Com a expansão da internet e das tecnologias digitais, novas formas de produção, distribuição e consumo de bens e serviços surgiram, transformando profundamente as relações socioeconômicas e dando origem à economia digital.

A economia digital, portanto, abrange desde empresas que atuam exclusivamente na internet até aquelas que utilizam a tecnologia para aprimorar seus processos e oferecer melhores produtos e serviços aos consumidores, sendo a principal tendência da economia moderna.

Nesse sentido, outra direção da atualidade que pode se combinar com a economia digital é a sustentabilidade. Com as preocupações crescentes em relação às mudanças climáticas, a economia verde se tornou um importante mercado e vetor de transformação socioeconômica.

Assim, enquanto a economia digital está transformando a forma como trabalhamos, consumimos e nos conectamos, a sustentabilidade, também, tornou-se uma prioridade global para garantir a sobrevivência de nosso planeta e suas espécies.

Essas duas tendências estão cada vez mais interligadas, com a tecnologia sendo vista como uma ferramenta vital para alcançar a sustentabilidade ecológica e social. A aposta é de que o futuro seja marcado por uma convergência entre essas duas áreas, com a economia digital sendo uma força motriz para o desenvolvimento sustentável em todo o mundo.

Assim, a economia digital e a sustentabilidade são duas tendências fundamentais do nosso tempo que as autoridades de Hong Kong estão tentando abraçar. O território já é um importante centro financeiro da Ásia, com uma infraestrutura financeira robusta e bem estabelecida. Agora, com a crescente demanda por serviços financeiros digitais e sustentabilidade, está buscando se posicionar como líder na economia digital financeira e verde.

No início de fevereiro de 2023, por exemplo, foi divulgado o novo plano orçamentário do governo para o desenvolvimento da economia digital de Hong Kong, que pretende ser verde e sustentável, visando colocar o território em uma posição forte para atrair talentos e empresas de tecnologia internacionais.

Hong Kong apresentou um novo plano orçamentário para impulsionar o crescimento da economia digital

O novo orçamento prevê um impulso de bilhões de dólares para desenvolver tecnologias de ponta, como inteligência artificial (AI), tecnologia quântica e internet de terceira geração (Web 3.0), apontando que a economia digital de Hong Kong tem um futuro promissor.

Como parte do orçamento o governo anunciou que realizará um estudo de viabilidade para o desenvolvimento de um Centro de Supercomputação de Inteligência Artificial e que irá investir $50 milhões no desenvolvimento do ecossistema Web 3.0. Vale lembrar, que a categoria de WEB 3.0 inclui temas como ativos digitais e blockchain.

Além disso, reservou uma quantia de $500 milhões para lançar um Programa Piloto de Apoio à Transformação Digital, com o objetivo de ajudar as pequenas e médias empresas a aplicar soluções digitais básicas prontas para uso.

Também, serão destinados $200 milhões para melhorar a plataforma “iAM Smart” e aprimorar a experiência do usuário. O “iAM Smart” é uma conta gratuita que pode ser usada por todos os titulares de Cartão de Identidade de Hong Kong com 11 anos ou mais. Ele permite que os usuários realizem autenticação por meio de telefones celulares pessoais e façam login para usar os serviços online de diferentes departamentos governamentais e organizações comerciais.

Outro aspecto que aparece com frequência no novo plano orçamentário é a questão da sustentabilidade, com diversas iniciativas voltadas para que Hong Kong consolide sua economia digital seguindo um caminho sustentável.

A Economia Digital de Hong Kong pretende ser verde e sustentável

Nesse sentido, tendo em vista a consolidação como um Centro Internacional GreenTech e GreenFi, o governo anunciou a criação de um Comitê de Desenvolvimento de Tecnologia e Finanças Verdes com o objetivo de formular uma agenda de ação que abranja diversos temas, tais como tecnologia verde, finanças verdes, certificação de padrões verdes, entre outros. A iniciativa visa fomentar o desenvolvimento sustentável e promover soluções inovadoras que contribuam para a preservação do meio ambiente.

Além disso, o governo também anunciou a organização de uma Semana Internacional GreenTech, que irá reunir especialistas, empresas e organizações em torno do tema de tecnologias verdes e sustentáveis. A expectativa é que o evento ajude a promover o diálogo e a troca de ideias sobre questões relevantes e a estimular o desenvolvimento de novas soluções para enfrentar os desafios do nosso tempo.

Por fim, o documento prevê um plano de emissão de pelo menos US$ 15 bilhões em títulos verdes de varejo no próximo ano, com uma certa proporção das emissões futuras de títulos verdes do governo e títulos de infraestrutura reservados para investimentos prioritários por fundos MPF (fundos de previdência obrigatórios).

Diante desse cenário, a expectativa é de que a economia digital de Hong Kong siga trilhando um caminho sustentável e, enquanto os projetos do novo orçamento não são colocados em prática, algumas iniciativas já estão pavimentando o caminho. Hong Kong, por exemplo, emitiu de forma pioneira títulos verdes tokenizados.

Governo de Hong Kong é o primeiro do mundo a emitir títulos verdes tokenizados

O governo de Hong Kong fez história, em fevereiro, ao emitir HK$800 milhões (US$102 milhões) em títulos verdes tokenizados. Essa foi a primeira vez que um governo em todo o mundo emitiu títulos desse tipo, abrindo caminho para futuras ofertas de títulos digitais na cidade.

Os títulos, com um prazo de um ano e denominados em dólares de Hong Kong, foram oferecidos a investidores institucionais globais após roadshows virtuais organizados por importantes instituições financeiras como o Bank of China (Hong Kong), Credit Agricole, Goldman Sachs e HSBC.

O sucesso da emissão foi comemorado pelo secretário de finanças, Paul Chan Mo-po, que destacou a importância da combinação de mercado de títulos, finanças verdes e sustentáveis e fintech em Hong Kong. A tokenização dos títulos permite o registro dos interesses benéficos usando tecnologia de contabilidade distribuída.

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