Ativos sustentáveis redesenham abordagem de investimentos de bancos centrais

Pesquisa revela que a maioria dos gerentes de reservas dos bancos centrais implementou algum tipo de critério ESG incorporando às suas carteiras títulos verdes e títulos sociais, devendo continuar com essa estratégia nos próximos anos.
Ativos sustentáveis redesenham abordagem de investimentos de bancos centrais
Data
Autor
Equipe Propague
Produto
Compartilhar

Os investimentos ambientais, sociais e de governança (ESG na sigla em inglês) estão se tornando cada vez mais importantes para os mercados financeiros, pressionados em tornar a economia mais verde, diante das eminentes ameaças climáticas e ambientais. Prova disso, é que investidores públicos globais e formuladores de políticas vêm reforçando suas apostas em ativos sustentáveis na composição de suas carteiras, segundo uma pesquisa recentemente publicada pelo OMFIF.

De acordo com o relatório Global Public Investor 2022 (Investidor Público Global 2022, na tradução direta), pela primeira vez, a maioria dos gerentes de reservas dos bancos centrais pesquisados implementou algum tipo de critério ESG em sua abordagem de investimento, aplicando recursos financeiros em ativos sustentáveis.

Além disso, ainda conforme a pesquisa, 63% dos entrevistados relataram a intenção de aumentar sua alocação de reservas em títulos verdes e 42% na aplicação de fundos em títulos sociais ao longo dos próximos anos.

Aliás, destaca Nikhil Sanghani, diretor administrativo de pesquisa do OMFIF, os investimentos em ativos sustentáveis também são tema central para outros investidores públicos.

A saber, em artigo publicado pelo OMFIF, ele chama a atenção, por exemplo, para os fundos soberanos na Noruega, por meio do Norges Bank Investment Management; da Arábia Saudita, através do Fundo de Investimento Público; e de Singapura, nesse caso considerando a Temasek. Os três fundos prometeram alcançar zero emissões líquidas de carbono em suas carteiras até 2050.

Além disso, de acordo com a pesquisa do OMFIF sobre pensões públicas globais e fundos, 76% dos entrevistados relataram investir em ativos sustentáveis baseado em critérios ESG, enquanto 84% pretendem investir em indústrias renováveis.

Aumento nas emissões de ativos sustentáveis

Entretanto, expõe Sanghani, aumentar investimentos em ativos sustentáveis é apenas um caminho por meio do qual os órgãos públicos estão desenvolvendo mercados financeiros mais verdes. Na sua avaliação, eles também estão avançando na tentativa de aprimorar os padrões de mercado e elevar a emissão de títulos sustentáveis.

Nesse contexto, ele afirma que o continente africano tem sido uma fonte importante de progresso nessas duas frentes. Conforme disse, em 2022, a África do Sul introduziu uma taxonomia verde. Enquanto isso, Botswana e Eswatini concluíram diretrizes sobre relatórios ESG para empresas listadas. Já a Tanzânia viu a primeira emissão de ativos sustentáveis, mais especificamente títulos sociais, na África subsaariana.

No total, ele relata que 17 dos 26 países abrangidos pelo estudo Absa Africa Financial Markets Index 2022, sexta edição da publicação anual do Banco Absa que acompanha o desenvolvimento do mercado financeiro no continente, têm agora políticas financeiras focadas na sustentabilidade. Ou seja, cinco a mais do que o registrado em 2021.

Ferramentas em prol de uma economia mais verde

Assim, afirma Sanghani, de forma mais ampla e em nível global, os formuladores de políticas estão desenvolvendo novas ferramentas e estruturas para construir uma economia mais sustentável.

Além das iniciativas identificadas na África, ele lembra que a Network for Greening the Financial System (Rede de Esverdeamento do Sistema Financeiro na tradução livre), continua a apoiar os testes de estresse climático. Ademais, essa rede passou de 83 para   121 integrantes entre bancos centrais e reguladores em todo o mundo.

Ao mesmo tempo, diz, os soberanos estão inovando com emissões de ativos sustentáveis, como o título vinculado à sustentabilidade bidirecional do Uruguai. Ademais, emenda, muitas jurisdições implementaram estruturas de divulgação obrigatória, vinculadas à força-tarefa sobre divulgações financeiras relacionadas ao clima.

Contudo, apesar de todos esses esforços para esverdear a economia, ele argumenta que ainda há muito trabalho a ser feito, sendo que alguns dos maiores desafios envolvem a disponibilização de dados e a padronização.

Com efeito, explica Sanghani, considerando o relatório do OMFIF, a maioria dos gestores de reservas dos bancos centrais pesquisados (60%) e fundos públicos (75%) mencionou os dados como a principal barreira para uma maior adoção de critérios ESG na sua abordagem de investimentos.

Ao passo que, afirma, reguladores e formuladores de políticas devem continuar a trabalhar para alinhar as divulgações e padrões de relatórios para o setor financeiro a fim de superar os problemas relacionados à informação. Só assim ele crê que poderá se promover mais transparência, clareza e confiança entre os participantes do mercado para atingir metas de zero emissões líquidas de carbono nas carteiras.

 

Veja mais:

Gerenciamento de riscos ESG: conheça as ações do BC para 2023

O que é mercado de carbono? Entenda por que ele é tão importante

Investimentos verdes: UE debate regras fiscais e teste de estresse climático

Sustentabilidade no Brasil e no mundo: qual a relação com o sistema financeiro?

Ásia investe em títulos verdes e se torna referência para o mercado

Todos os produtos

Quer se
aprofundar mais?

Com uma linguagem simples de entender, as análises do Instituto Propague vão te deixar por dentro dos principais temas do mercado.

Leia agora!