Finanças verdes fomentam descarbonização da economia na América do Sul

Países como o Brasil e o Chile estão apostando no lançamento de títulos sustentáveis e no desenvolvimento da indústria renovável para promover o esverdeamento do setor produtivo.
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Equipe Propague
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Ao lado das temperaturas mais altas, a ocorrência de desastres ambientais torna cada vez mais urgente a necessidade de apressar a transição para uma economia de baixo carbono. A fim de enfrentar esses e outros riscos das mudanças climáticas, uma ampla gama de países vem apostando na evolução das finanças verdes para custear essa mudança.

Na América do Sul, o cenário não é diferente. Em 2023, pelo menos dois países estão se destacando na corrida pelo esverdeamento de suas economias.

De um lado, o Brasil, que vem assumindo o protagonismo no cenário global sustentável. Além do avanço na proposta de criação de um mercado regulado de carbono, o país vêm apostando em instrumentos financeiros verdes e em novas matrizes de energia limpa como o hidrogênio verde para garantir  o processo de transição energética e do esverdeamento do setor produtivo.

Do outro lado, aparece o Chile. Segundo Mario Marcel, ministro das finanças chileno, o país almeja se tornar um centro financeiro verde por meio do aumento dos empréstimos para ações relacionadas com a sustentabilidade e por meio de um grande desenvolvimento da indústria renovável.

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A agenda econômica verde brasileira

No Brasil, o país trabalha, sobretudo, em duas frentes: o fortalecimento do mercado de finanças verdes, com vistas a bancar a proteção ao meio ambiente, e a promoção de uma matriz energética mais limpa, incluindo a produção de hidrogênio verde como uma fonte de geração de energia.

Na primeira frente, além do trabalho do Banco Central (BC) junto aos bancos públicos e privados para o esverdeamento das suas carteiras de crédito, recentemente, o governo federal lançou títulos verdes na Bolsa de Valores de Nova York para atrair investidores, na tentativa de captar US$ 2 bilhões com a venda dos papéis para financiar projetos sustentáveis e adaptar a indústria nacional para fazer frente às mudanças do clima.

Já no caso do hidrogênio verde, como essa tecnologia e seu mercado ainda são muito novos, a maior parte dos projetos enfrenta dificuldades para avançar por conta dos altos custos, bem como pela ausência de uma legislação específica.

Contudo, na primeira quinzena de outubro de 2023, o Ministério de Minas e Energia divulgou que está elaborando um marco legal para o mercado de hidrogênio verde, a ser enviado ao Legislativo na forma de um projeto de lei (PL).

Enquanto isso, o PL número 2308/2023, que inclui essa tecnologia na matriz energética nacional, já tramita na Câmara dos Deputados.

Fontes ligadas ao Congresso afirmam que a Presidência da Câmara vem se articulando com a Frente Parlamentar de Recursos Naturais e Energia para que a votação ocorra em regime de urgência, tanto para o hidrogênio verde como para o estabelecimento de regras para a produção de energia eólica offshore e para a criação do mercado de carbono no Brasil, também em discussão no Congresso.

Uma vez com a questão regulatória resolvida, a expectativa é de que o mercado acelere os investimentos.

As estratégias do Chile para se tornar o ponto central das finanças verdes no continente

No Chile, os destaques são os planos do país de aumentar a produção de lítio, ingrediente chave em tecnologias orientadas para o futuro, bem como impulsionar energias renováveis, focando, assim como o Brasil, na produção de hidrogênio verde.

Em entrevista ao OMFIF, o ministro das finanças chileno detalhou os planos de expansão e disse que também deseja focar nas finanças verdes, aumentando a emissão da dívida especializada e o tamanho e profundidade do mercado de capitais local.

Nesse sentido, a proposta é expandir as obrigações verdes e a dívida ligada a investimentos ambientais, sociais e de governança, incluindo a facilitação de ofertas de obrigações verdes pelo setor privado.

Vale lembrar que o Chile é um dos pioneiros nas finanças verdes ao lançar, ainda em 2022, o primeiro título vinculado à sustentabilidade do mundo. Desde então, apenas o Uruguai e o Brasil adotaram a mesma estratégia.

De acordo com Marcel, o país ainda quer desenvolver uma taxonomia e parâmetros de referência verdes.

Enquanto isso, a posição do Chile em matérias-primas pode desempenhar um papel importante nos seus esforços de descarbonização, destaca o OMFIF.

A procura de lítio – do qual o país é um dos três maiores produtores mundiais – está crescendo rapidamente. Além disso, seus recursos solares e eólicos proporcionam potenciais vantagens competitivas para a produção de hidrogênio verde, com 10 a 12 projetos-piloto com essa tecnologia em desenvolvimento dentro do território.

 

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