O que é metaverso e como ele pode revolucionar o setor financeiro?

Com a previsão de acesso de 2 bilhões de pessoas globalmente até 2026 e a geração de valor na casa dos US$ 5 trilhões até 2030, acredita-se que o metaverso modificará a forma como trabalhamos e executamos diversas atividades econômicas.
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Equipe Propague
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O termo ainda é novo para a maioria das pessoas. Para se ter uma ideia, o Google Trends, ferramenta que possibilita acompanhar o progresso das buscas por uma determinada palavra ao longo do tempo, revela que a sua procura só se intensificou a partir de 2021. Porém, uma coisa é certa: apesar de ainda dar os seus primeiros passos, o metaverso se configura como uma das principais tendências tecnológicas emergentes.

A expectativa é tanta, que uma pesquisa da consultoria Gartner prevê que, até 2026, quase dois bilhões de indivíduos globalmente deverão ingressar no metaverso. Sendo que, aproximadamente 25% deles, permanecerá ao menos uma hora por dia nesse espaço, seja trabalhando, fazendo compras, estudando ou apenas se divertindo.

Enquanto isso, um outro estudo, desta vez da McKinsey & Company, evidencia o potencial de mercado do metaverso, o qual é capaz de gerar aproximadamente US$ 5 trilhões em valor até 2030.

Aliás, diversas marcas renomadas mundialmente já vêm aderindo a essa tecnologia, a fim de surpreender seu público cativo, bem como para atrair pessoas de outros nichos.

Também chama a atenção o anúncio feito no Fórum Econômico Mundial de 2023, realizado em janeiro, em Davos, na Suíça, no qual um grupo de mais de 60 empresas, além de profissionais de tecnologia e acadêmicos, lançou a iniciativa “Definindo e Construindo o Metaverso”, visando edificar um espaço virtual que seja seguro, inclusivo e, principalmente, viável economicamente.

Mas afinal, o que é o metaverso, como ele funciona e que oportunidades traz para empresas e indivíduos? Ademais, como ele pode contribuir, em específico, para o setor financeiro e o futuro da economia digital?

O que é o metaverso?

Tecnicamente, o metaverso é um espaço virtual e compartilhado, criado pela convergência da realidade física e virtual digitalmente aprimorada. Em outras palavras, trata-se de um tipo de ambiente digital imersivo e interativo, capaz de simular espaços físicos e replicar indivíduos, assim como seus movimentos e ações realizados no mundo real.

Como resultado, quem nele ingressa consegue ter experiências completas. Isso quer dizer que os usuários possuem identidade própria e podem usufruir de vivências, socialização, entretenimento e ainda trabalhar e consumir produtos e serviços. Tudo isso de forma sincronizada, possibilitando haver um número ilimitado de pessoas acessando um metaverso ao mesmo tempo.

Portanto, ele pode ser compreendido como uma espécie de extensão da vida das pessoas em formato virtual, como se elas estivessem em uma outra dimensão. Sendo assim, é daí que vem a denominação metaverso, que significa além do universo.

Por conta disso, já há quem aponte o metaverso como a nova fronteira para conexão das pessoas. E mais: possivelmente, como a nova interface da internet, abandonando o formato que hoje se conhece, baseado apenas em textos e vídeos, configurando-se como um componente importante da Web 3.0.

Como tudo começou?

A proposta de metaverso surgiu pela primeira vez no romance de ficção “Snow Crash”, lançado em 1992 pelo norte-americano Neal Stephenson. Essa obra adiantou o desenvolvimento de jogos e universos virtuais que possibilitam, durante o tempo em que a pessoa estiver logada, tornar-se o que quiser, criando seu próprio avatar. Dessa maneira, ela passa a conviver com outros indivíduos na mesma condição em uma realidade virtual em 3D.

Posteriormente, o metaverso também foi apresentado em outras obras como no filme Matrix (1999), no livro Jogador Nº1 (2011) e em um dos episódios da série de streaming Black Mirror. A partir daí, esse universo virtual e imersivo saiu das obras de ficção e começou a ser desenvolvido na prática.

Entre as primeiras tentativas, podem ser citadas o jogo Second Life, lançado em 2003, que simula a vida real em um ambiente virtual em 3D, onde o usuário pode criar um avatar e interagir com outros jogadores. Ao mesmo tempo, jogos como Fortnite, Roblox e Minecraft também se inspiraram no conceito do metaverso.

Porém, vale destacar que a ideia de metaverso é muito mais do que jogos online e essa modalidade foi apenas o primeiro contato experimental do mundo com o vasto conceito de metaverso. No futuro, espera-se que todos os aspectos da vida real de uma pessoa também passem de forma imersiva pelo meio digital e vice-versa.

Como funciona e como acessar o metaverso?

Até então, o metaverso vem sendo gerado por meio de computadores e pode ser acessado utilizando óculos de realidade aumentada, fones de ouvido, dentre outros dispositivos de controle externo para poder interagir com essa realidade virtual.

No futuro, apontam os especialistas, espera-se que essas maneiras de acesso sejam completamente imersivas e responsivas aos movimentos humanos. Na verdade, os mais entusiastas acreditam que, talvez, nem será preciso vestir tais tecnologias, como ocorre, por exemplo, com os óculos no formato atual.

Para funcionar, além de computadores, um metaverso combina múltiplas inovações. Entre elas estão a realidade virtual, realidade aumentada, computação em nuvem, computação espacial, inteligência artificial, Internet das coisas e head-mounted displays (HMDs). Estes últimos correspondem a dispositivos utilizados na cabeça ou como parte de um capacete, que têm um pequeno display ótico em frente de cada olho.

Também entram nesse pacote, as tecnologias blockchain, as criptomoedas e NFTs. Não devendo esquecer a importância da internet 5G, que permite uma conexão bem mais veloz, visto que ela pode ser até 20 vezes mais rápida do que o 4G.

Além disso, o metaverso ainda é algo bastante centralizado. Afinal, até agora, não existe um único espaço virtual do gênero para navegar dentro dele. Ou seja, existem vários metaversos, que não se comunicam entre si e cada um deles ainda não é independente de um dispositivo e nem pertence a um único provedor.

Em outras palavras, pode-se fazer uma analogia ao funcionamento de um smartphone: para acessar um metaverso é necessário baixar uma aplicação no aparelho. A exemplo do que se faz quando se deseja um aplicativo de transporte.

Exemplos de iniciativas e plataformas atuais

Na avaliação dos estudiosos, o que existe hoje de metaverso são versões simplificadas do que ele pode vir a ser. Afinal, são iniciativas ainda focadas em simulações virtuais de experiências como já se conhece, sem grandes novidades, ou, no caso das plataformas de jogos, um pouco mais aprimoradas.

A marca de roupas e acessórios Gucci, por exemplo, já testa provadores de realidade aumentada. A iniciativa permitirá que os clientes experimentem os produtos digitalmente, vendo o resultado antes de realizar a compra online.

Outra marca de moda, a Dolce & Gabbana, foi além e proporcionou um desfile imersivo por meio da plataforma de metaverso Decentraland.

No ramo de fast-food, o McDonald’s, por exemplo, solicitou o registro de uma patente que define um modelo de venda virtual para entrega de seus produtos em domicílio.

No setor de telefonia, a operadora TIM abriu uma loja no metaverso. A ação espelha uma loja real e reforça sua estratégia Omnichannel, integrando na venda o real e o virtual.

Já as gigantes da tecnologia Meta (Facebook) e Microsoft estão desenvolvendo o Metaverse, objetivando levar para as redes sociais uma experiência de realidade virtual com interação mais avançada.

Na aviação, a Boeing já divulgou que tem a intenção de construir um dos próximos modelos de aeronaves utilizando o metaverso. Para isso, usará um projeto de engenharia tridimensional, desenvolvido remotamente por engenheiros usando óculos de realidade virtual.

Contudo, mesmo com a promoção desse novo ambiente digital partindo de grandes empresas, é importante destacar que, para uma experiência mais avançada do que pode ser o metaverso, vale conferir plataformas como a Decentraland. Nela é possível jogar, socializar, negociar mercadorias e até comprar propriedades e ativos. As aquisições podem ser feitas com a criptomoeda Mana.

Outra proposta bem parecida é a plataforma The Sandbox, através da qual se pode jogar, construir e negociar ativos virtuais com a criptomoeda Sandbox.

Como o metaverso pode impactar a economia digital e o setor financeiro?

Além de jogos e outras formas de entretenimento virtuais e imersivas, o metaverso chega com mudanças na forma como se executa diversas atividades econômicas.

Afinal, qualquer que seja o espaço onde ocorrem interações sociais se cria, ao mesmo tempo, relações de trocas. E no caso do metaverso, é possível negociar ativos e pagar por produtos e serviços, o que se reflete, por sua vez, no mercado de pagamentos.

Com efeito, isto já está acontecendo com algumas marcas vendendo produtos digitais para avatares – como uma pessoa é representada nesse universo -, assim como terrenos virtuais e mesmo peças de decoração. Ao mesmo tempo, não se pode esquecer as atividades de marketing e propaganda que deverão focar nessa nova realidade.

Nesse contexto, abre-se um leque de oportunidades para a comercialização de criptomoedas e NFTs, que terão papel decisivo nesse mercado. Isso se comprova por meio da existência de várias moedas digitais desenvolvidas especificamente para alguns metaversos. Juntamente com a Mana e a Sandbox, temos a Axie Infinity, Meta Hero, Enjin Coin, entre outras.

Ademais, a ideia é que no futuro um metaverso tenha o potencial de virar um espaço virtual muito mais amplo, como uma cidade combinando o real e o digital. Nessa direção, o consumo de produtos e serviços completamente virtuais ou que possam ser entregues fisicamente se amplificam, resultando em uma revolução para a economia digital como hoje conhecemos. Isso também vale para o setor financeiro que assistirá uma expansão de ativos e moedas digitais sem precedentes.

Novas profissões podem surgir com o metaverso

O metaverso também aponta para novidades no mercado de trabalho. Alguns especialistas já estão listando novas profissões que serão impulsionadas exclusivamente para esse novo espaço virtual, como, por exemplo, cientista de pesquisa no metaverso, estrategista, desenvolvedor de ecossistemas, especialista em segurança, construtor de hardwares de avesso e imersão, dentre outras.

Principais desafios

Como qualquer tecnologia emergente, o metaverso carrega alguns desafios para implementação em maior escala. Entre os principais estão:

  • Preço elevado dos equipamentos necessários para poder acessar e gerar imersão;
  • Acesso à infraestrutura como internet ultrarrápida e de baixa latência;
  • Maior alcance de meios de pagamentos para além dos tradicionais, a exemplo de carteiras digitais e criptomoedas; e
  • Aplicação de uma regulação, pois assim como no mundo real, há grandes chances de fraudes e outros atos criminosos existirem no Metaverso, sendo que, atualmente, ainda não se vislumbra nenhuma lei que trate desse ambiente.

 

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