A Indústria 4.0 é o termo usado para se referir à quarta revolução industrial, essa, caracterizada pelo uso intensivo de tecnologias avançadas, como a Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial, robótica, big data e computação em nuvem para conectar o mundo físico ao mundo digital. Com isso, a indústria 4.0 permite a descentralização, a operação instantânea e a virtualização dos processos produtivos.
Portanto, ao aplicar esse conjunto de tecnologias, a Indústria 4.0 pode impactar inúmeros setores, inclusive o setor financeiro. Uma vez que, com a crescente digitalização dos serviços financeiros, novas tecnologias estão sendo adotadas pelas empresas para aumentar a eficiência, reduzir custos e melhorar a experiência do cliente.
As tecnologias associadas a Indústria 4.0, por exemplo, estão impulsionando a criação de novos produtos e serviços no mercado, utilizando de tecnologias como blockchain e contratos inteligentes para criar soluções inovadoras que estão transformando a maneira como são feitas transferências, empréstimos, investimentos e pagamentos.
Nesse cenário, a Ásia tem se destacado como um ambiente propício para a adoção da Indústria 4.0 no setor financeiro. Isso porque a região engloba importantes hubs de tecnologia e abriga alguns dos principais centros financeiros em esfera global, logo, naturalmente, o investimento nas novas tecnologias e na adoção da indústria 4.0 às redes financeiras regionais são atrativas para autoridades monetárias, empresas e instituições governamentais.
A capacitação tecnológica no Sudeste Asiático influenciada pelo Leste Asiático
O Leste Asiático, por exemplo, ficou conhecido por seu rápido desenvolvimento tecnológico durante o século XX, de modo que, atualmente, países como Coreia do Sul e Taiwan são referência global de grandes hubs de tecnologia.
Nesse sentido, empresas financeiras em países como China, Japão e Coreia do Sul foram pioneiras em adotar tecnologias ligadas a inteligência artificial, big data e blockchain para melhorar seus processos e oferecer melhores soluções aos seus clientes.
Prova desse pioneirismo é a presença de grandes empresas de tecnologia, como Tencent, Alibaba e Samsung, revolucionando a maneira como os serviços financeiros são prestados. Ademais, a região também é conhecida por sua adoção rápida de tecnologias emergentes que estão impulsionando a conectividade e a digitalização, como no caso do 5G.
Seguindo um caminho parecido, o Sudeste Asiático está investindo em tecnologias avançadas para impulsionar o desenvolvimento econômico e a competitividade no mercado global.
Singapura, por exemplo, é um dos líderes da região na adoção de tecnologias avançadas e vem investindo fortemente em iniciativas de inovação e tecnologia, com o objetivo de se tornar um hub tecnológico global.
O governo de Singapura lançou vários programas para incentivar a adoção de tecnologias associadas a indústria 4.0, incluindo o programa Smart Nation, para criar uma nação inteligente e conectada.
Já a Malásia, por sua vez, conta com o programa “Indústria 4.0”, que oferece incentivos para empresas que investem em tecnologias como IoT, inteligência artificial e robótica, e visa transformar a economia do país em uma economia baseada em tecnologia.
Seguindo a tendência regional, a Tailândia lançou o programa “Tailândia 4.0”, oferecendo incentivos para empresas que investem em tecnologias avançadas, como a IoT e a robótica para modernizar a produção de bens e serviços no país.
É interessante notar que, em geral, esses planos apresentam similaridades e, ao destacarem como o setor financeiro pode contribuir para a consolidação da indústria 4.0, a tecnologia blockchain aparece na maioria deles.
Esses são apenas alguns dos exemplos de como os países do Sudeste Asiático estão empenhados em difundir a indústria 4.0. Mas, é importante destacar que, além das políticas nacionais de cada país membro dessa região dedicadas à expansão da sua malha tecnológica e dos seus serviços financeiros, as diretrizes e jurisdições da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) também precisam ser levadas em consideração na formulação de novos projetos e planos de desenvolvimento.
Para que não haja sobreposição de direcionamentos, a ASEAN, entendendo a demanda e movimentação dos países do bloco, vem organizando um plano para a implementação da indústria 4.0 na região.
Entenda a estrutura geral do plano do ASEAN para a indústria 4.0
Pensando em padronizar e orientar os avanços da indústria 4.0 na região, o ASEAN desenvolveu sua estratégia consolidada sobre a Quarta Revolução Industrial (4IR). Esse arcabouço, que delimita como e em quais áreas o bloco pretende atuar, tem como objetivo alinhar e padronizar os projetos do desenvolvimento de tecnologias entre os países membros do bloco e potencializar o crescimento da indústria financeira com tecnologias 4.0.
A estratégia foca em três áreas principais:
- Governança Tecnológica e Segurança Cibernética;
- Economia Digital;
- Transformação Digital da Sociedade.
A ideia da associação é que, com a difusão dessas novas tecnologias, a economia do sudeste asiático se torne mais competitiva globalmente. Para concretizar essa visão de longo prazo, a região deve aproveitar e capturar oportunidades alinhadas com os setores de serviços da nova economia em 6 subáreas:
- Serviços de saúde;
- Finanças;
- Logística;
- Educação;
- Turismo;
- Outros serviços profissionais.
Fintechs se tornam a aposta da ASEAN para a indústria 4.0 e bloco mira na inclusão financeira
Com relação aos serviços de finanças, especificamente, o destaque dentre as estratégias e apostas no plano apresentado pelo ASEAN, é para as fintechs. O bloco reconheceu que, startups e fintechs, têm puxado o movimento para o crescimento do mercado, investindo na criação e capacitação de novos talentos para acompanhar a revolução do mercado financeiro global e da indústria 4.0.
Nesse sentido, de acordo com o ASEAN, as fintechs representam a categoria de investimento de capital de risco com maior número de empreendimentos apoiados, sendo que, em 2019, 1,6 bilhões de dólares foram investidos em startups de fintechs na região, em comparação com apenas 0,2 bilhões de dólares cinco anos antes.
Esse grande destaque para fintechs se dá pela importância dessas empresas de tecnologia financeira na implementação e adesão das tecnologias digitais da indústria 4.0 na oferta de serviços e produtos financeiros melhores e na melhoria da experiência dos consumidores com os players do mercado.
Essa função das fintechs como propagadora e facilitadora das novas tecnologias nos serviços financeiros pode refletir positivamente também para o aumento da inclusão financeira na região do ASEAN.
À medida que as tecnologias da indústria 4.0 possibilitem soluções de pagamento digital no alcance de uma maior diversidade de grupos socioeconomicos, melhorem o acesso ao financiamento para micro, pequenas e médias empresas, e promovam o comércio intrarregional por meio de aplicativos, o ASEAN espera que a expansão da inclusão financeira seja uma consequência do seu plano de promoção da indústria 4.0.
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