O Pix contará com um novo mecanismo de devolução em caso de fraudes ou falhas operacionais nos pagamentos instantâneos. O mecanismo especial de devolução começará a funcionar na data em que o Pix completa um ano: 16 de novembro de 2021.
Por enquanto, o Pix já conta com um mecanismo para que o próprio recebedor da transação faça o retorno – parcial ou completo – dos recursos através do seu aplicativo. Ou seja, se houver algum problema com uma transferência Pix, é a pessoa que recebeu o recurso quem deve proceder com a devolução.
O novo mecanismo vai criar rotinas pré-estabelecidas para as instituições envolvidas na transação – do lado do pagador e do recebedor – possam processar pedidos de devolução dos recursos, sem depender de uma ação por parte de quem recebeu fundos indevidamente.
Isto tem o objetivo de dar mais agilidade ao processo de devolução quando houver evidências fundamentadas de fraude ou alguma falha técnica na operação, e prevê garantias para ambas as partes.
Assim, vítimas de golpes no Pix poderão enviar uma queixa para a sua instituição, que seguirá um protocolo padrão, com mais chances de sucesso em reaver os fundos.
Devolução Pix: mecanismo ajuda a reparar golpes na internet
A implementação do Mecanismo Especial de Devolução do Pix é uma etapa importante para o avanço do arranjo de pagamentos instantâneos do BC, em meio a relatos de golpes na internet usando o Pix.
Desde sua implementação, o Pix se tornou alvo de golpistas, que adaptaram velhas táticas de engenharia social ao novo arranjo. A engenharia social envolve técnicas para burlar os sistemas de segurança adotados pelas empresas induzindo os próprios usuários ao erro. No caso do Pix, o problema é evitar que os usuários sejam enganados e, sem perceber, realizem transferências para criminosos no lugar dos destinatários corretos.
O relato mais frequente é o de sequestro de Whatsapp, em que hackers se fazem passar por um conhecido pedindo dinheiro via Pix. Para evitar cair nessa armadilha, especialistas recomendam ligar para o contato para confirmar que é um pedido legítimo.
Com o Pix Cobrança, versão moderna do boleto que teve início em 14 de maio, há um novo risco de golpes utilizando QR Codes falsos. Nesse caso, o QR Code direciona o pagamento para uma conta que não é a da empresa que deve receber os recursos. Esse problema também pode acontecer com sites falsos de lojas.
Em todos os casos, a solução passa pela atenção dos usuários, que precisam verificar os dados do recebedor (nome, parte do CPF ou CNPJ, banco de destino) exibidos em tela antes de confirmar a transação. Se não reconhecer o nome da pessoa ou da empresa destinatária, basta abandonar a transação.
Além disso, usuários devem também ficar atentos com a prática de phishing: nenhuma instituição pede senhas ou outras informações dos usuários por SMS ou telefone para concluir o cadastro no Pix.
A economia da fraude: novo relatório mostra perda de mais de US$ 1 trilhão
Não há nada de único nas tentativas de fraudes usando o Pix. Conforme novos métodos de pagamento são criados, golpistas desenvolvem novas maneiras de tentar fraudá-los.
Com o uso do celular para fazer compras e transferências, mais da metade das tentativas de golpes na internet foram feitas pelo celular, como mostra um novo relatório sobre a chamada economia da fraude publicado pela SIFT em maio de 2021.
Segundo o estudo, em 2020 houve um aumento de 69% nas tentativas fraudulentas de compras pela internet, com um valor médio de 2 mil dólares por ataque. No total, estima-se que em 2020 foram perdidos mais de 1 trilhão de dólares em crimes cibernéticos ao redor do mundo.
Para enfrentar esse cenário, os provedores de serviços de pagamentos e plataformas de e-commerce se deparam com um trade-off entre protocolos cada vez mais complexos de autenticação das transações e a demanda dos clientes por procedimentos simples e rápidos – seamless.
O Mecanismo Especial de Devolução do Pix contribui para este cenário ao facilitar que as instituições provedoras de contas no Brasil respondam aos possíveis golpes no Pix de maneira mais rápida e eficaz, com maior chance de sucesso na recuperação dos recursos. Trata-se de um passo necessário para que o pagamento instantâneo ganhe credibilidade como método de pagamento do e-commerce.
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