A incidência de fraudes abala tanto os processos de segurança das organizações, como a credibilidade dos negócios perante clientes e investidores. Ainda mais quando o número de registros aumenta, atingindo um patamar que parece estar fugindo ao controle das medidas de prevenção. Este é o cenário que marcou o ano de 2022 no Brasil, segundo uma pesquisa global da consultoria PwC.
Diferentemente de outros países, onde as ações de prevenção a fraudes parecem estar surtindo mais efeitos, por aqui, na comparação com os dois anos anteriores, a proporção de organizações que relatou ter sofrido uma ou mais formas de fraudes ou crimes econômicos chegou a 62% em 2022, ante 46% em 2020.
Enquanto isso, expõe o relatório, menos da metade das empresas em todo o mundo (46%) afirmou ter registrado eventos de igual natureza em 2022.
De acordo com a PwC, fatores como as pressões ambientais, sociais, financeiras e geopolíticas estão dando origem a um quadro instável propício a riscos como jamais se viu, de modo que esse cenário torna ainda mais árdua a tarefa de prevenir fraudes e crimes econômicos.
Além disso, o relatório também destaca que mesmo que as organizações se adaptem rapidamente às mudanças, promovendo treinamento, adotando controles internos e monitoramento, ainda assim, agentes mal-intencionados seguem buscando eventuais brechas nos mecanismos de defesa a fim de aplicar seus golpes.
Nesse contexto, o que se observa é que as fronteiras das organizações estão mais vulneráveis frente ao avanço das ações de fraudadores externos. Na apuração global, cerca de 70% das empresas relataram ataques externos ou através de esquema entre agentes externos e internos.
Ademais, o estudo identificou que o crime cibernético simboliza a maior ameaça. Em seguida, aparecem as fraudes praticadas pelo consumidor e, na terceira posição, o roubo de ativos.
Incidência de fraudes por setor
Considerando o registro de fraudes por setor econômico entre 2020 e 2022, o estudo revelou que serviços financeiros; energia, utilidades e recursos; saúde; e tecnologia, mídia e telecomunicações foram os que mais sofreram esses tipos de crimes.
No setor de serviços financeiros, por exemplo, 44% das fraudes foram oriundas de golpes dados por consumidores, 38% por meio de crimes cibernéticos e 29% nos processos de KYC (sigla em inglês para “conheça o seu cliente”).
O setor de energia, utilidades e recursos, por sua vez, identificou que 45% das fraudes foram registradas nos processos de compras, 29% por conta de crimes cibernéticos e 29% na cadeia de suprimentos.
Enquanto isso, o setor de saúde contabilizou 40% das fraudes advindas de crimes cibernéticos, 30% de roubos de ativos e 27% praticadas pelos consumidores.
Por fim, o setor de tecnologia, mídia e telecomunicações reportou que 50% das fraudes vieram de crimes cibernéticos, 35% de fraudes do consumidor e 26% de compras.
Perfis falsos são ameaça para bancos digitais
A pesquisa da PwC concluiu também que os fraudadores vêm colaborando entre si, aumentando, assim, o volume e a sofisticação dos ataques. Entre eles, se destaca a criação de identidades falsas visando realizar transações como parte de uma economia criminosa em crescimento.
De acordo com uma outra pesquisa, da AllowMe, especialista na proteção de identidades digitais e prevenção de fraudes, essa é uma forte ameaça que circunda, sobretudo, o setor financeiro, dada a popularidade dos bancos digitais, que usam a tecnologia para facilitar e tornar mais rápido o processo de abertura de contas.
Segundo o levantamento, a cada 10 contas criadas nos bancos digitais no Brasil, duas são passíveis de fraudes em relação à identidade.
De um total de 1,3 milhão de operações de abertura de contas digitais avaliadas, 266 mil, ou o equivalente a 20%, foram recusadas depois de uma avaliação usando mecanismos de validação do dispositivo, incluindo o uso de biometria, no caso o reconhecimento facial.
Conforme a empresa, as reprovações das transações suspeitas de fraudes estariam relacionadas com o hackeamento dos dispositivos usados para a criação das contas digitais com o intuito de cometer crimes financeiros.
O estudo também chama a atenção para o fato dos cibercriminosos já possuírem métodos para aplicar golpes e roubar dados de cadastro de contas digitais e assim realizar transações.
A saber, a maneira mais comum de isso ser feito é por meio do furto de imagens a partir de fotos e de vídeos para uso no reconhecimento através de biometria facial. Outro método é o uso de ferramentas para enganar os sistemas, disfarçando endereços de IP, e a geolocalização dos aparelhos, bem como contas de e-mail.
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