Desde que o pagamento por aproximação foi lançado, digitar senhas ao pagar com cartões de débito ou crédito começou a cair em desuso. É um caminho que deverá ganhar ainda mais impulso com a incorporação da biometria; no caso, a leitura das impressões digitais do usuário, a fim de autorizar uma transação. É nisso que bancos e instituições financeiras estão trabalhando, a fim de incorporar métodos de verificação mais seguros e, em um futuro cada vez mais próximo, abandonarem a digitação dos códigos de acesso como conhecemos. A mais recente aposta nessa direção vem de um banco libanês, o Credit Libanais.
Segundo um relatório da NFCW, empresa britânica de notícias e análises sobre tendências e lançamentos tecnológicos em pagamentos, o banco sediado no Líbano testará um cartão de pagamento biométrico que permitirá aos usuários autorizarem operações sem contato, digitalizando apenas suas impressões digitais. Os cartões serão baseados na tecnologia Pay One da Zwipe, startup norueguesa que, ainda em 2016, lançou o primeiro cartão com essa tecnologia.
Esse lançamento foi possível a partir de uma parceria, feita dois anos antes, com a Mastercard, que envolveu o equipamento de cartões de pagamento sem contato com um sensor de impressão digital. A saber, a tecnologia transforma a impressão digital do usuário em um PIN, ou seja, em uma espécie de senha, que permite ao titular do cartão fazer compras sem contato. A fim de garantir a segurança, os dados são armazenados diretamente no próprio cartão.
Antes do Credit Libanais, em 2019, o banco europeu NatWest, original do Reino Unido, também chegou a testar cartões de débito com biometria em estabelecimentos comerciais que aceitassem ferramentas de pagamentos móveis, como a carteira digital Google Pay, por exemplo.
Leia também: Mercado de pagamentos: o que é e como funciona?
Inteligência artificial na retaguarda
Para assegurar que o processo seja seguro, entram em cena iniciativas como a da empresa de verificação de identidade de inteligência artificial Jumio que anunciou, conforme a PYMNTS, o lançamento de uma camada de orquestração sem código para a sua plataforma KYX. Essa plataforma é destinada a lidar com casos de uso de prova de identidade e verificação de conformidade, o que poderá ser uma ferramenta a mais, a fim de ajudar as instituições financeiras a lançarem, em maior escala e segurança, cartões de pagamento sem contato por meio da biometria.
De acordo com a companhia, esse avanço tecnológico tem como objetivo abordar violações de segurança e proteger informações de identificação pessoal. Nesse sentido, a Jumio usa a identificação dos cidadãos emitidas pelos governos, bem como outras fontes, para verificar as identidades dos usuários.
Ainda segundo a PYMNTS, que é líder mundial em dados, notícias e insights sobre inovação em pagamentos, a expectativa é de que, em 2021, até 18 bilhões de transações em todo o mundo, incluindo também aquelas por meio de cartões, sejam verificadas usando autenticação biométrica. Até porque, explica, no caso do mercado de cartões, além do Credit Libanais, Zwipe e Mastercard, a Visa também está oferecendo suporte à autenticação biométrica.
Com esse propósito, em junho deste ano, a Visa chegou a investir na LoginID, uma empresa de autenticação multifator. Conhecido como MFA, sigla em inglês para esse tipo de autenticação, trata-se de um sistema de segurança que verifica a identidade do usuário por meio de duas ou mais credenciais de acesso.
Por que usar um cartão com biometria?
Na avaliação dos especialistas em tecnologias em pagamentos, primeiramente, a maior vantagem de um cartão de pagamento biométrico é a segurança. Ao realizar uma compra, ao invés de digitar uma senha, como já explicado, basta tocar no leitor de impressões digitais que acompanha o próprio cartão. Em seguida, se a impressão digital do portador coincidir com a que está armazenada, o pagamento é aprovado. E como os dados das impressões digitais são gravados e jamais saem do cartão, essa funcionalidade certamente poderá dificultar interceptações e roubos, explicam.
Além disso, eles também apontam que, com os cartões de pagamento por meio de biometria, poderá não haver mais limites de valor nas transações sem contato, diferentemente do que ocorre hoje por medidas adicionais de segurança. Dessa forma, espera-se operações mais rápidas e convenientes para o usuário. E, caso apresente erro, e a tecnologia não funcione em dado momento, a senha poderá ser utilizada como alternativa.
Ao mesmo tempo, como todo o processo acontece diretamente no cartão, sem a necessidade de comunicação com o banco para reconhecer a biometria, o método também dispensará a necessidade de novas máquinas de cartões adaptadas, já que o processo é suportado pelas atuais que já utilizam a tecnologia NFC, para pagamentos por aproximação, afirmam ainda os especialistas.
Mais uma vantagem, emendam esses profissionais, é que, diferentemente das carteiras digitais, que dependem de um smartphone mais poderoso, com leitor de impressão digital – e consequentemente mais caro -, para garantir pagamentos por aproximação, se os bancos e demais instituições financeiras disponibilizarem um cartão biométrico gratuitamente para os clientes habilitados, esse novo método proporcionará maior acessibilidade.
Veja ainda: