague
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Mais rápido do que se imaginava, a inteligência artificial saiu do campo da ficção científica para estar presente em diversas atividades econômicas. Especialmente de 2022 para cá, quando ela conquistou mais atenção e um alto nível de adoção, passando a indicar um potencial financeiro crescente.

Prova disso são as previsões que diversos estudos vêm fazendo sobre o impacto da inteligência artificial sobre a economia mundial. Um deles, desenvolvido pela consultoria PwC, estima que a inteligência artificial adicionará, em 2030, cerca de US$ 15,7 trilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) global, tornando-se, assim, a maior oportunidade comercial da atualidade.

Entre os setores que mais rapidamente adotaram a inteligência artificial, destaca a publicação, estão os serviços financeiros, de saúde e automotivos.

Adicionalmente, outra pesquisa, desta vez do banco de investimento Goldman Sachs, calcula que só o ChatGPT e similares, maiores expoentes atuais da inteligência artificial, elevarão o PIB mundial em torno de 7% na próxima década.

Essas projeções são corroboradas por um relatório publicado pela gestora de ativos Kinea, por meio do qual enfatiza que o mundo se encontra em um momento crucial em que a inteligência artificial segue uma trajetória de adoção em massa. Assim sendo, capitalizando a revolução dos dados e, por sua vez, acelerando o ritmo de produção em escala global.

Ademais, acrescentam os autores, a enorme diversidade de aplicações sugere o grande mercado que já é tangível. Tanto que, para 2023, espera-se que a inteligência artificial movimente US$ 450 bilhões, incluindo serviços, hardware e software, crescendo ano a ano até atingir US$ 900 bilhões em 2026, representando uma expansão de 19%.

Confira aqui o que significa a inteligência artificial.

Papel inovador da inteligência artificial

Ainda explorando a linha de como a inteligência artificial pode impactar positivamente o crescimento da economia em todo o mundo, também há de se considerar o papel inovador dessa tecnologia e seus consequentes desdobramentos.

Aqui no Brasil, por exemplo, um estudo divulgado no primeiro semestre de 2022, pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o então Ministério da Economia e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), trouxe como destaque que, nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de depósitos de pedidos de patente que envolvem inteligência artificial no país.

Em números relativos, o acréscimo foi de 600% nas duas primeiras décadas deste século, ao passo que a quantidade de depósitos de pedidos de patente somando todas as áreas aumentou apenas 100% em igual intervalo de tempo.

Na prática, explicam os especialistas, esse aumento expressivo dá a entender que se pode esperar um número muito significativo de novos produtos, aplicativos e técnicas baseados em inteligência artificial que alterarão o cotidiano das pessoas, assim como também moldarão a futura interação humana com as máquinas criadas.

Nesse contexto, o Radar Tecnológico, outra publicação do INPI, relata que metade dos pedidos de patentes se referem a áreas de aplicação em inteligência artificial, 22% correspondem a técnicas nessa tecnologia e 28% a aplicações funcionais.

Vale destacar ainda que as empresas norte-americanas encabeçam a lista de países com mais depósitos no INPI, cuja quantidade é quatro vezes superior ao depositado pelas empresas brasileiras, que ocupam a segunda colocação.

O outro lado da inteligência artificial: cautelas e alertas

Entretanto, mesmo com todo o potencial identificado e os ganhos conquistados até agora, o desenvolvimento e a adoção em escala cada vez maior da inteligência artificial, recentemente, acendeu uma luz amarela entre pesquisadores e grandes players globais do setor de tecnologia.

Surpreendentemente, mais de 1.000 pessoas assinaram uma carta, encabeçada pela organização sem fins lucrativos Future of Life Institute, solicitando a interrupção imediata da evolução e treinamento envolvendo a inteligência artificial em áreas cujas habilidades possam disputar com as humanas.

Conforme os signatários, entre eles acadêmicos, pesquisadores, empresários, executivos, entre outros, o desenvolvimento da inteligência artificial indica estar fora de controle, sendo capaz de ameaçar a própria continuação da humanidade.

Desse modo, o grupo pede que as pesquisas sejam retardadas por pelo menos seis meses, para que, nesse prazo, se possa somar esforços com o propósito de definir protocolos de segurança mais rigorosos, incluindo o monitoramento e uma varredura das aplicações de inteligência artificial praticamente humanas, a exemplo da nova versão do ChatGPT.

No documento, os assinantes defendem que sistemas mais poderosos dessa tecnologia só sejam criados se houver confiança de que os efeitos serão benéficos e os riscos gerenciáveis.

Ainda mais diante dos prognósticos negativos sobre o mercado de trabalho. Apesar de que, na avaliação de muitos especialistas, ainda não seja possível cravar os reais efeitos sobre os empregos, algumas pesquisas alertam para as perdas. Exemplo disso, é um relatório recentemente publicado pelo banco Goldman Sachs indicando que a inteligência artificial poderá extinguir cerca de 300 milhões de postos de trabalho em tempo integral.

Nesse contexto, o estudo expõe que a tecnologia é capaz de substituir 25% das atividades laborais nos Estados Unidos e no continente europeu, embora, também possa criar empregos dentro desse novo cenário e que não existiam até então.

 

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