BRICS seguem com projeto de moeda digital comum enquanto promovem moedas nacionais

As iniciativas, segundo autoridades nacionais dos países-membros, têm como objetivo reduzir a dependência excessiva ao dólar norte-americano no comércio internacional e reduzir custos operacionais.
BRICS seguem com projeto de moeda digital comum enquanto promovem moedas nacionais
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Equipe Propague
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Os BRICS, sigla em inglês que representa o bloco de países inicialmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, seguem firmes na criação de uma moeda comum 100% digital, visando o comércio internacional e a proteção de seus sistemas financeiros.

A expectativa é de que, na reunião de ministros de finanças das nações pertencentes aos BRICS prevista para maio de 2024, as negociações avancem, dado o desejo dos integrantes de poderem contar com uma alternativa ao dólar norte-americano nas liquidações internacionais, reduzindo os riscos de dependência excessiva da moeda que hoje domina o sistema monetário global.

A informação foi repassada pelo embaixador sul-africano na China, Siyabonga Cyprian Cwele, em uma entrevista recentemente concedida ao Global Times.

De acordo com ele, enquanto a nova moeda não se torna realidade, os países dos BRICS também vêm trabalhando a possibilidade de uso de suas moedas nacionais no comércio bilateral em substituição ao dólar, na tentativa de diminuir as vulnerabilidades decorrentes de eventuais sanções internacionais a países do bloco, a exemplo do que se passa com a Rússia.

Vale lembrar que, alinhado a esse movimento, o governo brasileiro já havia fechado um acordo com o governo da China em março de 2023, para que as operações entre os dois países passassem a ser efetuadas utilizando o yuan.

Assim, as transações ocorreriam por meio do Banco Bocom BBM e do CIPS (sigla em inglês para o sistema de pagamentos chinês), versão alternativa ao Swift, conforme noticiado à época.

Além disso, em setembro de 2023, Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores brasileiro, confirmou, em entrevista à Empresa Brasil Comunicação (EBC), que os demais países dos BRICS também estudam utilizar suas moedas locais para transações transfronteiriças, agilizando o comércio e reduzindo custos internacionais. 

Novo sistema de pagamentos

Além da criação de uma moeda digital única, os BRICS trabalham no projeto de estruturação de um sistema de pagamento próprio, ancorado na tecnologia blockchain, segundo informou a agência de notícias russa, TASS, em março de 2024.

Esse esforço adicional para reduzir o uso do dólar nas transações transfronteiriças, explicou a agência, objetiva ampliar o papel dos BRICS na atual dinâmica econômica global.

Ao comentar sobre o novo sistema de pagamento dos BRICS, Yury Ushakov, assessor do governo russo, adiantou à TASS que a escolha da blockchain, assim como de outras tecnologias de última geração, se justifica para que esse sistema possa ser independente, oportuno para os governos, empresas e indivíduos, e ainda lucrativo e desvinculado da política.

Sem especificar prazos, Ushakov assegurou que o projeto é uma das prioridades dos BRICS para 2024.

Reservas em ouro ganham força entre os BRICS

Em complemento às iniciativas para assegurar a estabilidade financeira de seus países, os BRICS estão expandindo suas reservas internacionais em ouro, segundo levantamento do World Gold Council

Em seu balanço mais recente, de março de 2024, consta que a China e a Índia acrescentaram, cada uma, cinco toneladas do metal precioso às suas reservas, seguidas pela Rússia, que adicionou quatro toneladas.

No acumulado do ano de 2024, a China lidera as aquisições de ouro entre os BRICS, com 27 toneladas. Em seguida vem a Índia, com 20 toneladas, enquanto Brasil e África do Sul não aparecem no ranking da instituição.

No entanto, segundo publicado pela plataforma The Cointelegraph, com base em dados do CEIC DATA que fornece dados econômicos para mercados desenvolvidos e emergentes, em março de 2024, o Brasil somou às suas reservas cerca de US$1 bilhão em ouro. Esse valor representa o maior crescimento nominal desde 2021. Ainda de acordo com o CEIC, o Brasil mantém, atualmente, US$9,2 bilhões desse ativo.

Novas adesões

A expansão do bloco também segue em pauta. Em 2023, na cúpula anual dos BRICS, em Joanesburgo, na África do Sul, os integrantes decidiram convidar novos países para se juntarem a eles. Ao todo foram seis: Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.

Porém, na entrevista à mídia chinesa, Cwele afirmou que outros 20 países se mostraram interessados em formalmente ingressar nos BRICS. Entre os candidatos estão algumas economias emergentes.

Todavia, o embaixador sul-africano assinalou que os membros atuais ainda estão trabalhando na criação de diretrizes para aceitar novos países. Tais regras deverão ser mais inclusivas, evitando qualquer tipo de discriminação ou que sejam exclusivamente centradas na economia.

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