Finanças verdes: Japão planeja usar blockchain para promover sustentabilidade

No Japão estão sendo realizados testes de depósitos bancários digitais usando a rede blockchain, o que permitiria a emissão de certificados criptografados para transações de energia limpa. Para promover sustentabilidade de fato, o projeto também substitui o mecanismo de proof of work, que torna a tecnologia intensiva em energia.
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Equipe Propague
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O setor financeiro tem buscado alternativas sustentáveis para estar em consonância com as mudanças pelas quais o planeta vem passando. Essas iniciativas têm como base apoiar negócios que caminhem na mesma direção através das chamadas finanças verdes, conceito bastante em voga na atualidade. Com esse propósito, um consórcio de 74 instituições japonesas chamada Digital Currency Forum (DCF) – Fórum de moeda digital, na tradução livre para o português -, composto por bancos e grandes corporações, anunciou a criação de uma rede de pagamentos em blockchain para digitalizar depósitos bancários.

O projeto se relaciona com a promoção de um sistema financeiro sustentável por conta dos usos mais criativos da tecnologia blockchain que estão sendo explorados nesse sentido, em especial o exemplo de certificados verdes para transações envolvendo energia limpa, e a substituição do uso do mecanismo de proof of work, prova de trabalho na tradução livre, na operação da rede, que é o que a torna intensiva em consumo energético e pouco sustentável.

Segundo artigo publicado pelo OMFIF (sigla em inglês para Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras), a iniciativa funcionará como uma espécie de plataforma de moeda digital e vai além dos objetivos básicos usuais de garantir pagamentos rápidos e mais baratos e impulsionar a inclusão financeira.

Nesse sentido, explica Lewis MCLellan, editor do Digital Monetary Institute (Instituto Monetário Digital) do OMFIF, o DCF já tem subcomitês investigando casos de uso criativo do dinheiro programável e está avaliando como a iniciativa, provisoriamente batizada de DCJPY, pode contribuir para a luta contra as mudanças climáticas, “fornecendo provas criptográficas de que a energia adquirida nos mercados de comercialização do insumo foi produzida de forma limpa”, trabalhando, dessa forma, em conformidade com o conceito de finanças verdes.

Tokens de eletricidade e uso do blockchain compatível com as finanças verdes

O progresso do trabalho desenvolvido pelo DCF aponta que “tokens de eletricidade programados para comprar apenas energia limpa podem dar às empresas capacidade de demonstrar que suas atividades corporativas são consistentes com a neutralidade de carbono”, segundo o relatório.

Ao mesmo tempo, emenda, podem criar um maior incentivo econômico a fim de produzir energia por meio de métodos mais limpos. Isso porque, seria capaz de permitir aos participantes do mercado “expressar sua preferência por energia produzida de forma sustentável”.

Para MCLellan, embora o uso dos tokens de eletricidade no comércio de energia verde ainda esteja apenas em fase de exploração, trata-se de um “raro exemplo de uso potencialmente valioso da programabilidade do dinheiro”.

Ao mesmo tempo, vale ressaltar ainda, que as blockchains costumam ser alvos de críticas pela enorme demanda de energia necessária para manter seu funcionamento e segurança. Isso acontece por conta do mecanismo de consenso de proof of work, com o bitcoin servindo de exemplo.

Porém, para o projeto de fato poder ser compatível com o objetivo de promover finanças verdes, explica o editor do Digital Monetary Institute (DCJPY), “usará um algoritmo de consenso que consome menos energia, conhecido como ‘practical Byzantine fault tolerance’ (tolerância prática a falhas bizantinas, na tradução livre para o português)”.

Depósitos bancários transformados em moeda digital

No White Paper que detalha o DCJPY, a plataforma de moeda digital utilizará uma rede blockchain autorizada para “transformar depósitos bancários em moeda digital”. Conforme o documento, em vez de uma moeda digital do banco central (CBDC), essa será uma “versão digitalizada do dinheiro do banco comercial”. No entanto, explica, uma CBDC poderia operar no mesmo formato estabelecido para esse projeto.

“Por exigir principalmente a digitalização dos depósitos bancários existentes, o DCF acredita que o projeto contorna as dificuldades em relação ao status regulatório das stablecoins como distinta dos depósitos bancários”, expõe MCLellan no artigo do OMFIF.

Conforme disse, desde junho de 2021, um protótipo do DCJPY está sendo testado em um ambiente sandbox, ambiente que pode ser definido como um espaço onde é possível efetuar testes de forma segura e controlada pelos reguladores.

Ainda de acordo com o DCF, o DCJPY será emitido pelos bancos comerciais com seu passivo, assim como ocorre com os depósitos bancários. Além disso, tanto empresas como pessoas físicas terão acesso à plataforma, que funcionará da seguinte forma: “a moeda digital será cunhada quando o usuário sacar o dinheiro de sua conta e postar na plataforma, onde poderá ser transferido para outro usuário que poderá sacar para a sua própria conta”.

O CDC declarou também que um DCJPY equivale a no mínimo a um iene, moeda oficial do Japão. Por enquanto, o projeto estará disponível para utilização em solo japonês. Porém, o DCF disse que poderá considerar a possibilidade de uso por não residentes e fora do país. Por fim, explica que transferências simples de valor ocorrerão no que eles estão chamando de área comum da plataforma. Enquanto isso, casos mais complexos, como o projeto de comercialização de energia, ficará dentro da área de processos de negócios. Nessa área, os pagamentos podem ser programados e condicionados à entrega de mercadorias, serviços ou ativos digitais, como NFTs e tokens de segurança.

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