Novas plataformas impulsionam economia digital para investimentos na China

O desenvolvimento de segmentos ligados a economia digital segue forte no cenário na China e diversas instituições estão se movimentando para acelerar a integração de tecnologias financeiras com seus produtos e serviços.
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Equipe Propague
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A integração de recursos tecnológicos ao mercado financeiro está transformando a maneira como investidores, instituições financeiras e organismos reguladores se relacionam quando o assunto é oferta de novos produtos e serviços digitalizados. Em decorrência disso, o mercado vem avançando cada vez mais em direção a uma economia digital plena.

Na China, a economia digital conta com o suporte ativo das autoridades, que explicitaram o desejo de digitalizar o mais rápido possível a economia chinesa no 14º Plano Quinquenal – proposta de metas e políticas orientadas para o desenvolvimento socioeconômico chinês no período de 2021-2025.

O plano marcou o início de uma nova jornada de modernização do país e estabeleceu metas específicas a serem alcançadas até o ano de 2025, sinalizando para os governos regionais e empresas quais tipos de projetos e investimentos contam com maior apoio das autoridades locais.

Nesse sentido,  áreas e tecnologias relacionadas à computação em nuvem, Internet das Coisas, BigData, blockchain, inteligência artificial, e realidade virtual e aumentada vêm recebendo grande atenção na China, de modo que a expectativa é de que participação da economia digital atinja uma média de 10% do PIB em 2025.

Percebendo essa sinalização, agentes do setor estão se movimentando para garantir a integração dessas tecnologias em seus serviços, produtos e funções, de forma a aproveitar ao máximo as oportunidades do mercado digital chinês.

Bolsa de Shangai promove a economia digital na China

A Bolsa de Shanghai (SSE), por exemplo, lançou um novo sistema de supervisão de negociação, seguindo um projeto iniciado em 2016. De acordo com o anúncio oficial, esse foi um passo importante para a SSE implementar plenamente o novo conceito de desenvolvimento chinês e promover uma profunda integração da tecnologia nos seus negócios.

A decisão de contar com um sistema de supervisão de negociações  nasceu da rápida expansão do mercado de valores mobiliários que veio acompanhada de uma diversificação dos modelos de negociação e múltiplos tipos de investidores.

Um exemplo importante dessas mudanças é referente às transações com ativos sustentáveis, que exigem supervisão e monitoramento das trocas entre as partes envolvidas na negociação para prevenir práticas de greenwashing.

Esse novo cenário exigiu uma maior capacidade de supervisão da linha de frente da bolsa de valore e, por isso, a SSE decidiu explorar o uso da tecnologia para transformar e atualizar seus sistemas de informação de supervisão comercial, se adequando a nova era da economia digital.

O lançamento do novo sistema foi feito foi em duas fases, sendo a primeira no final de 2019 e a segunda no fim de 2022. Durante as duas etapas, foram apresentadas uma plataforma de integração com as diferentes categorias e subsistemas de negócios, além do uso da tecnologia de computação em tempo real para otimizar o banco de dados e a estrutura de armazenamento de informações.

A atualização da plataforma aumentou seu desempenho de processamento em comparação com ao sistema anterior, com a capacidade de processamento em tempo real se expandindo para mais de 500.000 transações por segundo.

Além disso, a capacidade geral de processamento de mensagens atingiu 10 milhões por segundo, com uma diminuição acentuada na latência de computação em comparação ao modelo de sistema anterior. A ideia é que ela seja capaz de lidar com o crescimento contínuo do volume de transações e necessidades complexas de negócios, melhorando a capacidade de supervisão.

Os resultados da integração da inovação tecnológica à economia promovidos pela SSE também têm impactado outros setores. Os benefícios têm se provado tão positivos que o governo chinês decidiu avançar na transformação da economia digital para além das plataformas convencionais e apostar em uma plataforma estatal dedicada à negociação de NFTs.

O uso de NFT na economia digital deve seguir de forma controlada e regulada

Depois do conturbado banimento das criptomoedas e das restrições contra ativos virtuais em geral, as autoridades chinesas passaram a adotar uma postura de desenvolvimento controlado e regulado no caso das moedas digitais, com a criação de uma CBDC, e dos tokens não fungíveis, também conhecidos como NFTs.

O governo chinêsapoiou a construção de sua própria versão para o NFT, usando o Blockchain Services Network (BSN): diferentemente do blockchain tradicional, ele possui uma estrutura centralizada, permitindo que empresas e indivíduos possam coletar dados de identidade dos usuários e o governo controlar o que está sendo registrado.

Além disso, a versão chinesa de NFT, conhecida como Certificado de Distribuição Digital, é descolada de criptomoedas não lastreadas como o Bitcoin, suportando apenas pagamentos em yuan.

Esse envolvimento das autoridades aqueceu o mercado de criptomoedas, que viu crescer o número de usuários e plataformas interessadas. No meio de 2022, entretanto, o banimento das negociações secundárias esfriou o mercado, levando ao fechamento de plataformas virtuais de negociação.

Seguindo, então, essa trajetória de desenvolvimento controlado, as autoridades anunciaram uma plataforma estatal de negociação de ativos digitais, cujo objetivo é facilitar as transações de propriedade intelectual e tokens não fungíveis (NFTs), conhecidos como colecionáveis digitais no país.

Nova plataforma estatal vai agregar investimentos e informações sobre NFT

De acordo com a mídia estatal China Daily, a plataforma é desenvolvida em parceria com a  China Technology Exchange, um grupo de serviços de comércio de tecnologia apoiado pelo governo; a Art Exhibitions China, uma agência oficial; e, o desenvolvedor de blockchain, Huaban Digital Copyrights.

A plataforma, que é construída sobre a “Cadeia de Proteção Cultural da China”, é projetada para registrar, verificar, depositar, rastrear e proteger ativos digitais. Além disso, também contará com a função de monitoramento de direitos e proteção de direitos autorais de ativos digitais.

A plataforma pretende trabalhar, ainda, em conjunto com a “Digital Collection Home”, a primeira plataforma de avaliação e agregação de crédito de coleta digital no metaverso na China, para fornecer aos usuários serviços que tragam informações, dados e conteúdos valiosos relacionados ao metaverso, aos colecionáveis digitais e a economia digital. Esse movimento, em conjunto com os outros associados ao 14º plano quinquenal, apontam para uma continuidade da aposta chinesa em digitalização até 2025.

 

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