Green bonds: o que são e como esses títulos ajudam na transição verde

O investimento anual para combater as mudanças climáticas e cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris avança, mas ainda está longe do necessário. Dessa forma, instrumentos financeiros que promovem o desenvolvimento sustentável ganham destaque.
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Equipe Propague
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As mudanças climáticas se tornaram uma das questões mais urgentes e debatidas da atualidade. Nesse contexto, governos e organizações em todo o mundo passaram a traçar metas e adotar medidas para mitigar seus efeitos. Contudo, enfrentar a crise climática e promover a transição para uma economia de baixo carbono não é barato. Em 2022, a projeção é de que os investimentos globais devem alcançar US$ 1 trilhão, mas ainda é necessário, segundo a Climate Bonds Initiative (CBI),  chegar a US$ 5 trilhões ao ano até 2025 para poder reduzir a lacuna de capital que dificulta a transição verde. Razão pela qual os green bonds, em tradução, títulos verdes, vêm ganhando destaque no mercado.

Para contexto, esses títulos se encaixam no âmbito das finanças verdes, termo cunhado para designar produtos ou serviços financeiros criados para assegurar um melhor resultado ao desenvolvimento sustentável ou financiar o caminho necessário para uma economia mais verde.

Mas o que os green bonds significam na prática e como eles funcionam e em que medida podem ser comparados aos títulos tradicionais? E ainda: dá para saber o tamanho desse mercado? Confira a seguir!

Explicando os green bonds

Os green bonds funcionam como títulos financeiros regulares, porém com uma diferença fundamental: o dinheiro arrecadado dos investidores é usado exclusivamente para financiar projetos que possuem um impacto ambiental positivo. Nesse rol entram iniciativas de energia renovável, eficiência energética, prevenção e controle da poluição e transporte limpo assim como  conservação da biodiversidade, uso sustentável dos recursos naturais, projetos de economia circular entre outras aplicações.

Ao mesmo tempo, os recursos oriundos desses títulos também podem financiar ações para minimizar o impacto do clima em projetos tradicionais já em operação. Dessa forma, empresas e governos conseguem levantar as altas somas de capital normalmente necessárias para tornar suas atividades mais verdes.

Apesar dos títulos verdes se diferenciarem dos demais títulos em termos de aplicação dos recursos, a sua emissão ocorre da mesma forma que qualquer outro título privado ou governamental. Ou seja, os mutuários os emitem para garantir o financiamento dos projetos e os investidores que os compram o fazem esperando obter retorno financeiro à medida que os títulos amadurecem.

Além disso, muitas vezes, há benefícios fiscais para investir em green bonds, como isenção de impostos e créditos fiscais, o que os torna um investimento mais atraente na comparação com títulos tributáveis. Tais vantagens se configuram como um incentivo dos governos para a popularização desses títulos, atraindo, desse modo, cada vez mais capital para financiar a transição verde.

Como um título pode ser qualificado como verde?

Para se qualificarem como green bonds, é necessário que os títulos sejam verificados por terceiros, ou seja, instituições chamadas de “second opinion” (segunda opinião na tradução direta). Em resumo, essas instituições têm como papel avaliar e atestar a validade dos projetos sustentáveis aos quais os green bonds serão destinados.

Globalmente, um exemplo desse tipo de instituição é o Climate Bond Standard Board (Conselho Padrão de Títulos Climáticos), que certifica que o título financiará, de fato, projetos que incluem benefícios ao meio ambiente.

Em território nacional, as duas instituições responsáveis por fazer essas avaliações são a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

O tamanho do mercado de green bonds

Em 2007, o Banco Europeu de Investimento, braço de financiamento da União Europeia, emitiu o primeiro título verde. Em seguida, foi a vez do Banco Mundial, em 2008.

A partir daí, o mercado cresceu lentamente por quase uma década, mas depois começou a decolar. Isto porque, iniciativas verdes globais como o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), ajudaram a estimular essa expansão. Portanto, a expectativa, agora, é de expandir mais ainda o crescimento.

Em termos de valores, segundo a CBI, no primeiro semestre de 2022, esse mercado somou globalmente aproximadamente US$ 420 bilhões, quase o valor contabilizado em todo o ano de 2021, com a expectativa de totalizar US$ 1 trilhão até o fim de 2022. Vale recordar que em 2020, o montante investido em todo mundo não chegava a pouco mais de US$ 290 bilhões.

Ainda de acordo com a entidade, emissores de 40 países (excluindo supranacionais) precificaram green bonds no primeiro semestre de 2022. E, pelo segundo trimestre consecutivo, a China foi o maior emissor em volume: US$ 48,2 bilhões, ou 22% do total. Em seguida, veio Alemanha, com cerca de US$ 30 bilhões.

Emissão de Títulos Verdes no 1º semestre de 2002: 15 principais países

Green bonds: o que são e como esses títulos ajudam na transição verde

Os dados da Climate Bonds Initiative também detalham os setores onde os títulos verdes são mais populares. Energia, edifícios e transportes continuam sendo as três maiores categorias, contribuindo coletivamente com 81% do volume total.

No Brasil, por sua vez, o mercado de green bonds é mais recente, com os primeiros registros feitos em 2015. Conforme a Climate Bonds Initiative, o volume acumulado é de US$ 11,2 bilhões emitidos pelas instituições brasileiras. Na América Latina, o país só perde para o Chile, que soma US$ 11,9 bilhões.

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